«Vãs e enganosas são as esperanças dos insensatos, e os sonhos dão asas aos néscios. Como o que procura agarrar uma sombra ou perseguir o vento, assim é o que se prende aos sonhos. O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem de um homem diante de si próprio.» (Eclesiástico, 34, 1-3)
Peguei na Bíblia, abria-a ao favor do vento. Quando as folhas pararam, saltou-me à vista a passagem do livro do Eclesiástico, capítulo 34, com o título “A Loucura dos Sonhos”.
Passei os olhos pelos três primeiros versículos e senti que tinha de falar sobre eles.
Quando o autor falou dos sonhos, deveria querer aludir para que os homens não se ligassem à interpretação dos sonhos.
Contudo, não posso deixar de concordar com o autor. Por vezes os sonhos são enganosos. Levam-nos a acreditar em algo, que surgiu unicamente da nossa mente, e depois, quando esse algo não acontece, a desilusão é muito grande. Depois da desilusão, vem a dor, a ferida no coração. E depois da ferida vem a dúvida sobre tudo, a desconfiança, que leva o homem insensato a fechar-se sobre si e a afastar-se do mundo.
Mas os sonhos, de que nos fala o autor, são os sonhos da noite. São uma representação do inconsciente.
E esses sonhos são, sem dúvida perigosos. Apegarmo-nos a esses sonhos, tentar interpreta-los é mau. O homem perde-se nessa busca do impossível.
Mas quando o homem sonha, mas sonha verdadeiramente, com coisas possíveis, concretas, e de olhos abertos, o homem já não é insensato, mas lutador. Luta por concretizar não aquilo que a mente lhe demonstra, mas o que idealiza.
O homem sonhador de olhos abertos é capaz de viver serenamente, sem querer interpretar o seu “sonho”. Não procura prever o futuro. Vive a cada dia como um caminho para o sonho. E esse sonho, que tem a seu lado Deus, é o sonho mais belo e o melhor caminho a percorrer.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
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