segunda-feira, 30 de maio de 2011

Indesejados nas Escolas

Bem, estamos a chegar à recta final de mais um ano. E com isso começa a surgir a falta de tempo para tudo o que temos que fazer.
Vasculhando um pouco nas caixas das minhas velharias lá em casa, encontrei (finalmente) um “cartaz” que há muito queria partilhar convosco.
Eis o cartaz:


«Camões já foi praticamente corrido do secundário. Mas há outras figuras que continuam a infernizar a nossa pobre vida de estudantes...»


Realmente estes homens infernizam a cabeça de muitos estudantes…

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 24 de maio de 2011

Dilúvio

Pois é, o tempo hoje estava tão bom que decidi ir mais um colega caminhar até ao Fontelo. Qual não foi o nosso espanto quando lá chegámos e começou a chover. Continuámos a caminhar normalmente, mas de um momento para o outro a chuva era já tanta que tivemos de nos abrigar.
Parámos para comer algo e de repente dá em chover de uma maneira, que a minha avó diria: “Chove que Deus a dá!”.
A trovoada também não tardou a vir e a instalar-se por cima das nossas cabeças. O Parque do Fontelo parecia uma festa de Verão, com os foguetes a rebentarem no ar.
Quando se deu uma aberta, conseguimos fugir até casa, mas pelo caminho deparamo-nos com um autêntico dilúvio. Ruas inundadas, estabelecimentos com água à porta, pessoas a passarem a pé os “novos rios” da cidade de Viseu. Bem, na verdade, também eu tive que passar um.
Bem, mas palavras para quê? Vejam com os vossos próprios olhos:








Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Weekend

É sempre bom quando aproveitamos um fim-de-semana em família.
Hoje partilho, convosco, algumas fotos deste fim-de-semana cheio de actividades. 

Na verdade este começou com a peça de teatro “Muitieramá”, realizada por alunos da Escola Profissional Mariana Seixas de Viseu. A peça retratava sobre o dilema das vantagens e desvantagens de escolher uma profissão.


Sábado, pela madrugada, parti em direcção ao Porto, buscar o meu irmão. Infelizmente o tempo não era o mais favorável, impedindo uma visita a esta cidade.



Foi também dia da beatificação da Madre Maria Clara, da ordem das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. A beatificação ocorreu no Estádio do Restelo, presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.


Ainda neste dia, pela noite, parti para casa dos meus avós, onde se passou o Domingo em família.
O tempo já era tão favorável que permitiu algumas fotos. 










Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 17 de maio de 2011

Frei Rafael Arnaíz Barón

A sua origem remonta a Burgos (Espanha), local onde nasceu, no dia nove de Abril de 1911, Domingo de Ramos. A sua família pertencia à alta sociedade e com um grande carisma religioso. Nessa mesma cidade foi baptizado e crismado. Os seus estudos começaram num colégio de padres Jesuítas e em 1919 recebeu pela primeira vez a Sagrada Comunhão.
Nesses anos, recebeu pela primeira vez a visita daquela que o iria acompanhar durantes toda a sua vida: uma enfermidade de febres colibaciloses que o obrigam a interromper os estudos. Aquando da sua recuperação, o seu pai, em agradecimento ao que considerou uma intervenção da santíssima Virgem, nos finais do Verão de 1921, levou-o a Zaragoza, onde o consagrou à Virgem do Pilar.
Posteriormente, a sua família mudou-se para Oviedo, e ali continuou os seus estudos de bacharelato, no colégio dos padres Jesuítas e, posteriormente, matricula-se na Escola Superior de Arquitectura de Madrid, onde conseguiu unir os estudos a uma ardente e assídua vida de piedade. Introduziu no seu horário de estudo uma larga visita diária ao “Amo” no oratório de Caballero de Gracia, e era participante activo no seu tempo de adoração nocturna.
De inteligência brilhante e ecléctica, Rafael demonstrou dotes para a tranquilidade e bom trato. Desportista e de carácter alegre e jovial, Rafael possuía um grande jeito para o desenho e a pintura. Gostava de música e de teatro. À medida que crescia em idade e desenvolvia a sua personalidade, crescia também a sua experiência espiritual e de vida cristã.
No seu coração sempre disposto a escutar a Deus quis suscitar o convite a uma consagração especial na vida contemplativa. Havia conhecido a trapa de São Isidro de Dueñas e sentiu-se fortemente atraído porque a percebeu como um lugar que correspondia aos seus desejos íntimos. Assim, em Dezembro de 1933 interrompeu as aulas da universidade, e a dezasseis de Janeiro de 1934 entrou no mosteiro de São Isidro.
Depois dos primeiros meses de noviciado e a primeira Quaresma vividos com entusiasmo no meio das austeridades da trapa, de improviso Deus quis prova-lo misteriosamente com uma penosa enfermidade: uma aguda crise de diabetes, que o obrigou a abandonar rapidamente o mosteiro e assim regressar à casa dos seus pais para adequadamente ser tratado.
Regressou à trapa apenas restabelecido, pois a enfermidade o obrigou a abandonar várias vezes o mosteiro, onde regressou outras tantas vezes para responder generosamente e fielmente à chamada de Deus.
Santificou-se na gloriosa e heróica fidelidade à sua vocação, na aceitação amorosa dos planos de Deus e do mistério da Cruz, na busca apaixonada do rosto de Deus. Fascinava-lhe a contemplação do Absoluto e tinha uma terna fidelidade à Virgem Maria – a “Senhora”, como gostava de lhe chamar.
Faleceu na madrugada de vinte e seis de Abril de 1938, com os seus vinte e sete anos recentemente completados. Foi sepultado no cemitério do mosteiro e depois transladado para a igreja da abadia.
Muito rapidamente a sua fama de santidade se estendeu para fora dos muros do convento. Os seus numerosos escritos ascéticos e místicos continuaram a difundir-se com grande aceitação e para o bem de quantos entram em contacto com eles. Foi classificado como um dos grandes místicos do século XX.
A dezanove de Agosto de 1989 o Papa João Paulo II, pela ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude em Santiago de Compostela, propô-lo como modelo para os jovens do mundo de hoje e a vinte e sete de Setembro de 1992 proclamou-o beato.
Com a sua canonização, o Papa Bento XVI apresentou-o como amigo, exemplo e intercessor a todos os fiéis, sobretudo aos jovens.
 Foi nomeado um dos Padroeiros das Jornadas Mundiais da Juventude deste ano, em Madrid.
Partilho convosco um dos seus textos, escrito na Festa da Imaculada Conceição:

“Hoje (Festa da Imaculada) não se pode estar triste. Que alvoroço haverá no Céu!…Quem dera estivesse lá!…Todas as gerações de anjos cantando a Maria. Maria olha ao Filho, o Pai olhando a Maria, gloriando-se Nela, amando-se a Si mesmo no amor à Virgem. Todo o Céu em festa e no meio dele a Senhora que, mesmo estando na Glória, não se esquece destes pequenos vermes que ainda andamos na terra.Tudo será alegria no Céu hoje, tudo o que pedirmos a Maria, Ela escutará com muito carinho.Como é possível que, olhando um pouco ao Céu, nos lembremos de que ainda estamos na terra? Bendito seja Deus, que ainda não nos chamou a participar no Céu do amor à Virgem! Mas, Senhor, não tardes. Como é possível, Senhor, não desejar estar já de uma vez com o corpo e a alma, com tudo, no Céu, onde te veremos, não pecaremos, louvaremos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, adoraremos a Santíssima Virgem, não nos separaremos Dela nunca?Que agradável é amar a Maria! Nada custa com Ela, tudo sai bem, tudo é fácil, até ser santo! Eu creio que se nós nos Lhe propormos, e se o dizemos a Ela, Ela nos fará santos. Amanhã na comunhão vou a dizer a Jesus que queremos ser muito bons e que contamos para isso com a Virgem Imaculada. Agora vou a pedir ao Senhor que amanhã pela manhã nos ajude a todos para assim podermos fazer algo pela glória de Maria.Tudo por Maria!”




Para mais sobre ele, aqui.


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O arroz nosso de cada dia...

Peguei no Jornal da Beira por acaso e vi esta notícia, que irei transcrever na íntegra:



«O arroz nosso de cada dia tem mais de oito mil anos


O rei D. Dinis, o “Agricultor”, introduziu em Portugal a cultura do arroz durante o seu reinado, entre os séculos XIII e XIV. Actualmente, pode dizer-se que o português não dispensa este cereal à refeição. Mas qual é a origem do alimento que conforta mais de metade da população do planeta? Um novo estudo publicado na revista “PNAS” defende que o arroz foi cultivado pela primeira vez na China, há mais de nove mil anos. Segundo os cientistas, o arroz caseiro seria o que comemos actualmente. Este rei era mesmo um espectáculo. Construiu em larga escala uma consciência que ultrapassa Portugal e a nação. Definiu fronteiras, instituiu a língua portuguesa, introduziu justiça no mais alto juízo, criou inúmeros concelhos e feiras, melhorou a administração das propriedades, criou culturas e trouxe muitas coisas novas ao país que muito lhe devemos. Amou as artes e letras, era uma figura incontornável, não há palavras para descrever o grande homem que ele era. Agora sobre Sócrates… criou o aborto, o casamento homossexual, facilitou o divórcio, permitiu a mudança de sexo, criou novas taxas e impostos, mentiu e traiu o país…»

Um pequeno texto que deixa muito a desejar… Agora cada um faça as suas ilações. 




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 15 de maio de 2011

Treze de Maio

Foi há noventa e quatro anos que tudo começou.
Uma Virgem, vestida de luz, apareceu a três pequenos pastores num local chamado Cova da Iria.
Bem, o resto da história já vós sabeis, e não preciso de vos a contar.
Na verdade este acontecimento marcou o mundo. Hoje centenas de pessoas se reuniram no Santuário de Fátima para celebrarem a missa em honra de Nossa Senhora de Fátima.
Na verdade, este acontecimento tem marcado muita gente, inclusive Papas. Este Santuário recebeu, desde a sua origem, a visita de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Muitas mais palavras poderia eu escrever, mas pouca coisa seria dita.
Assim, findo esta pequena mensagem, com a grande oração de Maria:

Ave Maria,
Gratia plena,
Dominus tecum;
Benedicta tu
In mulieribus,
Et benedictus
Fructus ventris tui,Iesus.
Sancta Maria,
Mater Dei,
Ora pro nobis pecatoribus,
Nunc et in hora mortis nostrae.
 Amen




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Laço de oração e de solidariedade

Bem, se o meu calendário não me falha, hoje é dia 12 de Maio.
E hoje, neste dia, tenho o meu pensamento ligado aos peregrinos de Fátima. Hoje é o dia da grande chegada. Imagino qual será a sensação de ver lá longe a torre da basílica do Santuário.
Gostaria de poder falar mais sobre esta experiência que deve ser fantástica, mas como nunca o fiz não o posso fazer.
Assim, o meu coração está com os peregrinos, a minha oração é por eles. E hoje, no terço e na grande procissão das velas, os peregrinos sentem-se mais perto de Deus.
Mas faz hoje um ano que, a esta hora, estávamos de partida para Fátima.
Sua Santidade estava ainda em Lisboa. Foi a caminho de Fátima que ouvimos o comentário de um jornalista, referente ao Sócrates, que este referiu-se sempre a Sua Santidade como Sua Eminência.
Foi neste dia que todas as minhas opiniões sobre o Santo Padre mudaram.
Contudo, como já vos contei os pormenores, não o vou fazer hoje, mas irei recordar todos os sentimentos vividos nesse dia.
Quero também deixar os meus votos de felicidade a um amigo que completa hoje anos. Cláudio, muitos parabéns.
E a vós, não se esqueçam de rezar por todos os peregrinos neste dia tão importante, véspera da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

A minha terra...

Localizado em pleno vale do Lafões, São Pedro do Sul é uma cidade beirã. Emoldurada pelos maciços das serras da Arada, Gralheira e São Macário, estas serranias são repletas de paisagens verdejantes e de riachos de água fria e cristalina. As suas aldeias estão escondidas nos vales e montanhas que desfrutam do magnífico pôr-do-sol e de um pedaço do mundo que serve de refúgio e inspiração.
Do alto do São Macário, o raiar do Sol torna-se o mais belo, misturando os seus tons de vermelho e laranja com os verdes das encostas destas serranias. A 1054 metros de altura, avistam-se as serras de Montemuro, Serra da Estrela e a serra do Caramulo. De lá podemos também disfrutar de todo o jardim que é Lafões. Se as condições assim o permitirem, podemos ver até a Torre dos Clérigos, no Porto.
É ao sabor da tranquilidade e da paz que a vida decorre nestas serras. Ali reina a harmonia com a natureza, extraindo-se o xisto para a construção das casas típicas da Pena, do Fujaco, de Covas do Monte ou Covas do Rio.
Estas aldeias encontram-se abençoadas pelas centenárias capelas em honra de São Macário (capela de cima e ermita de baixo). É ainda aqui, neste maciço montanhoso do “Monte Magaio” que se vivem verdadeiramente as tradições, rituais, lendas, mitos, crenças de cabras que matam lobos, de serpentes que comem homens e de santos que transportam brasas acesas nas mãos, cujas memórias não se apagaram nestes novos tempos.
Com a subida à serra da Arada, desfrutamos da simplicidade de desfiladeiros e fragas com pequenas aldeias e águas límpidas que sobressaem no verde vale em contraste com o tom das rochas comuns da elevação da Arada.
A aldeia da Coelheira mostra-nos o belíssimo tapete de carqueja, aparado pelas ovelhas, cabras e cabritos que formam os rebanhos daquela gente. É, também, aqui que num planalto da serra encontramos um lago onde as trutas saltam e fazem parte de um horizonte pastoral e sereno.
Seguindo a estrada, encontramos Candal que nos permite descansar nas suas casas de Turismo Rural.
É na serra da Gralheira que nos deparamos com o antiquíssimo “Real Mosteiro de São Cristóvão de Lafões”, cujas origens remontam a um período anterior à fundação da nação. É um local onde a combinação entre religião e natureza se dá na perfeição, junto aos riachos que levam a água até ao mosteiro.
Mais a cima temos Manhouce, uma das terras mais típicas de Portugal, onde a etnografia, a arte e a gastronomia ainda reinam. A seu lado fica o Porto de onde muitos vêem passar fins-de-semana àquela que é a “Sintra da Beira”.
A franqueza das gentes desta terra faz-se notar pelo bom presunto e broa caseira,  pela caseira chouriça e a tradicional aguardente ou o fino copo de vinho verde de Lafões.
«São Pedro do Sul, o canteiro mais florido de Lafões, contém em si as paisagens infinitas que os nossos olhos podem ver; povoadas de mil cores e cheiros que as muitas árvores e flores exaltam o suave perfume agreste; de cima das verdes ramagens vê harmoniosas melodias com que os rouxinóis nos saúdam e a fome e a sede podem ser mortas com sabores da serra». 




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 10 de maio de 2011

Gente da minha terra...

Foi na esquecida terra de São Pedro do Sul, outrora terra de grandes visitas, que nasceu o poeta português António Corrêa d’Oliveira, no ano da graça de 1878.
Estudou no Seminário de Viseu, indo, posteriormente, para Lisboa, onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado.
Casou com uma rica proprietária minhota e fixa-se na freguesia de Antas, do concelho de Esposende, na quinta Casa de Belinho que ainda hoje existe.
Grande poeta neogarrettista, foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Esteve também ligado aos movimentos culturais Integralismo Lusitano e da revista Águia, Atlântida, Ave Azul e Seara Nova.
Monárquico convicto, transforma-se num dos poetas oficiosos do regime salazarista (Estado Novo), com vários textos escolhidos para os livros únicos de Língua Portuguesa do sistema de ensino primário e secundário.
Corrêa d’Oliveira foi o primeiro Português a ser nomeado para o Prémio Nobel, em 1933, e foi o único Português com maior número de nomeações (15). Mas como a sua literatura era patriótica e impregnada de doutrina cristã, nunca ninguém o refere.
A própria vencedora do Prémio Nobel, Gabriela Mistral, declarou que não merecia o prémio estando presente o autor do “Verbo Ser e Verbo Amar”.
Morre em 1960 na sua quinta.
Deixo-vos um dos seus poemas, para que disfrutem da escrita deste homem da Beira e de Lafões.

Língua portuguesa

Madre Língua portuguesa, 
sombra dos coros divinos;
- Milagre da Natureza:
De rouca e surda rudeza
Erguida em sons cristalinos!

Língua santa, onde há, escrita, 
esta palavra “Jesus”;
ou a ternura bendita
que nos diz: “Mãe” e palpita
na essência da própria luz.

Alta espada de dois gumes,
castelo das cem mil portas:
Língua viva, que resumes,
- rescaldo de tantos lumes! –
o génio das línguas mortas ...

Foste a leal companheira
dos meus avós: Quantas vezes,
- Tuba de oiro, à dianteira,-
junto a Deus, à sua beira,
chamavas os Portugueses!

Foste, a abrir-nos o caminho –
mais do que em mão de Gigante,
brônzea espada chamejante ...
- Ó Rola dentro do ninho!
ó Leão dilacerante!

Ouvi! - A Língua é Bandeira
da Pátria que reza e canta:
Bendito quem, - entre tanta
De altiva cor estrangeira, -
à luz do Sol a levanta!

António Correia de Oliveira (do livro “A fala que Deus nos deu”)





Se quiserem ler algo mais, passem em http://toneldiogenes.blogspot.com/2010/07/antonio-correa-d-oliveira.html

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Loucura dos sonhos

«Vãs e enganosas são as esperanças dos insensatos, e os sonhos dão asas aos néscios. Como o que procura agarrar uma sombra ou perseguir o vento, assim é o que se prende aos sonhos. O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem de um homem diante de si próprio.» (Eclesiástico, 34, 1-3)


Peguei na Bíblia, abria-a ao favor do vento. Quando as folhas pararam, saltou-me à vista a passagem do livro do Eclesiástico, capítulo 34, com o título “A Loucura dos Sonhos”.
Passei os olhos pelos três primeiros versículos e senti que tinha de falar sobre eles.
Quando o autor falou dos sonhos, deveria querer aludir para que os homens não se ligassem à interpretação dos sonhos.
Contudo, não posso deixar de concordar com o autor. Por vezes os sonhos são enganosos. Levam-nos a acreditar em algo, que surgiu unicamente da nossa mente, e depois, quando esse algo não acontece, a desilusão é muito grande. Depois da desilusão, vem a dor, a ferida no coração. E depois da ferida vem a dúvida sobre tudo, a desconfiança, que leva o homem insensato a fechar-se sobre si e a afastar-se do mundo.
Mas os sonhos, de que nos fala o autor, são os sonhos da noite. São uma representação do inconsciente.
E esses sonhos são, sem dúvida perigosos. Apegarmo-nos a esses sonhos, tentar interpreta-los é mau. O homem perde-se nessa busca do impossível.
Mas quando o homem sonha, mas sonha verdadeiramente, com coisas possíveis, concretas, e de olhos abertos, o homem já não é insensato, mas lutador. Luta por concretizar não aquilo que a mente lhe demonstra, mas o que idealiza.
O homem sonhador de olhos abertos é capaz de viver serenamente, sem querer interpretar o seu “sonho”. Não procura prever o futuro. Vive a cada dia como um caminho para o sonho. E esse sonho, que tem a seu lado Deus, é o sonho mais belo e o melhor caminho a percorrer.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 8 de maio de 2011

The boat

Sentei-me nas escadas de acesso à praia.
A brisa suave da manhã percorreu o meu rosto. O meu olhar fitava o horizonte. Lá em baixo, na praia, uns homens amarravam os seus barcos no pontão da praia.
Conversavam entre si. Possivelmente sobre a noite de pesca, ou sobre outro assunto qualquer.
O mar está meio agitado. As ondas rebentam com grande intensidade contra as rochas e a costa.
Os homens permanecem ali, no cais, a falar. Tudo parece acalmar. O sol brilha no alto céu.
Nesta paz, algo de inesperado começa a acontecer.
Um pequeno barco desprende-se do cais e começa a afastar-se. Os homens não dão por nada. E o barco continua a afastar-se para o alto mar.
Quando os homens dão conta do afastamento do barco, já nada podem fazer senão lamentar-se.
Contudo uma réstia de esperança parece surgir para aquele pequeno barco. Um outro barco navega em direcção à costa. Mas também esse não foi capaz de o resgatar. E o barco continua a afastar-se por causa das turbulências da água.
Tudo está perdido para aquele pequeno barco.
Os homens desistem do barco, viram-lhe as costas e saem da praia.
Quando passam por mim, consigo ouvi-los a falar sobre aquele barco: “Era novo, mas cheio de problemas... Não nos causará mais dores de cabeça.”
Os homens foram-se embora, mas o barco continuou à deriva no alto mar.
Com aquele pequeno barco ninguém se importou. Todos lhe viraram as costas. Mas eu resisti, tentando adivinhar o seu futuro, e vendo-o a caminhar em direcção ao horizonte.
Voltei para casa, desanimado. Aquele pequeno episódio que vira hoje fizera-me pensar em como os homens também são assim uns com os outros. Quando algo traz problemas e se começa afastar, os homens não mais querem saber… não digo todos, mas grande maioria.
As pessoas são más. Tendo a sua barriga cheia, não mais querem saber dos outros.
Ah!, como a maldade que reside nas pessoas é eloquente.  São capazes de desistir dos outros em meros minutos.
Adormeci com estes pensamentos na minha cabeça.
Alguns meses depois voltei de novo à praia. Esta estava deserta. Os barcos estavam presos ao cais. Mas algo agora era diferente nesta praia. Um pequeno barco mostrava o seu esqueleto, e jazia morto na praia. Aproximei-me dele e vi que era o barco que se tinha perdido havia meses. Mas agora estava partido, destruído.
Voltei para as escadas, peguei no carvão e em papel e desenhei aquela vista. Ia já a meio quando uns homens passaram por mim. Dirigiram-se para o barco que jazia na praia. Olhavam-no com tristeza, com saudade.
A meu lado sentou-se um velho que acompanhara os outros homens, mas mais afastado. Comentou comigo que aquele, apesar de alguns problemas, era um bom barco.
Mas agora tudo estava perdido. Quando puderam fazer algo por ele, deixaram-no ir de encontro ao horizonte. E agora, lamentavam-se da perda…
A brisa suave da manhã bateu-me na cara.
E eu levantei-me e segui caminho…




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 6 de maio de 2011

«Pessoa sonha»

«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce» (Fernando Pessoa)
Esta terá sido, sem dúvida, uma das mais famosas frases de Fernando Pessoa. Dita no primeiro quartel do século passado, é uma frase que se mantem muito actual.
Gostaria de, neste texto, “esmiuçar” (palavra que se encontra agora tanto na moda) estas três orações, numa perspectiva própria e não num sentido universal.

«Deus quer…»
Como criaturas de Deus, somos chamados, muitas vezes, a certos trabalhos, caminhos. Deus, como Pai que é, como ABBA, como Amor, traça-nos um caminho, deixando que sejamos nós a escolher. Ele traça-nos o caminho que nos leva ao “Seio de Abraão”, ao Amor que é Deus, de encontro ao Filho que, como Filho de Deus, deu a sua vida por nós num madeiro.
Mas este caminho, traçado por Deus e escolhido por nós, nem sempre é o caminho mais fácil. O homem, como homem que é, tende a seguir o caminho mais fácil pensando que, dessa forma, chegue a Deus com mais facilidade. Isto faz-me lembrar uma pequena banda desenhada onde se vê um jovem a carregar uma cruz. A seu lado, outros jovens caminhando da mesma forma que ele (de cruz às costas). Cansado da viagem e do peso da cruz, o jovem decide cortar um bocado à cruz, tornando-a, assim, mais leve e mais fácil de transportar. Mas nesse caminho existe uma fenda impossível de transpor com um salto. Os jovens, que caminharam o tempo todo de cruz às costas, deitaram a cruz no chão e com ela fizeram uma ponte, passando assim para o outro lado. O nosso jovem, que tornara o seu fardo mais leve, foi obrigado a ficar do lado de cá, pois a sua cruz não chegava ao outro lado.
Neste caminho para a “Jerusalém Celeste” nada é fácil, mas Deus, que é Pai e Amor, está a nosso lado, ajudando-nos a levar a cruz, levando-nos, inclusive, nos momentos mais difíceis, ao colo (Pegadas na Areia).
Deus, que traça este caminho para o homem, quer que ele o siga. Felizes os que o seguem. Infelizes os que temem.

«…o homem sonha…»
O homem é, por natureza, sonhador. Ele ambiciona coisas, acontecimentos, para o seu futuro. Ele sonha ter uma família, um bom emprego, uma casa, entre tantos outros sonhos. Mas, e isto é algo que não está nas nossas vidas actualmente, não faz os seus planos com Deus. “Desejo ter uma casa”, e Deus? Onde está?
Mas os sonhos dos homens, infelizmente não de muitos, passam por ter Deus a seu lado, optando pelo caminho que Ele lhes traçou e os leva de encontro à felicidade eterna.

«…a obra nasce.»
Quando colocamos Deus a nosso lado, no percurso e nos planos da nossa vida, as coisas tornam-se bem mais simples. Poder-se-ia até dizer que, o homem, consegue concretizar os seus sonhos.
Mas quando, Deus fica de parte nas nossas vidas, os homens fazem de tudo para concretizarem o seu sonho. Nem que para isso tenham de espezinhar alguém. O homem que ambicionou ter um bom emprego, colocando Deus de parte na sua vida, faz de tudo para o alcançar, nem que para isso tenha de tramar um companheiro.
Mas o homem feliz, que colocou Deus a seu lado, trata o conhecido como um amigo, importando-se com ele, ajudando-o e não o recriminando.
Eterna será a busca da concretização da ambição daquele que se emancipa de Deus. Eterno consolo será o do que coloca Deus sempre na sua vida.

Pessoa poderá não ter pensado nestas coisas assim. Mas agora, quase cem anos depois, esta, a meu ver, será uma interpretação que coloca algumas interrogações na vida daqueles que estiverem dispostos a aprender!




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Uma história!

Quando os primeiros raios de sol entraram pela janela do meu quarto, despertei do sono.
A natureza, lá fora, despertar, também, com os primeiros raios de sol.
Vesti uns calções, uma camisola de manga curta e calcei as botas.
Dirigi-me à cozinha, onde preparei o café. Peguei numa chávena, que enchi de café, em algumas torradas e vim sentar-me na varanda da velha cabana.
Diante de mim, erguiam-se os grandes montes, pedindo a alguém que os explorasse. Estes dias, essa seria a minha missão.
Pousei a caneca e disfrutei daquela bela visão. Parecia um quadro. As cores misturam-se criando várias padrões de verdes, vermelhos e amarelos. Só eu me encontrava naquela jornada.
Estava na hora de seguir viagem e misturar-me no meio daquele quadro.
Voltei à cozinha, peguei na mochila e saí em direcção aos montes. Agora sim, sentia-me livre. A barafunda e o barulho da cidade perturbavam-me.
Arriei caminho ainda não eram nove horas. Teria oportunidade de caminhar três, quatro horas antes de voltar.
Caminhei por estradas de terra batida, por caminhos onde só animais andariam. Escalei montes, desci riachos, fotografei todo aquele belo espaço.
Cheguei a casa, já o sol se começava a deitar por detrás dos montes. Jantei algo e voltei a sentar-me na varanda.
Agora, sobre mim, pairavam os astros, numa total corrida. Levantei-me e caminhei para junto ao rio. Lá me deitei, sozinho, olhando as estrelas. Como eram diferentes da cidade.
Porque não decidira eu vir mais cedo a um local destes? A cidade matava-me, e mesmo assim, eu permanecia nela.
Agora, no fim dos meus dias, eu estava ali. Ali a desfrutar de tudo o que perdera em tantos anos.
Recolhi a casa e deitei-me.
Os dias seguintes foram passados a explorar aquele espaço. Queria encontrar um local perfeito e só meu.
Desanimado vinha eu naquele que era a véspera do grande dia. Mas, bebendo de uma cascata, encontrei uma gruta. Finalmente o espaço que eu desejava.
Voltei para a cabana e deitei-me sobre o sofá. Amanhã seriam os preparativos para o fim de tudo. Para “O Fim”.
Acordei e peguei no telemóvel. Procurei um pouco de rede e decidi telefonar à única pessoa que ainda se lembrava de mim. Pedi-lhe que viesse à cabana. Enquanto ele não chegasse teria tempo de preparar as últimas coisas.
Sentei-me na mesa da cozinha e escrevi uma carta. As lágrimas corriam pelo meu rosto. Fechei-a e coloquei-a na mesa da sala, junto à máquina fotográfica e do rascunho de um livro que escrevera.
O sol raiava no alto céu, quando eu saí de casa. Dirigi-me para a cascata. A minha alma dizia-me que não teria muito mais tempo. As dores de cabeça tinham-se tornado infernais.
Passei a cascata depois de olhar uma última vez as maravilhas do quadro que Deus pintara. Deitei-me no chão, fechei os olhos.
Aqueles segundos de espera não foram tão bons quanto eu pensara. Na verdade eram dolorosos.
Esperei a morte e ela veio. E eu adormeci para este mundo. O cancro tinha ganho a primeira batalha, mas eu ganhara a guerra!



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 1 de maio de 2011

Primeiro de Maio

“Com três letrinhas apenas,
Se escreve a palavra mãe,
Que é, das mais pequenas,
A maior que o mundo tem!”

Hoje, primeiro dia do Mês de Maio, celebramos vários acontecimentos.
O primeiro, que vou mencionar, é o Domingo de Pascoela. Este Domingo, é o Domingo da Oitava da Páscoa. Este simboliza o prolongamento do próprio Domingo de Páscoa, numa atitude festiva da Igreja e dos fiéis. É neste dia que, em algumas paróquias, se faz a visita Pascal.
Recordando os velhos tempos de outrora, era neste Domingo que a família se reunia toda em casa dos meus avós paternos, íamos à missa e depois voltávamos para casa para esperar o padre e a cruz, comermos algumas amêndoas e, aqueles mais atrevidos, iam atrás do padre para a casa dos vizinho e enchiam as algibeiras com amêndoas. Era neste Domingo que os afilhados recebiam o folar dos padrinhos.
A casa dos meus avós enchia-se de “canalha” e nós (a “canalha”) saltávamos os muros, descobríamos o que para nós era desconhecido, e fazíamos também algumas traquinices.

Outro acontecimento deste dia é, como em todos os anos, o Dia do Trabalhador. Este dia serve para homenagear todos os trabalhadores.
Em Portugal, só depois do 25 de Abril de 1974 é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, que depois passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.
Neste dia há, por norma, em todo o país, manifestações e comícios de carácter reivindicativo, promovidos pela CGTP.

Ainda neste dia um do mês de Maio do ano de 2011, no Vaticano, foi beatificado um novo homem: João Paulo II.
O Papa conhecido por todos nós como o Papa Viajante, o Papa de Fátima, o Papa dos Jovens, é agora admitido na lista dos Beatos para mais tarde, se assim for vontade de Deus, ser admitido entre o nome dos Santos.
O seu sucessor, Bento XVI, presidiu à celebração.

Por último, mas não menos importante, é o Dia da Mãe. E foi com aquele pequeno verso que aprendemos sempre na escola primária que eu iniciei esta mensagem.
No primeiro mês de Maria, celebramos também o Dia da Mãe. Melhor combinação não poderia haver. A Mãe por excelência começa o seu mês (para nós portugueses) com o Dia que o mundo consagra à mãe.
Mas não há muito a dizer neste dia, ou eu pelo menos não tenho muito a dizer.
Simplesmente quero agradecer à minha mãe, que tanto amo, por tudo o que tem feito por mim. Uma vez mais obrigado e estarás sempre no meu coração.
A ela dedico o seguinte poema:

Dentro de ti nasci e me formei.
Longas foram as tuas horas,
De dor e sofrimento.
Debaixo das tuas saias me criaste,
E de lá te custou ver-me sair.
Longas foram as horas que passaste,
De dia e de noite junto à minha cabeceira.
Aconchegavas-me com todo o carinho,
E com todo o amor me davas educação.
Choravas por nós, quando sofríamos.
Mas as lágrimas também escorriam no teu rosto
Quando nos vias tão felizes.
Nos momentos mais importantes
Estiveste a nosso lado.
Mas não posso esquecer,
E isso eu nunca esquecerei,
Por naquele momento de grande dor,
Naquele momento em que precisei,
Estares a sofrer comigo.
Muita gente poderá passar
Pelas vidas dos teus filhos,
Mas tu és,
Fostes e serás,
A mulher das nossas vidas.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa