Estou finalmente de férias.
Volto agora para a Santa Terrinha para matar saudades. Avistam-se três meses de descanso e de trabalho.
Quero pedir desculpa pela errada forma literária com que redigi o último post, mas na verdade encontrava-me muito cansado e admito que não foi grande coisa.
Queria fazer-vos uma reflexão sobre esta concretização de um dos meus sonhos.
Desde pequeno que tinha em mim o desejo de ir a Fátima a pé. Lembro as pessoas por quem passava que faziam esse caminho. Recordo também a velha canção que ouvia sempre que ia Fátima com os meus pais.
Ir a Fátima a pé não foi nenhuma promessa, mas sim um grande desafio. Tanto a nível espiritual como a nível físico. Fazer cerca de duzentos quilómetros em quatro dias, não é fácil.
Falar da peregrinação até Fátima, sem passar pela experiência, torna-se fácil. Falar da mesma a posteriori, torna-se difícil. Devia ser o contrário, mas na verdade, eu não acho.
Ao longo de duzentos quilómetros e de quatro dias, nem tudo é conversa, nem tudo é como esperávamos. As forças começam a faltar, mesmo a nível psicológico.
Nestes quatro dias o silêncio permaneceu, muitas vezes, a meu lado. E nesse silêncio foi altura de pensar, repensar e voltar a pensar na minha vida. Foi altura de ver o que realmente queria, de sentir o que realmente existe no meu coração; foi um superar de muitos medos, de alcançar metas que há muito tempo estavam a um pequeno passo de serem ultrapassadas, mas que custava a dar.
Por vezes, numa situação como a minha, torna-se um pouco banal a oração. Não lhe damos a devida importância. Mas a verdade é que ela é tão importante, pelo menos para mim, como comer algo durante o dia. A oração torna-se o meu sustento.
Relembro que, algumas vezes, quando me faltava a força ou a vontade de continuar a caminhada, pegava no terço e fazia as contas passarem-me pelos dedos. Aquelas orações que se tornaram banais, assumiam, naquele momento, a coisa mais importante para mim. E a motivação voltava a surgir, as forças voltavam, e eu conseguia continuar aquele caminho.
Já houve coisas que me marcaram, marcaram profundamente. E esta caminhada foi sem dúvida uma delas. Encontrar um espaço e uma oportunidade de silêncio, nem sempre é fácil. Mas nesta experiência, parecia que o silêncio vinha ao meu encontro.
Se me questionarem sobre essa ida, como foi, simplesmente vos tenho a dizer que é uma experiência muito forte e que nos pode abalar e, ao mesmo tempo, regenerar.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
Essa viagem parece ter sido realmente fantástica :) Acredito que caminhadas como essa sirvam para por a cabeça no lugar e assentar ideias que estejam menos claras. Bom texto!
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