Hoje é dia de Todos os Santos. Hoje relembramos todos
aqueles que pela sua forma de viver se tornaram exemplos de cristandade. Poder-vos-ia
falar mais sobre este assunto, mas remeto-vos para outro blogue que fala sobre
este assunto (aqui).
O que vos quero falar hoje é de uma frase de Bento XVI que
me tem dado muito que pensar. Esta será o mote da minha reflexão.
«Se o Evangelho que
anuncio não gera contradição, é porque não o estou anunciando na totalidade»
(Bento XVI)
Jesus Cristo, Filho de Deus, foi motivo de contradição.
Todas as suas pregações foram contestadas. Ele falou ao coração dos homens
aquilo que eles não queriam ouvir. E bem lá no fundo, sabiam que ele tinha
razão nas coisas que dizia. Os homens do tempo de Jesus, como os de hoje, têm
medo de ouvir a verdade. Sabendo que estão a fazer algo de mal, receiam que alguém
lhes diga que estão a errar.
Os Apóstolos, pregando a Boa nova, foram motivo de
contradição. Eles quebraram as cadeias a que estavam presos e anunciaram uma
mensagem que a todos incomodava: era a mensagem de Jesus.
Os Santos foram, de igual forma, motivo de contradição. As
suas palavras, a forma de agirem e de viverem, foram motivo de contradição.
Hoje, o verdadeiro cristão, é motivo de contradição. E se
não o é, então é porque não é verdadeiramente cristão.
O Evangelho ensina-nos que devemos amar o irmão incondicionalmente.
Num mundo em que ninguém ama ninguém, se um ama verdadeiramente o outro, é
motivo de contradição. Se um jovem, nos dias de hoje, opta por não ter relações
sexuais com a parceira antes do casamento, é motivo de contradição. Se um jovem
se assume verdadeiramente cristão e, se sem medo, assume que é um membro activo
na igreja, então ele é motivo de contradição. Se nas palavras que uso, nas
acções que faço, coloco Deus a meu lado e ajo de modo diferente, então sou
motivo de contradição. Se vejo um jovem a caminhar, com um terço a rodar pela
mão, então eu vejo uma contradição.
Há uma frase, bem conhecida de todos nós, que nos fala de
remar contra a corrente: se alguém no meio da multidão que caminha toda num
sentido, fura a multidão em sentido contrário, então esse alguém é motivo de contradição.
E que quero eu dizer com isto tudo? Bem, mais explicito não
pode estar: a diferença, pela positiva, gera um conflito nos outros. Um
conflito interior, de tentar perceber porque é que esse alguém é diferente. E
esse alguém é diferente porque têm Deus no seu coração.
Ser-se cristão é ser-se diferente. E nos tempos que correm,
essa diferença faz-se notar cada vez mais. E se eu não opto pela diferença,
tendo em conta os valores e deveres que tenho, então eu não gero contradição:
sou mais um no cardume, mais um a ir na corrente daquilo que todos os outros
pensam, fazem.
Se tenho vergonha de dizer que sou cristão, então eu sou
mais um no mundo da igualdade.
O Evangelho de hoje falava nas Bem-Aventuranças. E elas são
uma fonte para quem quer ser diferente.
Sim eu sei que é difícil ser-se diferente nos dias de hoje,
mas Jesus dizia-nos: «Felizes os pobres
no espírito, […] felizes os mansos […] os aflitos, […] os que têm fome e sede
de justiça, […] os misericordiosos, […]os puros no coração, […] os que promovem
a paz, […] os que são perseguidos por causa da justiça» porque deles é «o Reino dos Céus, […]porque serão saciados,
[…] herdarão a terra, […] serão saciados, […] serão chamados filhos de Deus».
E conclui dizendo-nos: «Felizes sois,
quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra
vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa
recompensa nos céus».
Então porque esperamos? Temos medo que nos apontem o dedo,
que nos desprezem, que gozem connosco? Que sejamos motivo de chacota e de riso?
Não tenhamos medo, pois, ainda que tudo isto nos aconteça, estamos a ser
contraditórios ao mundo; estamos a ser verdadeiros discípulos do Mestre. Por
Ele, para Ele e com Ele tudo faz sentido. Ele é a nossa infinita razão de
viver.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
=) bela reflexão!
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