Encontramo-nos em plena Semana Maior, ou Semana
Santa, iniciada neste Domingo de Ramos.
Esta semana adquiriu o nome de Semana Maior por
nela se viverem os maiores e mais marcantes acontecimentos do Cristianismo: a
entrada em Jerusalém, a celebração da Última Ceia, a Crucificação, o silêncio
do túmulo culminando com a Ressurreição.
Certo é que são momentos de grande emoção. Um Rei
montado num jovem e desengonçado jumento. Um Homem que se entrega ao mundo sob
a espécie do pão e do vinho, que lava os pés aos seus discípulos, que os ensina
a amar mesmo perante o ódio. Um Cristo que na cruz perdoa. Um Santo que vence a
morte e o pecado pelos homens!
Contudo é também a semana da grande dor. Que me
perdoem os meus amigos teólogos e todos aqueles que se sintam ofendidos pela
minha diferente visão.
Despido de toda a pompa e circunstância, Jesus
entra, naquela que é/seria a sua entrada triunfal em Jerusalém, montado num
jumento desengonçado. O povo coloca as suas capas e as palmas e ramos no chão
para a sua passagem cantando hossanas.
Na hora da celebração da Última Ceia, Jesus sofre a
dor da traição. Depois de partilhar do mesmo pão, de andar na Sua presença, de
O chamar amigo, Judas trai-o. E dor tão grande é essa da traição.
Depois de sentir a dor da traição, Jesus sofre a
dor da solidão. Só reza no jardim das Oliveiras. E aqueles que deveriam vigiar,
simplesmente adormecem, deixando-O sozinho na dor.
O momento da traição é confirmado e o Santo Homem,
que sempre fugiu das rebeliões e apregoou a paz, é amarrado e tratado como se
de um criminoso se tratasse. Traído por trinta moedas de prata.
Presente ao povo é negado. Serão estes homens que O
negam e pedem a sua morte os mesmos que gritavam hossanas, que colocavam as
suas capas no chão para a sua passagem? E aquele que tenta ser justo manda-O
açoitar. Tantas as dores, tantas as lágrimas que Aquele que irá morrer para
salvar, sofreu e derramou. E como se ainda não bastasse, gozado pelos homens.
Tamanha terá sido a sua dor. Mas o Homem calou e ninguém saberá como enfrentou
tudo isto.
Agora carrega a cruz, cai ao longo do caminho. Mas
mesmo assim dirige palavras de conforto aos que por Ele choram. E tamanho é o
seu amor que, mesmo na dor da cruz, perdoa. Esquece a dor que sente e ama o
próximo. Oh santas e veneráveis lágrimas, oh imenso e eterno amor.
E este Homem, que tanto sofreu, que tanto amou e
perdoou, rapidamente é descido ao sepulcro. Grandes foram as suas dores,
grandes foram os seus actos.
E em tudo isto Cristo nos ensina. E em tudo isto
Cristo se torna exemplo. Sofre sem protestar, guarda no silêncio a sua dor, ama
e perdoa aqueles que são causadores da sua dor.
Esta é a Semana Maior, de acontecimentos e dor, de
exemplo e ensinamento.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa