segunda-feira, 6 de junho de 2011

Velha Cabana

Sentei-me ao fundo das escadas da velha casa de campo. O sol deitava-se sobre o horizonte, enchendo o céu de tons laranjas, formando, assim, uma bela harmonia.
O vento soprava de leve, e sobre o céu um velho falcão procurava usufruir desta bela paisagem.
Parecia um quadro e eu ali estava a observa-lo como nos velhos tempos em que me sentava horas e horas a admirar as paisagens.
À minha mente vieram as velhas recordações. A velha rede, na esplanada da casa, onde passara horas e horas a ler os velhos livros da pequena biblioteca… Recordo-me como se fosse hoje. Quando fazia as malas, colocava mais livros que roupa. Eram tudo o que eu precisava para as férias, longe da civilização. Nas mesmas férias, era capaz de devorar o mesmo livro duas vezes.
Quando me cansava de ler, pousava os livros e passava horas pelo bosque. Poderia dizer que até me perdia, apesar de conhecer cada caminho, cada árvore e encruzilhada daquele bosque. Por vezes deitava na erva fina e fresca e ali permanecia horas e horas a ouvir a natureza a crescer.
Mas eu cresci e tudo mudou. Agora só me restam as vãs recordações.
Hoje volto aqui, passados trinta anos. A velha casa está a cair, o bosque foi devastado. Já nada é como era. Apenas restou a bela paisagem sobre os montes e o céu queimado pelo pôr-do-sol.
Lembro como costumava sentar-me aqui e a vislumbrar esta paisagem… Sozinho, com os joelhos e os cotovelos esmurrados, esperando que o jantar fumegasse sobre a mesa e de ouvir a minha mãe a chamar por mim. Quase que a consigo ouvir. A sua voz doce, o seu carinho… e quando me atrasava, ou não a ouvia, o meu pai vinha de mansinho, sentar-se a meu lado. Durante uns cinco minutos estávamos os dois ali, até que o meu pai me dizia que tinha de recolher.
Pela noite, saía para ver as estrelas, ver as maravilhas que Deus criara.
Mas já não mais faço nada disso. Agora, mal tempo tenho para mim. Já não tenho a paz que tinha quando para aqui vinha. Faz-me falta…
E agora, que aqui estou, não quero virar as costas a isto tudo.
Tomo coragem e finalmente entro dentro da casa. Em cima da velha lareira ainda reside a fotografia tirada nas escadas daquela casa, com os meus pais e irmãos. Aquela fotografia que sempre ali este. Abro a moldura, retiro a foto gasta pelo tempo, olho uma vez mais aqueles rostos… E a lágrima cai sobre a foto.
Tudo perdi, e agora só me restam as recordações…







Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo comentário!