Estamos a
chegar ao final do mês, e com ele vêm, no calendário litúrgico, a celebração
dos Arcanjos S. Gabriel, S. Miguel e S. Rafael. Também, no início do próximo
mês, mais propriamente no dia 2 de Outubro, celebramos os Santos Anjos da
Guarda.
Hoje, pela
manhã, foi-nos proposto para que conhecêssemos um pouco mais sobre os Anjos. É
claro que isto me fez lembrar um trabalho meu onde falo sobre isso. Contudo,
quando realizei esse trabalho, a informação à cerca destes seres era muito
pouca. Por isso, proponho que hoje conheçamos um pouco mais sobre eles.
Como
retrata a sabedoria popular, os anjos são seres espirituais, e intermediários
entre Deus e os homens, tanto no cristianismo como no judaísmo e no islamismo.
Dizia
Santo Agostinho sobre estes seres: “Angelus […] officii nomen est, nonn naturae. Quaeris
nomen naturae, spiritus est; quaeris officium, angelus est: ex eo quod est,
spiritus est; ex eo quod agit, angelus.”
(“Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da
natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito;
pelo que faz é anjo.”)
Ora,
segundo a tradição, a hierarquia dos anjos é formada por três hierarquias,
sendo cada uma delas constituída por três coros.
A primeira
hierarquia engloba os Santos Anjos que se encontram em constante contacto com
Deus. Estes dedicam-se a Amar, Adorar e a Glorificar a Deus.
O primeiro
coro é constituído pelos Serafins. O nome “seraph” tem a sua
origem no hebraico e significa “queimar completamente”. Segundo a tradição
hebraica, o Serafim não é apenas um ser que “queima”, mas “que se consome”, no
amor ao Deus Altíssimo. Estes apresentam-se diante de Deus com seis asas: duas
cobrem o rosto, outras duas cobrem o corpo e as restantes servem para voar (Isaías
6, 2). Os Serafins estão encarregados
de transmitir o Amor de Deus a todos os seres por Ele criados.
Abaixo dos
Santos Anjos Serafins encontram-se os Querubins, que são considerados os
guardas e mensageiros dos Mistérios Divinos, e cuja missão reside no transmitir
da Sabedoria. No início da criação, Deus colocou, a Oriente do jardim do Éden,
os Querubins com a espada flamejante,
para guardar o caminho que conduz à Árvore da Vida (Génesis 3, 24).
Neste painel, da Igreja da Santíssima Trindade, encontramos a representação do Arcanjo S. Gabriel (o primeiro à esquerda) |
De toda a
hierarquia, são sem dúvida os mais citados na bíblia (cerca de oitenta vezes
nos diversos livros). Os Querubins
são descritos por Ezequiel na sua visão (Ezequiel 10, 12), sendo também os que
estão sobre o propiciatório (Êxodo 25:8-9) que Deus mandou Moisés construir.
Deste modo, é notório o quanto são conhecedores dos Mistérios Divinos.
Ainda
nesta primeira hierarquia encontramos os Tronos, que acolhem em si a grandeza
do Criador, transmitindo-a aos Anjos inferiores. É esta a sua principal função,
sendo por vezes conhecidos como Sedes Dei.
São os últimos da Primeira hierarquia.
A Segunda
Hierarquia é constituída pelos Santos Anjos, que estão encarregados dos
acontecimentos no Universo, sendo dirigentes dos Planos da Eterna Sabedoria.
É no
quarto coro Angelical que encontramos as Dominações. Estes pertencem à alta
nobreza celeste, e são enviados por Deus face a missões mais relevantes.
Descendentes
das Dominações são as Potestades, o quinto coro Angelical
formado pelos Santos Anjos que transmitem aquilo que deve ser feito, tratando
de modo especial a “forma” ou “maneira” como as coisas devem ser feitas.
Posteriores
a estes, mas muito equivalentes, situam-se as Virtudes que transmitem
aquilo que os outros Anjos devem fazer, mas que, acima de tudo, auxiliam, para
que as coisas sejam realizadas perfeitamente, removendo os obstáculos que
interferem no caminho da perfeição das ordens de Deus. São os últimos da
segunda hierarquia.
A última
hierarquia Angelical, constituída por três coros, é formada pelos Santos Anjos
que executam as ordens de Deus. Estão mais perto de nós, e conhecem profundamente
a natureza humana, assistindo-os através de várias formas, castigando,
insinuando, avisando, entre muitas outras coisas, para que cumpram com
exactidão a Vontade Divina.
Os
primeiros anjos desta hierarquia são os Santos Anjos Principados. Guias dos
mensageiros de Deus, são enviados a príncipes, reis, províncias, etc. Quando os
povos não aceitam a mensagem de Deus, estes transformam-se em Anjos Vingadores
e derramam as taças da ira Divina, de forma a reconduzi-los através do castigo
e da dor.
Inferiormente
aos Principados, estão os Arcanjos, apesar de desempenharem
grandes funções. Deste coro, salientam-se três: Gabriel, Miguel e Rafael.
Miguel é o
anjo padroeiro da igreja católica, e o chefe dos exércitos celestiais, sendo,
também, o anjo do arrependimento e da justiça.
Gabriel
foi o que anunciou a Maria que estava cheia de graça, e que iria gerar no seu
ventre o filho de Deus (Lucas 1, 26).
Rafael é
apresentado no livro de Tobias como um dos sete que estão sempre presentes, e
tem acesso à glória de Deus (Tobias 12, 15).
O último à direita é a representação do Arcanjo Miguel |
Por
último, encontram-se nesta hierarquia os Santos Anjos, que recebem e
executam ordens dos coros superiores, estando mais perto de nós do que qualquer
outro coro Angelical. Os Santos Anjos caminharam com o povo de Israel no seu êxodo
(Êxodo 14:19), e inspiraram o escritor do Livro do Êxodo (Êxodo
23:20-22).
E é esta a
ordem da Hierarquia Angelical, bem como as funções desempenhadas por cada um
dos elementos que a constitui.
Existem
também os Anjos Caídos. Estes são explicação para as forças do mal. Estes
chamam-se anjos caídos porque desobedeceram a Deus (ALVES, Herculano –
Símbolos na Bíblia. Difusora BÍBLICA, Fátima, Agosto 2001. 1ª Edição, pag. 47).
Este texto foi retirado do meu trabalho, intitulado de Os Anjos no Convento de São José, São Pedro do Sul, realizado para a disciplina de Arqueologia e Arte Cristã e para a disciplina de Seminário Metodologia Científica, no ano lectivo 2009/2010.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa