A noite chegava de mansinho. Sentado no jardim de sua casa, Viktor perdia-se me pensamentos entre um e outro copo de vinho. As estrelas começavam a iluminar os céus, preparando a chegada da Lua que chegaria esplendorosa e brilhante.
O coração de Viktor era totalmente contrário ao ambiente que o rodeava. Perdia-se, o seu coração, em recordações e pessoas que passaram e permaneciam na sua vida. As saudades preenchiam muitas vezes as noites de Viktor. Amava pessoas, perdia-se em momentos de júbilo. Mas a solidão era companheira constante: na maioria das vezes desejada, na minoria indesejada.
Sentia saudades das pessoas, daquelas que as marcavam inteiramente. Por vezes não conseguia distinguir os sentimentos que tinha pelas pessoas. Amava uns, odiava outros.
Mas havia aqueles em que o seu sentimento era maior. Viktor perdia-se no seu jardim em pensamentos. Era-lhe tão difícil expressar os sentimentos de seu coração.
A Lua brilhava intensamente e os olhos de Viktor reluziam com as lágrimas. Sentia fortes emoções, mas de que valia. A ausência apoderava-se de si. Sentia a saudade.
Havia algo em si que não sabia explicar. Seria amor, seria paixão? Não lhe conseguia associar nenhum nome, pois os sentimentos há muito que desapareceram do seu vocabulário. Camuflava-os com muita coisa, e difícil era sempre conseguir compreende-lo. Engasgava-se nas palavras, suavam-se-lhe as mãos, o coração palpitava sempre demais. Então escondia o que sentia, tentava ser um ser sem coração, sem alma. Gelado como o gelo, frio como o inverno mais rigoroso. Quem o conhecesse à primeira impressão diria que era um negro ser, como a noite mais escura, no vale mais profundo, onde nem os mais fortes raios da lua conseguiam chegar e os raios de sol pouco tempo por ali se perdiam. Mas não! Viktor conseguia ser a pessoa mais doce, mais carinhosa, máis atenciosa. Só era preciso conquistarem-lhe o coração. Mas até isso era difícil neste momento. Sofrera muito com alguns que lhe haviam transformado o coração de pedra em coração de cristal. Viktor não se permitia novamente a sofrer isso e limitava todo o acesso ao coração.
As estrelas reluzentes no céu voltavam a relembrar os sentimentos que lhe preenchiam o coração. Era uma mística de grande saudade na ausência, de eterna alegria na presença; era o entregar-se totalmente sem esperar retorno, amar continuamente. Os seus olhos brilhavam mais na sua companhia e escureciam-se mas na ausência. Todos os dias pensava nesses do seu coração, a todo o momento desejava vê-los de novo.
A noite ia avançada quando Viktor pousou por fim o copo, levantou-se e passeou pelo jardim. Na penumbra da noite parecia-lhe ver aqueles que ele queria ver. Mas eram somente sombras. Mas isso não o fazia tremer. Sabia que por maior que fosse a distância nada mudaria o que ele sentia, pouco mudaria a relação que existia entre ambos.
Entrara em casa, fechara as cortinas atrás de si. Deitara-se na cama, fechara os olhos e sonhara. Entrava no seu coração, reconhecia os seus cantos e o que lá residia. Seria feliz, certamente, porque o seu coração estava em júbilo.
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