terça-feira, 15 de novembro de 2011

Novíssimos


Porque nem só de sonhos e de velhas lembranças vos falo; porque nem só de novos livros ou de acontecimentos vos escrevo. Hoje decidi escrever um pouco sobre um assunto que não parece muito claro para todos nós.
Tudo surgiu da Lectio Divina do Evangelho do Domingo de Cristo Rei do ano A. O tema é a Vida Eterna, e o que nos diz a Igreja sobre o Juízo particular, o Céu, a Purificação final ou Purgatório e o Inferno.
Para nós, cristãos, que unimos a nossa própria morte à de Jesus, encaramos a morte como uma forma de chegarmos a Ele.

Juízo particular

É no Novo Testamento que encontramos o anúncio do juízo, como perspectiva de encontro final com Jesus. Mas é também, no Novo Testamento, que encontramos a retribuição imediata de cada um depois da morte, em função das suas obras e da sua fé. Fala-se então de um destino final da alma, que diferencia de umas para as outras.
Com a morte, a alma imortal de cada homem recebe a retribuição eterna, «num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre».

O Céu

Aqueles que na morte participam da graça e da amizade de Deus e estejam devidamente purificados, viverão, eternamente, com Cristo. Diz-nos Bento XII, na Constituição Benedictus Deus:
«Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fieis mortos depois de receberem o santo Baptismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de faze-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Ceu, no Reino dos Ceus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e ate face a face, sem a mediação de nenhuma criatura.»
Chama-se, então, céu, a esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, com a Santa Mãe de Deus, com os Santos e anjos. Assim, viver no céu é «estar com Cristo». E este céu foi-nos dado por Jesus, através da Sua morte e ressurreição. Possuindo em plenitude os frutos da redenção operadora de Cristo, que a associa à sua glorificação celeste aqueles que n’Ele acreditam e permanecem fieis à sua vontade, é ser bem-aventurado. Para melhor nos ajudar, a Sagrada Escritura dá-nos uma visão terrena do céu: «vida, luz, paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, paraíso; aquilo que "nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem, Deus o preparou para aqueles que O amam" (1 Cor 2, 9)».

A purificação final ou Purgatório

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas a sua alma não está inteiramente purificada, sofrem, após a morte, uma purificação, para assim obterem a santidade de que necessitam para entrarem na Jerusalém celeste.
A esta purificação, chama a Santa Madre Igreja de Purgatório. Este nome foi formulado nos Concílios de Florença e Trento. É também caracterizado como um fogo purificador.
São Gregório Magno diz: «No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que e a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfémia contra o Espirito Santo, não lhe será perdoada nem presente seculo nem no seculo futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no seculo presente, ao passo que outras no século futuro.»
É remota a tradição de honrar a memória dos defuntos, através de sufrágios em seu favor, principalmente o Sacrifício Eucarístico, para que assim atinjam a purificação.

Inferno
 
Só ao escolher amá-Lo livremente é que podemos estar em união com Ele.
Se não seguirmos os Seus preceitos e pedidos, seremos separados d’Ele. Morrendo em pecado mortal sem arrependimento, é forma de viver separado d’Ele. E a esta separação do homem de Deus, chama-se inferno.
Jesus falou várias vezes da “gehena”, reservada aos que recusam acreditar e converter-se, perdendo-se, assim, a alma e o corpo.
«A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, “o fogo eterno”. A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.»
Não é Deus que predestina as pessoas para o Inferno, mas sim a existência de uma aversão voluntária a Deus e até ao fim persistir nela. Diariamente, na liturgia eucarística e nas orações quotidianas dos fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus.

(Toda esta informação foi retirada do Catecismo da Igreja Católica, 1020- 1037)



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

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