sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Os olhos com que vemos!


Saudações queridos leitores.
Sim, é verdade. Há muito tempo que não vos escrevo, mas decerto compreendereis que, agora, não disponho de todo o tempo que desejava. E na falta desse tempo desejável inclui-se o tempo para vos escrever. Hoje, num tempinho que me forcei a ter, decidi escrever nestas partituras de sonho.
Escrevo-vos estas palavras com um pouco de indignação que passarei a expor para vós.
Hoje, num tempinho que tive entre o servir a refeição e a sobremesa a alguns clientes, estive a ver as notícias. Crise e mais crise, política e mais política. Uma miscelânea de notícias. Contudo, uma das notícias falava sobre o novo livro do Papa Bento XVI – Jesus de Nazaré: a Infância de Jesus. Ainda não tive oportunidade de comprar o livro e de o ler, mas antes do final do ano tentarei falar-vos mais concretamente sobre este livro. Voltando à notícia do lançamento do livro, os rodapés falavam do “escândalo” de Bento XVI afirmar que Jesus não nascera na Nazaré, que não havia burros nem vacas e que, na verdade, Jesus não nascera no ano um mas sim no ano sétimo antes da era comum (ou na denominação comum, antes de Cristo).
Bem, na verdade, Bento XVI não veio dar novidade ao dizer que Jesus nascera antes da era comum, pois isso já o disseram vários historiadores e, citando E. P. Sanders, do seu livro “A Verdadeira História de Jesus”, «Jesus nasceu no ano 4 a.e.c, por volta da data da morte de Herodes Magno […] alguns investigadores preferem o ano 5, 6 ou, até, 7 a.e.c.» e explica a razão pela qual é atribuído o ano um ao nascimento de Jesus:
«No século VI […] Dionísio Exíguo, introduziu um calendário litúrgico que contava os anos “a partir da encarnação” […] e não de acordo com o sistema estabelecido pelo imperador romano Diocleciano, um pagão.», e por aí continua.
Não posso, neste momento, fazer uma análise ao novo livro de Joseph Ratzinger – Bento XVI pois, como já referi, ainda não o li.
Mas não foi para tentar “limpar” (não sei se será o termo mais adequado e, por isso, peço desde já desculpa) a imagem do Sumo Pontífice que vos escrevi, mas sim para fazer uma pequena comparação.
Depois de darem esta notícia de uma forma, digamos, trágica, uma outra notícia foi dada como a melhor notícia da noite: o grande sucesso de “ As Cinquenta Sombras de Grey”. Bem, mais uma vez não li o livro e, possivelmente, muitos poderiam dizer que eu havia era de estar calado e que só deveria falar depois de ler os livros em questão. Mas atenção, eu não faço uma crítica aos livros, mas sim a forma como apresentam as notícias.
Para quem não sabe, os livros de E. L. James, têm como base o erotismo (e se já alguém leu e eu estiver enganado, por favor digam). E a grande pergunta do jornalista às pessoas que estavam à espera para que a autora lhes assinasse o livro era “se a sua vida sexual tinha melhorado”. Não posso esconder: fiquei um pouco escandalizado com aquilo e com as respostas das pessoas.
Mas que queria eu dizer com isto tudo? Na verdade, o que queria dizer era que acho interessante a perspectiva como as notícias são dadas: quando toca à Igreja tenta-se sempre encontrar o seu lado mau e, na sua ausência, arranja-se forma de haver. Quando toca a sexo, tudo é uma maravilha e tudo é “apoiado”. E não o digo só por causa da notícia de hoje, mas também por outras reportagens que já visualizei.
E, findo, desejando que E. L. James continue a ter sucesso, pois, como já referi, nada tenho contra o livro ou a autora, mas somente como as notícias por vezes são dadas. Deixo-vos uma questão final:
Porquê que tenta-se sempre diminuir aqueles que tanto bem fazem?




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

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