Saudações queridos leitores.
Sim, é verdade. Há muito tempo que não vos escrevo, mas decerto
compreendereis que, agora, não disponho de todo o tempo que desejava. E na falta
desse tempo desejável inclui-se o tempo para vos escrever. Hoje, num tempinho
que me forcei a ter, decidi escrever nestas partituras de sonho.
Escrevo-vos estas palavras com um pouco de indignação que passarei a
expor para vós.
Hoje, num tempinho que tive entre o servir a refeição e a sobremesa a
alguns clientes, estive a ver as notícias. Crise e mais crise, política e mais
política. Uma miscelânea de notícias. Contudo, uma das notícias falava sobre o
novo livro do Papa Bento XVI – Jesus de Nazaré: a Infância de Jesus. Ainda não
tive oportunidade de comprar o livro e de o ler, mas antes do final do ano
tentarei falar-vos mais concretamente sobre este livro. Voltando à notícia do
lançamento do livro, os rodapés falavam do “escândalo” de Bento XVI afirmar que
Jesus não nascera na Nazaré, que não havia burros nem vacas e que, na verdade,
Jesus não nascera no ano um mas sim no ano sétimo antes da era comum (ou na
denominação comum, antes de Cristo).
Bem, na verdade, Bento XVI não veio dar novidade ao dizer que Jesus
nascera antes da era comum, pois isso já o disseram vários historiadores e,
citando E. P. Sanders, do seu livro “A Verdadeira História de Jesus”, «Jesus nasceu no ano 4 a.e.c, por volta da
data da morte de Herodes Magno […]
alguns investigadores preferem o ano 5, 6 ou, até, 7 a.e.c.» e explica a
razão pela qual é atribuído o ano um ao nascimento de Jesus:
«No século VI […] Dionísio
Exíguo, introduziu um calendário litúrgico que contava os anos “a partir da
encarnação” […] e não de acordo com o sistema estabelecido pelo imperador
romano Diocleciano, um pagão.», e por aí continua.
Não posso, neste momento, fazer uma análise ao novo livro de Joseph
Ratzinger – Bento XVI pois, como já referi, ainda não o li.
Mas não foi para tentar “limpar” (não sei se será o termo mais
adequado e, por isso, peço desde já desculpa) a imagem do Sumo Pontífice que
vos escrevi, mas sim para fazer uma pequena comparação.
Depois de darem esta notícia de uma forma, digamos, trágica, uma outra
notícia foi dada como a melhor notícia da noite: o grande sucesso de “ As
Cinquenta Sombras de Grey”. Bem, mais uma vez não li o livro e, possivelmente,
muitos poderiam dizer que eu havia era de estar calado e que só deveria falar depois
de ler os livros em questão. Mas atenção, eu não faço uma crítica aos livros,
mas sim a forma como apresentam as notícias.
Para quem não sabe, os livros de E. L. James, têm como base o erotismo
(e se já alguém leu e eu estiver enganado, por favor digam). E a grande
pergunta do jornalista às pessoas que estavam à espera para que a autora lhes
assinasse o livro era “se a sua vida sexual tinha melhorado”. Não posso
esconder: fiquei um pouco escandalizado com aquilo e com as respostas das
pessoas.
Mas que queria eu dizer com isto tudo? Na verdade, o que queria dizer
era que acho interessante a perspectiva como as notícias são dadas: quando toca
à Igreja tenta-se sempre encontrar o seu lado mau e, na sua ausência,
arranja-se forma de haver. Quando toca a sexo, tudo é uma maravilha e tudo é “apoiado”.
E não o digo só por causa da notícia de hoje, mas também por outras reportagens
que já visualizei.
E, findo, desejando que E. L. James continue a ter sucesso, pois, como
já referi, nada tenho contra o livro ou a autora, mas somente como as notícias
por vezes são dadas. Deixo-vos uma questão final:
Porquê que tenta-se sempre diminuir aqueles que tanto bem fazem?
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
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