segunda-feira, 30 de abril de 2012

Auto-destruição


Uma vez mais me encontro, aqui, a falar-vos sobre algo que a mim me perturba.
Há uma frase que a mim me diz muito, uma frase de um historiador chamado Will Durant. Reza, então, assim a frase: “Uma grande civilização não pode ser conquistada por fora, antes de se destruir por dentro”. E no que vos quero falar hoje esta frase adequa-se na perfeição (a meu ver).
Já não é a primeira vez que ouço este senhor falar e já não é a primeira vez que me revolto com as suas palavras.
A primeira vez foi na televisão, num debate sobre a decadência de fiéis na Igreja Católica. Hoje, enquanto procurava umas coisas no YouTube, encontrei um filme, já velho, em que ele acusa tudo e todos e que Fátima é uma autêntica mentira. Contudo, devido às suas afirmações, eu decidi-me a escrever-vos sobre este assunto e a ouvir as vossas opiniões.
As declarações foram feitas na altura em que o Papa veio a Portugal.
Em primeiro lugar este padre afirma que as crianças, as videntes, foram vitimas de uma montagem do clero de Ourém e que este é um caso tão ou mais grave que os casos de pedofilia na igreja.
Em segundo, este mesmo homem afirma que os sacrifícios que os pastorinhos faziam eram por causa da imagem que os padres transmitiam do inferno aos fiéis nas suas pregações. Diz também que as crianças morreram da pneumónica por causa dos sacrifícios que faziam e que a Lúcia sobreviveu pois não era tão sensível à história da conversão dos pecadores e que talvez ela tenha percebido que aquilo era tudo uma história inventada pelos padres de Ourém. Como a Senhora de Fátima não valeu às duas crianças, Lúcia foi encurralada num mosteiro para toda a vida, algo como um crime.
Fátima transformou-se em ‘Fátima SA’, uma empresa que dá muito dinheiro à Igreja em Portugal e ao Vaticano e se o Papa vem a Fátima é porque as finanças do Vaticano estão em baixo e Fátima tem de fazer chegar uma avultadíssima verba ao Papa, apesar de este não ir de mãos a abanar. Esta farsa de Fátima é importante por causa do dinheiro e por causa das multidões para dizer que são poderosos em gente e que mais nenhuma igreja em Portugal tem tanta gente.
Bem, agora chega a altura de eu retaliar as palavras deste homem.
Em primeiro lugar interrogo-me se este homem sabe que as aparições em Fátima não são dogma de fé, bem como as aparições de Nossa Senhora em outros locais, como Lourdes, por exemplo.
A teoria de que os pastorinhos terão inventado tudo ou do esquema dos padres está mais que ultrapassada, mais do que esmiuçada e sem sumo nenhum. E que dizer de todas as pessoas que viram o Milagre do Sol? e das visitas do Anjo? E dizer que é um crime tão ou mais grave que os casos de pedofilia é, sem dúvida, uma das maiores asneiras que este homem disse.
Quanto aos sacrifícios foram feitos pelos pastorinhos de livre vontade e a visão que eles tinham do inferno, o temor que eles tinham, foram da visão que tiveram e não das imagens que os padres passavam nas suas homilias. E verdade seja dita, qual era a criança daquela idade que estava atenta às palavras do padre, quando a missa era em Latim?!? Mas tudo bem. Sim, é verdade que Francisco e Jacinta morreram devido à pneumónica e que Lúcia sobreviveu. Mas não era isso que a Senhora tinha dito aos videntes? Que a Lúcia ficaria mais tempo na terra e que os outros Ela os levaria primeiro?
Agora vamos ao ‘Fátima SA’.
É puramente verdade que, quem não conheça bem o Santuário de Fátima, pense que todo o comércio que envolve o Santuário seja pertença deste ou que este o motive. Mas a verdade é que as coisas não são bem assim. Dentro do recinto do Santuário não há comércio, pois o único que existe é das velas. O Santuário tem duas livrarias, mas fora do recinto. Ao longo do Caminho dos Pastorinhos, onde se encontra a Via Sacra até ao Calvário Húngaro, ou até Aljustrel, o Santuário tem tido a preocupação de comprar os terrenos para que hotéis de luxo, comércio e coisas assim, não sejam construídos junto ao caminho, proporcionando aos peregrinos/turistas, um clima de paz e que chame à oração. Mas, para mim, a pior afirmação é de dizer que o Papa só vem a Fátima para vir buscar dinheiro… Uma afirmação um pouco grave, não?
Voltando à frase inicial, muitos são os que querem destruir a Igreja Católica, mas parece que são aqueles que estão dentro que a vão destruir. Preocupamo-nos com o que os outros dizem sobre a nossa Igreja, aquela que foi edificada por Cristo, sobre Pedro, e não nos preocupamos com o que aqueles que são Igreja dizem, apesar de serem as maiores atrocidades.
Deixei-vos uma análise feita por mim, fundada na minha opinião e nos conhecimentos adquiridos. Deixo-vos a entrevista de que vos falei para que tirem as vossas conclusões (aqui).




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 17 de abril de 2012

No words!


Farto de frases feitas. Farto de todas aquelas frases bonitas que dizem tanto ou tão pouco. Preciso de sentimentos, de coisas concretas e possíveis de se sentir.
Nada neste mundo é tão fácil quanto parece. Ao início até pode parecer fácil, mas, como vem sempre um mas, vem também sempre um depois. E depois?
Sinto tanta vontade de escrever, desabafar, mas não consigo. Chega a hora de pousar a caneta no papel, ou os dedos nas teclas, e tudo parece desaparecer.
Deparo-me, muitas vezes, comigo a desejar coisas tão contrárias àquilo que eu sou. Não sei.
A chuva começou a vir e eu ouvia-a a bater suavemente no vidro da clarabóia. Desejava ardentemente estar lá fora, debaixo daquela chuva, mas simplesmente não podia. Voltei a concentrar-me no que fazia, esperando que as horas passassem. Mas elas pareciam redobrar cada minuto. Caiu a noite e eu finalmente pude ver-me livre de tudo o que me rodeava.
O dia mudou e eu vagueava pelas ruas desertas. A chuva caía miudinha e calmamente. O nevoeiro cerrava-se a cada passo, retirando da minha visão aquilo que eu tantas vezes gosto de ver. E ali estava eu, no meio da rua, com a chuva a cair e rodeado de nevoeiro. Sentia-me no mundo mas ao mesmo tempo tão distante dele. Até que a lágrima caiu e me fez despertar.
De guarda-chuva a servir de bengala, caminhei até casa, onde me voltei a fechar. Não tenho vontade de sair, de ver as pessoas. Somente aquelas que estão longe é que eu quero ver.
Faltam-me as palavras, falta-me a inspiração. É assim quando não conseguimos nem compreender o nosso coração. Queremos tudo e ao mesmo tempo nada. Nada nos sacia. Tudo nos aborrece.
Fechamo-nos num mundo tão só nosso que é difícil de explicar, difícil de demonstrar, difícil de viver. E tudo aquilo que é tão só nosso, somente a nós pertence.
A porta do quarto fechada, proporcionando-nos a solidão, faz-nos sentir tudo aquilo que escondemos durante o dia. Não há fuga possível. Os sentimentos, pensamentos e emoções vêm ao de cima com o silêncio. E é neste silêncio que tantas vezes nos encontramos. É neste silêncio que encontramos aquilo que não pode ser encontrado no meio da multidão.
Mas este silêncio tão bom pode ser um punhal, cravado nas costas, sem que alguém saiba, pois a ferida sara antes de alguém conseguir ver.
Preciso de silêncio, mas longe destas paredes. Preciso do silêncio da liberdade, do vento dos tempos áureos, da alegria das estrelas e do sorriso da lua.
Mas eu fechei-me para o mundo. A vontade enorme de adormecer suavemente, de sonhar com os meus momentos de felicidade e no fim entrar no sono profundo atormenta-me durante a noite. Quero viver e livrar-me destes grilhões que me aprisionam. É a morte o meu destino, mas esse fado cumprir-se-á num tempo distante. Não, não é agora, ainda que essa fosse a vontade de muitos.
Abro o livro em cima da mesa, e saltam-me as palavras à vista. O infortúnio, o peso da tristeza, o sentimento de solidão e esquecimento preenchem as páginas deste livro. E como eu conheço cada palavra destas páginas, cada vírgula e cada interrogação. Eu conheço cada sílaba, cada acento. É a história da minha vida, são as palavras do meu passado, as interrogações de outrora. Sou eu, eu e mais ninguém.
Fecha a mala das recordações, a mala do tempo.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ainda me lembro...

Ainda me lembro do dia em que nascestes e acho que nunca o poderei esquecer. Ainda me lembro que tinhas apenas algumas horas quando vieste pela primeira vez a meus braços. Tu podes não te lembrar, mas eu lembrar-me-ei eternamente e estarei aqui para te contar quando um dia quiseres saber.
Ainda me lembro de que tinhas uma cabecinha tão pequena que cabia na minha mão e todos à nossa volta se admiravam. Ainda me lembro de como tinha medo de te partir.
Mas tu fostes crescendo e eu sempre que pude estive a teu lado. Tu não te lembras, mas eu sim, de como o teu pai teimava em como eu era teu tio. E tu fostes crescendo, lentamente. E eu via-te crescer, rindo das tuas pequenas traquinices, das tuas brincadeiras.
Recordo ainda o momento e as palavras de quando me escolheram para teu padrinho. Recordo ainda o que senti e a felicidade que vivi. 
Bem sei que agora não consegues ler estas palavras, muito menos compreende-las. Mas talvez um dia as queiras ler, as consigas compreender.
Espero ser para ti tudo aquilo que desejas, poder estar a teu lado sempre que desejas, ver-te crescer e ajudar-te a crescer.
Mas agora, o que quero, é mostrar a todos o que sinto por ti neste dia do teu aniversário. Feliz aniversário querido afilhado.
Teu padrinho...




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa