domingo, 29 de agosto de 2010

A magia da presença

Estávamos no ano de 2005, a 2 de Abril... É anunciado ao mundo que Sua Santidade, o Papa João Paulo II, morreu no seu quarto da residência oficial do Bispo de Roma. O Papa mais viajado de toda a história.


Depois de reunidos em Conclave, o novo Papa é eleito: Joseph Ratzinger que escolhe o nome de Bento XVI.

Pessoalmente, a escolha não me agradou…

Achava Sua Santidade uma pessoa fria, amarga, sem qualquer delicadeza para ser o líder da Igreja Católica.

Contudo, muitos rumores surgiram, muitas histórias se contaram…

É anunciado que Sua Santidade virá a Portugal, durante os dias 11, 12, 13 e 14 de Maio.

Não posso esconder a satisfação e alegria que em mim surgiu.

Muitas coisas se prepararam, muito ansiei para que essa altura chegasse.

É chegado o dia de Sua Santidade chegar a Portugal. Bem quis assistir à sua chegada, mas infelizmente as aulas não o permitiram. Consegui contudo ouvir o seu comunicado, o seu primeiro comunicado, do qual vou ressaltar alguns excertos: “Só agora me foi possível […] visitar esta amada e antiga Nação, que comemora no corrente ano um século da proclamação da República. Ao pisar o seu solo pela primeira vez[…] sinto-me honrado e agradecido pela presença deferente e acolhedora de todos vós."

As cerimónias no Terreiro do Paço acompanho-as com todo o entusiasmo.

É chegado o dia 12, e tudo se prepara para irmos para Fátima. A meio do caminho, ouvimos o nosso primeiro-ministro a referir-se a Sua Santidade, como Sua Eminência. Infelizmente, é a cultura do nosso primeiro-ministro.

Chegámos a Fátima, fomos dar a volta de reconhecimento, e finalmente fomos para a fila para a Oração de Vésperas com Sua Santidade. Muita gente.

Já dentro da igreja da Santíssima trindade, esperávamos que Sua Santidade chegasse a Fátima enquanto se ensaiavam as Vésperas.

Assistindo á sua chegada a Fátima, vemo-lo dirigir-se à capelinha para rezar á Santa Mãe de Deus. É nesse momento que oferece a Rosa de Ouro: “Mãe querida de todos nós, entrego aqui no vosso Santuário de Fátima, a Rosa de Oiro que trouxe de Roma […].”

A sua entrada na igreja da Santíssima Trindade é triunfal, onde eu consegui estar a menos de metro e meio de Sua Santidade. Foi, como diria um amigo meu, uma “coisa fantástica”.

Na sua mensagem aos seminaristas, o papa diz: “A vós, queridos seminaristas, que já destes o primeiro passo para o sacerdócio e estais a preparar-vos no Seminário Maior ou nas Casas de Formação Religiosa, o Papa encoraja-vos a serdes conscientes da grande responsabilidade que ides assumir: examinai bem as intenções e as motivações; dedicai-vos com ânimo forte e espírito generoso à vossa formação. A Eucaristia, centro da vida do cristão e escola de humildade e serviço, deve ser o objecto principal do vosso amor. A adoração, a piedade e o cuidado do Santíssimo Sacramento, durante estes anos de preparação, farão com que um dia celebreis o Sacrifício do Altar com unção edificante e verdadeira.”.

Esta mensagem alegra-nos. Alegra-me particularmente a mim, que tinha uma imagem diferente do Papa.

O dia prossegue, com a participação em todas as celebrações.

Às 2 da manha, a Via-Sacra é organizada pelo Instituo Superior de Teologia de Viseu, do qual faço parte!

Pelas 4.30 assisto ao terço na Capelinha, e as 5 vou à missa à igreja da Santíssima Trindade.


Foram assim vividos aqueles dias perto de Sua Santidade, que me ajudaram muito, principalmente a acreditar na acção do Espírito Santo na Igreja.


O propósito deste post, foi de partilhar a alegria com que vivi a Visita de Sua Santidade a Portugal, e o quão foi importante para mim e para tantos cristãos a mudarem a opinião que tinham sobre ele.

Se assim poder terminar, agradeço a Sua Santidade por me ter ajudado, por me fazer crescer espiritualmente, por ser a pessoa que é!

Ismael Sousa

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu ainda sou do tempo...






Hoje sentei-me e recordei.


Há dias que não são dias. E hoje é um desses dias... 

Estava eu sentado a olhar para a floresta que se encontra atrás de minha casa, quando de um momento para o outro vejo um grupo de crianças, eram umas 3 ou 4, a saírem do meio do mato.
Vinham apetrechadas com paus e muita imaginação, muita energia. 
Um desses jovens era eu...
Lembro-me perfeitamente daquela altura em que navegávamos no mar da imaginação, lutávamos contra feiticeiros do mal, apenas com paus a servirem de bastões mágicos, ou até entravamos numa "Grande Guerra" contra as árvores... Éramos livres de brincar, de sonhar, de escalar uma árvore só para vermos o infinito...
A nossa casa era feita por nós...
Acordávamos de manhã a pensar em como seria o dia. Vestíamos umas calças, uma camisola qualquer, e íamos descobrir o mundo da imaginação...
Não havia impossíveis...
De meia dúzia de Mimosas fazíamos o nosso castelo. De troncos de velhas árvores fazíamos os nossos tronos. O nosso reino era tudo quanto pudéssemos ver diante dos nossos olhos. Não nos preocupávamos se nos aleijávamos. O mundo era nosso, e nós tínhamos um montão de aventuras por fazer.
Do nascer ao por do sol, nós éramos felizes. Queríamos respirar o ar puro, sair de dentro das quatro paredes das nossas casas: queríamos liberdade.
Os nossos pais, sempre muito cuidadosos, deixavam-nos ir. Sabiam que aquilo era necessário para o nosso crescimento. Aquilo era importante para podermos admirar as coisas belas que a vida tem.
Lembro-me das horas que passávamos a  olhar ninhos, a procurar aventuras, e, até, da nossa curiosidade sobre uma mina de água.
Eram tempos em que saíamos de casa e deixávamos a porta aberta, ou a chave debaixo da porta. Em que passávamos os dias em casa, nas nossas aventuras sem estarmos debaixo dos olhares dos nossos pais.
Consigo, agora ver, que aqueles tempos me ajudaram em muita coisa.
Foram aqueles tempos que me levaram a apreciar uma obra de arte, uma paisagem magnifica, uma boa peça de musica.
Podes perguntar como é que isso influenciou, como é que por ter vivido desta forma consegui apreciar as coisas belas da vida.Bem, é simples: nós preservávamos a natureza, víamos a natureza nascer, víamos como ela se tornava bela quando o sol a iluminava, como uma flor desabrochava durante o dia para acolher o irmão sol, e, durante a noite, se fechava para poder proteger a sua beleza.

Pois é. Para mim esses tempos foram óptimos. Eu era feliz.
Agora, tudo mudou.
As crianças já não saem de casa. Os jogos de video, a Internet, a televisão, entre outras tantas coisas já não permitem a construção de cabanas , nem a sua imaginação. Os pais tornaram-se super protectores, impedindo que as crianças corram e se aleijem, que fiquem com um arranhão. entopem-os com inúmeras actividades, sem os deixarem viver à sua maneira, sem os deixarem respirar.

Isto entristece-me profundamente.

Fico a pensar em que sociedade viveremos quando a geração das casas das árvores acabarem, quando os guardadores de lendas, contos e cantigas antigas morrerem...
E quando mais ninguém quiser preservar este património que é nosso e formalizar todo o mundo?
Onde estarão os ranchos e os jogos de antigamente?
Não será importante pensarmos em mudar isto?
A minha esperança residirá na esperança de que os pais de amanha, serão os pais de ontem, que deixam os seus filhos viver livremente sem andarem sempre debaixo do seu olhar atento.

Vivam as cabanas de árvores, vivam os arranhões no corpo! Viva a liberdade das crianças.



Ismael Sousa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Provas de uma amizade!

"Um amigo é um bem, um tesouro que se tem!"
 Este texto é dirigido a todos os meus amigos, mas, desculpem-me a particularidade, a uma amizade em especial, que, apesar de ouvir dizer mal dessa pessoa, a pessoa em questão demonstrou-se diferente!"
 Durante uma reportagem que eu via, alguém dizia: "O fado não se explica. É como o amor" (Celeste Rodrigues). Estas palavras fizeram-me reflectir sobre algumas palavras que o mundo esqueceu.

Leio o jornal todas as manhãs, ou melhor, quase todas e só se fala de pais que matam os filhos, esposas a matarem os maridos, futebol, políticos corruptos, etc. Nem uma única palavra sobre a amizade.

Isto leva-me a questionar um pouco sobre onde se encontra o "eros" entre estes homens e mulheres, onde se encontra a "agape" neste mundo?

É no meio de tanta confusão neste mundo que eu vejo uma luz, vejo um caminho a apontar para uma saída. Nessa pequena estrada, desculpem-me a imagem que vou fazer, encontro muitos candeeiros  que me alumiam o caminho e me ajudam a seguir pela escuridão.

Bem, na verdade a razão deste post é sem dúvida a amizade, pois para ser um Lápiz Azul sobre a sociedade, outros post's virão!

O título deste post refere-se a um testemunho de uma amizade. Essa amizade cresceu a partir de um espectáculo do José Cid. Antes conhecia essa pessoa apenas de vista e pelo que me falavam dela, que por sinal era sempre mal.

Quem me conhece sabe bem que eu não sou pessoa para andar a avaliar os outros pelo que me dizem, avaliando só e unicamente pelo que eu conheço. Contudo, desta vez cometi o maior erro da minha vida: avaliei uma pessoa pelo que me disseram, e quando a conheci realmente descobri que era totalmente ao contrario.

Essa pessoa demonstrou uma amizade que só alguns conseguiram; conseguiu por no meu coração a alegria que muitos não conseguiram. E ainda mais importante, conseguiu estar ao meu lado quando eu precisei. Não era a única isso não, mas esteve quando outras pessoas deviam ter estado e não estiveram!

Contudo, este post não é para contar um pedaço da minha vida, mas sim para reflectir um pouco sobre o valor "inexplicável" que é a amizade!

A primeira encíclica de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, Deus caritas est,  fala-nos sobre os vários tipos de amor, referindo o amor "agape" como aquele amor de amizade.

Também eu já escrevi sobre a amizade, numa outra altura, num texto que gostaria de partilhar:
"Estou sentado, na minha secretária, com os olhos no computador. Reflicto um pouco, e reparo que às vezes esquecemo-nos de dizer o quanto gostamos uns dos outros. E porque será? Às vezes pode-se culpar a sociedade. Mas quem seria eu para a culpar? Se não dizemos o que sentimos, a culpa é só nossa, não de mais ninguém.
E às vezes perdemos os amigos, pois não demonstramos que ele nos é importante.
Mas afinal que sentimento é esse?
Para mim o sentimento maior de todos é: a amizade.
Na minha vida já muitos amigos tive, mas como os de agora nunca. Apesar da nossa distância eles estão sempre a meu lado. Ajudam-me em muitas das minhas decisões.
Contudo posso nunca lhes ter dito o quanto gosto deles.
O quanto me ajudam e são importantes.
Por isso, este post serve para os homenagear, para que quando eles o lerem saberem que são importantes na minha vida."
Desta forma, dedico este post a todos os meus amigos, mas especialmente para ti, que tanto referenciei no texto!

Ismael Sousa 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Vendedor de Sonhos - O Chamamento


Após a Visita de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, por terras Lusitanas, cumpri eu duas décadas de existência.
Na comemoração, recebi um livro sobre o qual eu gostaria de partilhar, cujo o título é o nome deste post: "O Vendedor de Sonhos - O Chamamento"
Augusto Cury, médico, psiquiatra, psicoterapeuta e autor de livros de auto-ajuda, transpôs, neste primeiro livro da saga, a loucura de muitos desta nossa sociedade em que os loucos reinam, e os bons declarados como loucos.
No inicio do livro deparamos-nos com um homem, no topo de um prédio, pensando unicamente na maneira mais fácil de resolver a sua vida: o suicídio. No fundo do prédio, as pessoas que ali passam juntam-se ao outro aglomerado de pessoas que nem tolas, assistem a um espectáculo gratuito: a morte de um louco!
É então que do meio da multidão, vestido como um mendigo, uma pessoa nada contra a maré. Decide que não é capaz de ver aquele espectáculo, de ver mais uma vida perder-se sem ninguém tentar vender-lhe uma vírgula, uma vírgula sem custo!
Depois de abordar o narrador, o homem que se encontrava no topo do prédio, consegue vender-lhe a tal vírgula sem custo algum. 
Depois de lhe propor que este (o narrador) o siga, segue o seu caminho com o seu primeiro "discípulo".
Após o primeiro, vem o segundo, seguido do terceiro, formando assim o grupo que andava com o "mestre". Uns alcoólicos, outros falsos "messias", e até uma top model. 
É este grupo que, juntamente com o "mestre" vai abalar a cidade onde vivem...Todos se inquietam por saber quem são, onde vivem, o que fazem, etc.
Vender "sonhos", "vírgulas" onde colocariam um ponto final, vender uma "esperança", um "sentido para a vida" é o objectivo deste grupo.
É então, que um grupo de uma grande empresa descobre quem é o "mestre", qual é o seu nome, quem foi antes de "vender sonhos". 
De uma forma sorrateira, preparam tudo para, perante todo o mundo, desvendarem o segredo: o grande segredo. É então que todos ficam embaraçados em saber a sua verdadeira identidade... Uma identidade capaz de mudar o mundo.

Pois é! A sociedade não se contenta com este homem que não aparentava doença nenhuma, que parecia ser um homem saudável no meio de tantos loucos, que teve de lhe atribuir uma doença. É da doença do materialismo, do estatuto social, dos actos que fazemos ou dos livros que escrevemos, dos amigos que temos e das pessoas importantes que conhecemos, de que sofre a nossa sociedade. 
Vivemos num manicómio, onde quem é tolo é o rei, onde quem grita por socorro é abafado.

Numa visão um pouco religiosa, podemos comparar o "mestre" a Jesus Cristo.
Esta é a minha visão: como Jesus, também o "mestre" é declarado louco, também o "mestre" é destruído pela sociedade do seu tempo.
Isto leva-me a pensar em algo muito sério. Não andará esta sociedade a tentar destruir todos os que tentam remar contra a maré de ideias, contra a maré de atitudes e formas de estar?

É necessário tomar-se uma atitude, uma atitude diferente de todas as outras e mostrar que não somos nenhuns robôs prestes a fazerem o que os loucos querem. Somos Pessoas que pensam e que devem ver, eticamente, o que é ou não correcto! É hora de, pelo menos nós cristãos, dizermos que não: não quero mais ser vítima da sociedade! Quero ser como Cristo, marcar a diferença pela positiva, e amar o meu vizinho.

Ismael Sousa

sábado, 21 de agosto de 2010

Génesis

     Para começar este blogue, quero prestar homenagem ao meu grande amigo e padrinho: o Paulo.
     Por isso deixo-vos aqui a mensagem que circulou toda a Diocese.


Com 25 anos de idade, faleceu inesperadamente o Paulo Alexandre Castanheira Alves Pais, de Canas de Senhorim, que era aluno do 2º ano de Teologia, no Seminário Maior de Viseu.
O Paulo tinha iniciado o seu discernimento vocacional, ainda adolescente, quando D. Ilídio Leandro era Pároco em Canas de Senhorim. Só ingressou no Seminário, após um percurso de amadurecimento vocacional, ao longo de vários anos, que contaram com a sua preparação académica na Universidade de Coimbra.
Nestas férias, deslocou-se até Lisboa, para uma visita de alguns dias a um sacerdote de quem era amigo. Foi aí que aconteceu o seu passamento, enquanto dormia.
Pela manhã do passado sábado, estranhando o atraso, foram saber dele e encontraram-no morto, no seu quarto. O cadáver foi submetido a autópsia, para averiguação da causa da morte. O seu funeral será realizado hoje, às 18 horas, em Canas de Senhorim.
O Paulo era um jovem dinâmico e saudável, apreciador de actividades de animação, tendo mesmo sido escuteiro no Agrupamento de Canas de Senhorim. Nada fazia prever este infeliz desfecho, que deixa muita tristeza entre todos os que com ele privavam.


Ismael Sousa