quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Anjos


Estamos a chegar ao final do mês, e com ele vêm, no calendário litúrgico, a celebração dos Arcanjos S. Gabriel, S. Miguel e S. Rafael. Também, no início do próximo mês, mais propriamente no dia 2 de Outubro, celebramos os Santos Anjos da Guarda.
Hoje, pela manhã, foi-nos proposto para que conhecêssemos um pouco mais sobre os Anjos. É claro que isto me fez lembrar um trabalho meu onde falo sobre isso. Contudo, quando realizei esse trabalho, a informação à cerca destes seres era muito pouca. Por isso, proponho que hoje conheçamos um pouco mais sobre eles.
Como retrata a sabedoria popular, os anjos são seres espirituais, e intermediários entre Deus e os homens, tanto no cristianismo como no judaísmo e no islamismo.
Dizia Santo Agostinho sobre estes seres: “Angelus […] officii nomen est, nonn naturae. Quaeris nomen naturae, spiritus est; quaeris officium, angelus est: ex eo quod est, spiritus est; ex eo quod agit, angelus. (“Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito; pelo que faz é anjo.”)
Ora, segundo a tradição, a hierarquia dos anjos é formada por três hierarquias, sendo cada uma delas constituída por três coros.
A primeira hierarquia engloba os Santos Anjos que se encontram em constante contacto com Deus. Estes dedicam-se a Amar, Adorar e a Glorificar a Deus.
O primeiro coro é constituído pelos Serafins. O nome “seraph” tem a sua origem no hebraico e significa “queimar completamente”. Segundo a tradição hebraica, o Serafim não é apenas um ser que “queima”, mas “que se consome”, no amor ao Deus Altíssimo. Estes apresentam-se diante de Deus com seis asas: duas cobrem o rosto, outras duas cobrem o corpo e as restantes servem para voar (Isaías 6, 2). Os Serafins estão encarregados de transmitir o Amor de Deus a todos os seres por Ele criados.
Abaixo dos Santos Anjos Serafins encontram-se os Querubins, que são considerados os guardas e mensageiros dos Mistérios Divinos, e cuja missão reside no transmitir da Sabedoria. No início da criação, Deus colocou, a Oriente do jardim do Éden, os Querubins com a espada flamejante, para guardar o caminho que conduz à Árvore da Vida (Génesis 3, 24).
Neste painel, da Igreja da Santíssima Trindade, encontramos a representação do Arcanjo S. Gabriel (o primeiro à esquerda)
De toda a hierarquia, são sem dúvida os mais citados na bíblia (cerca de oitenta vezes nos diversos livros). Os Querubins são descritos por Ezequiel na sua visão (Ezequiel 10, 12), sendo também os que estão sobre o propiciatório (Êxodo 25:8-9) que Deus mandou Moisés construir. Deste modo, é notório o quanto são conhecedores dos Mistérios Divinos.
Ainda nesta primeira hierarquia encontramos os Tronos, que acolhem em si a grandeza do Criador, transmitindo-a aos Anjos inferiores. É esta a sua principal função, sendo por vezes conhecidos como Sedes Dei. São os últimos da Primeira hierarquia.
A Segunda Hierarquia é constituída pelos Santos Anjos, que estão encarregados dos acontecimentos no Universo, sendo dirigentes dos Planos da Eterna Sabedoria.
É no quarto coro Angelical que encontramos as Dominações. Estes pertencem à alta nobreza celeste, e são enviados por Deus face a missões mais relevantes.
Descendentes das Dominações são as Potestades, o quinto coro Angelical formado pelos Santos Anjos que transmitem aquilo que deve ser feito, tratando de modo especial a “forma” ou “maneira” como as coisas devem ser feitas.
Posteriores a estes, mas muito equivalentes, situam-se as Virtudes que transmitem aquilo que os outros Anjos devem fazer, mas que, acima de tudo, auxiliam, para que as coisas sejam realizadas perfeitamente, removendo os obstáculos que interferem no caminho da perfeição das ordens de Deus. São os últimos da segunda hierarquia.
A última hierarquia Angelical, constituída por três coros, é formada pelos Santos Anjos que executam as ordens de Deus. Estão mais perto de nós, e conhecem profundamente a natureza humana, assistindo-os através de várias formas, castigando, insinuando, avisando, entre muitas outras coisas, para que cumpram com exactidão a Vontade Divina.
Os primeiros anjos desta hierarquia são os Santos Anjos Principados. Guias dos mensageiros de Deus, são enviados a príncipes, reis, províncias, etc. Quando os povos não aceitam a mensagem de Deus, estes transformam-se em Anjos Vingadores e derramam as taças da ira Divina, de forma a reconduzi-los através do castigo e da dor.
Inferiormente aos Principados, estão os Arcanjos, apesar de desempenharem grandes funções. Deste coro, salientam-se três: Gabriel, Miguel e Rafael.
Miguel é o anjo padroeiro da igreja católica, e o chefe dos exércitos celestiais, sendo, também, o anjo do arrependimento e da justiça.
Gabriel foi o que anunciou a Maria que estava cheia de graça, e que iria gerar no seu ventre o filho de Deus (Lucas 1, 26).
Rafael é apresentado no livro de Tobias como um dos sete que estão sempre presentes, e tem acesso à glória de Deus (Tobias 12, 15).
 O último à direita é a representação do Arcanjo Miguel
Por último, encontram-se nesta hierarquia os Santos Anjos, que recebem e executam ordens dos coros superiores, estando mais perto de nós do que qualquer outro coro Angelical. Os Santos Anjos caminharam com o povo de Israel no seu êxodo (Êxodo 14:19), e inspiraram o escritor do Livro do Êxodo (Êxodo 23:20-22).
E é esta a ordem da Hierarquia Angelical, bem como as funções desempenhadas por cada um dos elementos que a constitui.
Existem também os Anjos Caídos. Estes são explicação para as forças do mal. Estes chamam-se anjos caídos porque desobedeceram a Deus (ALVES, Herculano – Símbolos na Bíblia. Difusora BÍBLICA, Fátima, Agosto 2001. 1ª Edição, pag. 47).

Este texto foi retirado do meu trabalho, intitulado de Os Anjos no Convento de São José, São Pedro do Sul, realizado para a disciplina de Arqueologia e Arte Cristã e para a disciplina de Seminário Metodologia Científica, no ano lectivo 2009/2010.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Outono


Foi no dia 23 que tudo aconteceu. Deixámos oficialmente o Verão e entrámos no Outono. Bem, pelas temperaturas que se fizeram sentir, parecia que o Outono já tinha chegado, mas na verdade não.
Chegou a altura de deixarmos de ver o verde nas árvores (de folha caduca) e de começarmos a ver os vermelhos, laranjas, amarelos. Agora os bosques enchem-se de mil cores.
Para mim é das estações mais bonitas. As paisagens tornam-se autênticas maravilhas para quem goste de se aventurar por elas.
As folhas ainda não começaram a cair, os casacos ainda estão no fundo dos armários.
Hoje, aquando de um furo no horário, aproveitei e fui fazer umas primeiras fotografias às primeiras transformações desta nova época do ano. Já encontramos o vermelho e laranja nas árvores mais novas. Não tarda, todas estarão com cores quentes, relembrando-nos que se aproxima o tempo das lareiras acesas, dos casacos, gorros e cachecóis. Mas deixo as pequenas fotos que fiz num dos “parques” da cidade.


Os primeiros sinais...

O vermelho

A mudança

O conjunto

«Estrela do Sol»


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sábado, 24 de setembro de 2011

A voz do Silêncio


Pois é, caros leitores, há uns dias que não dou notícias. A verdade é que têm sido dias de muita reflexão e de muita procura interior.
Estou de volta à casa de Viseu (seminário) para mais um ano lectivo.
Este início de ano foi marcado, uma vez mais, com o Retiro Anual de Início de Ano. Mas antes foi altura de fazer algumas mudanças, que no m eu caso se concretizaram na mudança de quarto.
Pois bem, desde Quarta-Feira, ao fim de jantar, até hoje, antes de jantar, retirámo-nos um pouco do mundo exterior para dar lugar e espaço à voz do silêncio. Tivemos como pregador o Pe. Pedro, da diocese de Coimbra, que nos foi falando um pouco sobre diversos temas, entre os quais destaco a importância do silêncio exterior e interior, dando espaço para acolher Aquele que nos chama a estar no seminário; a importância da nossa formação, quer a nível humano e intelectual, quer a nível espiritual e pastoral; e aquele que considero mais importante, que é o Amor que é Deus.
Sobre este tema, do Amor de Deus e que Deus caritas est, sublinho a importância de olharmos para a cruz, não como sinal de morte, com medo ou receio, mas sim como «caminho para a salvação e amor de Deus». Como referia o Pe. Pedro, «há três formas de acolher a cruz e de subir ao calvário: a do mau ladrão, que odeia a cruz até ao fim, a do bom ladrão que acolhe a cruz com resignação e a de Jesus que aceita a cruz como caminho para o amor do Pai».
É claro que este tema me fez lembrar aquela música que nos fala do amor de Deus. Deixo a música para quem a quiser escutar.

(O video não tem imagens, pois foi o único que encontrei em Português)

Findado o retiro, é agora tempo de nos prepararmos para iniciar as aulas deste novo ano lectivo. Já temos os horários e na segunda já começamos em força. Cá eu vou começar com Direito Canónico Fundamental, que me está a dar a “volta ao estômago”.
Um novo ano está a começar e, como diriam os populares, é preciso “agarrar o touro pelos cornos”, isto é, começar bem para que no fim a “pega” seja aplaudida.
Bem, não podia deixar de dizer que hoje, na Diocese de Viseu, celebrámos a memória da Beata Rita Amada de Jesus, que fundou a casa de Jesus Maria e José, que trabalha aqui na nossa Diocese.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 18 de setembro de 2011

Pessoas, donas do Mundo!


Hoje estou intrigado. Já nada me devia admirar, mas continuamente as pessoas surpreendem-me.
O homem nasce livre, segundo o conceito de que o homem é livre quando cumpre os seus direitos e deveres. Mas facilmente o homem passa da liberdade para a libertinagem. Achando-se dono do mundo, faz o que quer e bem lhe apetece. Esquecem-se de que a sua liberdade termina onde começa a liberdade do outro.
E isto tudo surgiu-me, hoje, enquanto ia na procissão da Santa Eufémia. E porquê? Porque as pessoas, ou porque vão cumprir uma promessa, ou porque levam os andores, pensam que já podem fazer tudo o que desejam. E isto porque uma das senhoras que levava o andor, depois de beber a sua garrafinha de água, lançou-a para o chão, sem se preocupar com as consequências do seu acto. Mas não foi a única, pois outros fizeram da mesma maneira. Bem, deviam ter consciência de que por levarem um andor não lhes permite que estraguem o ambiente, e descarreguem a sua consciência com o peso do andor.
Outra situação caricata foi a de as pessoas se colocarem logo atrás do andor da Santa Eufémia, não querendo saber se o seu lugar era aí ou não. Aliás, o que interessa? Eu tenho uma promessa e por isso faço o que quero. E se alguém me diz alguma coisa, eu refilo logo, digo que prometi ir atrás do andor, e que me tiram a fé. E os mordomos, assistindo a tudo, deixam que as pessoas mandem. E depois, ainda ouço dizer: «Façam duas filas que fica mais bonito!» Ah, mas o que é isto? As pessoas estão mal educadas, e ninguém as educa. Deixa-se andar, fazendo o que querem, pois se se fizer algo, tira-se a fé às pessoas. Mas que raio de fé é esta? Fé de procissões, em que ao passar a imagem da, desculpem a expressão, «santinha», todos se benzem e se ajoelham? Essa é que é a nossa fé? Dizia São Paulo, na segunda leitura de hoje, aos Filipenses que para ele, que se considera um aborto (cf. 1 Cor 15, 8), viver é Cristo e morrer é lucro (cf. Fil 1, 20-21a). Ora, para Paulo a sua vida só se completa na vivência em Cristo, até que Ele se forme em todos nós (cf. Gl 4, 19).
Hoje em dia é mais fácil deixar-se as pessoas fazerem o que querem, a tentar educa-las correctamente. E depois admiramo-nos quando ouvimos as pessoas dizerem: «Eu cá tenho a minha fé!». Mas a nossa fé não é igual? Não acreditamos todos em Deus Pai, Filho, Espírito Santo e na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica? Ah, já me esquecia… É só mais uma fórmula que dizemos na missa, sem saber o que significa, como tantas outras coisas. Mas «esta é a fé da Igreja, esta é a nossa fé». Uma fé comum a todos, e não uma fé particular e de cada um. Mas hoje não educamos para isso, não formamos quem possa educar. Bem sei que não é geral, mas o que mais tenho visto…
Mas findo por aqui, não querendo avançar mais, pois poderíamos dizer muito sobre este assunto.
Deixo o link (aqui) de uma das catequeses da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, onde podemos ler e ficar um pouco mais esclarecidos sobre em que se fundamenta a nossa fé!

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Velha linha


Ainda te lembras do comboio pelas tuas terras? Bem, eu não. Lembro-me das linhas, mas não das locomotivas nem do fumo preto. Lembro-me das estações, mas não do seu apitar.


Conta o meu pai, e outros lafonenses, que o comboio percorria toda a zona de Lafões. O fumo negro da locomotiva, o apitar nas estações, entre outras coisas, é algo que faz parte das recordações dos mais velhos.
Bem, agora as linhas já foram, as locomotivas desapareceram, e as estações… Bem, cada uma levou o seu destino. Contudo, os caminhos permaneceram, permitindo que cada um o possa percorrer. E lá fui eu, com mais quatro, pela velha linha do comboio, até à vila de Vouzela.
Cerca de oito quilómetros de caminho de riso, troca de ideias e de muitos disparates.






Chegados a Vouzela, descansámos um pouco nos jardins da igreja matriz, esperando que alguém nos respondesse sobre a hora em que a igreja era aberta. Bem, uma alminha piedosa decidiu responder-nos e decidimos passear um pouco mais por Vouzela. Foi então que visitámos o Museu Municipal, onde se encontra actualmente a exposição “Palavra e Vida”.
Bem, chegou a hora de ir até à igreja antes de voltar para casa.
Na volta, deixámos a linha do comboio e seguimos o caminho junto ao Vouga. A paisagem é lindíssima. Chegado a casa foi altura de almoçar J.
                                                               _______________________
Com esta mensagem chego hoje à minha ducentésima mensagem.
A todos agradeço pelos comentários, pelas visitas e pelas partilhas. Chego à ducentésima mensagem com mais de 10 000 visitas e tudo graças a vós.
O meu muito obrigado a todos vós.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Exaltação da Santa Cruz

Celebra hoje, a Santa Madre Igreja e todo o povo cristão, a Festa da Exaltação da Santa Cruz.
Cristo, Filho de Deus, foi pregado na Cruz, oferecendo o Seu Santo Sacrifício. É assim justo que se venere este sinal que foi veículo da nossa salvação.
Santo André de Creta, no seu sermão da Exaltação da Santa Cruz, no século VIII, escreve assim: «Celebramos a festa da santa cruz, que dissipou as trevas e nos restituiu a luz. Celebramos […] juntamente com o Crucificado […] para que, deixando a terra do pecado, alcancemos os bens celestes. Tão grande é o valor da cruz, que quem o possui, possui um tesouro. […] Com efeito, sem a cruz, Cristo não teria sido crucificado. Sem a cruz, a Vida não teria sido cravada no madeiro. […] A cruz é a glória de Cristo e a exaltação de Cristo. A cruz é o cálice precioso da paixão de Cristo, é a síntese de tudo quanto Ele sofreu por nós.»
Tradicionalmente, a verdadeira cruz foi descoberta, por Helena de Constantinopla, em 326, enquanto peregrinava por Jerusalém. No local onde foi encontrada a cruz foi mandada erguer a Igreja do Santo Sepulcro, dedicada a 13 de Setembro de 335, sendo exposta a cruz a 14 de Setembro do mesmo ano para veneração por parte dos fiéis. Depois das invasões persas em 614, a cruz foi levada pelos invasores, sendo recuperada pelo Imperador Bizantino Heráclito catorze anos depois.
Na Igreja Ortodoxa esta Festa é uma das doze grandes festas no calendário litúrgico. Chama-se a esta festa de Exaltação Universal da Honorável e Vivificante Cruz. Independentemente do dia da semana em que calha esta festa é dia de jejum.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 11 de setembro de 2011

Há dez anos...


Há dez anos a viver sob a sombra deste dia. Há dez anos que os sonhos de muitos se tornaram pesadelos. Há dez anos que milhares de inocentes morreram por causa de ideologias e interesses políticos. Há dez anos que o mundo parou para assistir ao holocausto deste novo milénio.

As minhas recordações desse dia são muito vagas. Não tenho a certeza se almoçava ou se já tinha acabado de almoçar quando o mundo rebentou com esta notícia. Não sei se fazia sol se chuva. Mas de nada isso interessa. A verdade é que assisti a esse holocausto como tantos outros neste mundo: em frente a um ecrã da televisão, chorando ou sentindo compaixão de todos aqueles que perdiam as suas vidas.
De todas as imagens que retenho desse dia, a que mais me impressiona é de ver as pessoas a saltarem do prédio alto. Não sei se acto de coragem ou de loucura. Não sei. O que sei é que essa imagem sempre me ficou marcada.
Não demorou muito tempo até que o mundo assistisse ao desmoronamento das torres. Aqueles gritos horrendos das pessoas permaneceram no meu pensamento durante horas. Tinha onze anos, mas aquele dia, daquele ano, marcou-me para o resto da vida. Aquele acto, aquele pedaço de história que se ia construindo, a que eu assistia como um espectador na cadeira do teatro, marcou o mundo de uma forma horrenda.
Muitas medidas foram tomadas, muitas guerras começaram e milhares de pessoas morreram. O mundo ficou virado ao contrário e os mais velhos, que passaram pela II Grande Guerra, olhavam o passado e pensavam que a história se repetia. A III Guerra Mundial poderia rebentar a qualquer momento. E esta seria para rebentar com tudo. É assim que recordo os meus avós a falarem disso.


Quem nasceu nesse dia, já hoje sabe ler. Agora, etnia e religião muito importam. Agora, estas crianças estão de costas voltadas, separadas e destinadas a viver com ódio umas das outras. É assim que eu vejo as coisas. Árabes e Europeus, muçulmanos ou cristãos, andam de costas voltadas, por um passado que nenhum apagará das suas vidas.
O nome de Deus vem novamente à baila, por diversas razões. Uns gritam o nome de Deus antes de se matarem; outros gritam por Deus para O culpar. Mas Deus nada tem a ver com este horrível crime. Deus nada tem a ver com as escolhas erróneas dos homens. Mas uma vez mais Deus é culpado, e o homem livra a pele, acalma a consciência por ter encontrado um bode expiatório a quem atribuir a culpa das suas acções.
Hoje as famílias recordam os seus familiares mortos. Hoje os heróis daquele dia relembram toda a miscelânea de sentimentos que devem ter sentido. Hoje o homem continua a sofrer por causa deste holocausto.

Há dez anos caíram duas torres no centro de Nova Iorque. Há dez anos o mundo assistiu a mais um capítulo da história. Há dez anos o homem tornou-se ainda mais desconfiado. Há dez anos que Deus é culpado sem ter culpa de nada. Há dez anos, eu chorei por um desconhecido…



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Natividade de Nossa Senhora


«Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que d’Ela nascesse Deus. (…)
Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus.»

Partilho convosco  um excerto do Sermão do Nascimento da Mãe de Deus, escrito pelo Padre António Vieira.
Esta festa, da natividade de Nossa Senhora, é uma festa litúrgica da Igreja Católica e Anglicana, celebrada no dia 8 de Setembro, nove meses após a sua Imaculada Conceição, celebrada a 8 de Dezembro. Na Igreja Ortodoxa celebra-se a Festa de Theotokos, que é uma das doze grandes festas do ano litúrgico.
A origem desta festa é em Jerusalém, começando a ser celebrada no século V como festa da Basílica Santae Mariae ubi nata est, actualmente conhecida como Basílica de Santa Ana. No século VII já era celebrada pelas igrejas bizantinas e em Roma, como festa do nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria, sendo a mesma incluída no calendário tridentino a 8 de Setembro, permanecendo nessa data até hoje.
De acordo com a tradição, Maria nasceu de pais velhos e estéreis, chamados de Joaquim e Ana, como resposta às suas preces.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Seminário de Cernache do Bonjardim

Fachada da Igreja

Hoje foi mais um dia de descoberta.
Há muito tempo que passava ao lado do Seminário das Terras de São Nuno de Santa Maria, mas nunca lá tinha entrado.
Aproveitando estas férias por casa dos meus avós, decidi em ir finalmente visitar o Seminário.
De câmera fotográfica na mão, lá fui eu.
Antes de mais um pouco de história:
-O Seminário do Crato foi fundado no século XVIII e o seu objectivo era preparar sacerdotes para o Grão Priorado do Crato;
-Em 1855 torna-se Colégio das Missões com a anexação da cerca envolvente, onde em 1360 nasce D. Nuno Álvares Pereira;
-Possui um grande património artístico e cultural, com uma famosíssima biblioteca;
-O Seminário explora também a vertente agrícola através da produção vinícola que é comercializado sob a marca «Terras de D. Nuno»;
-A igreja tem um estilo hispano-árabe e possui um magnífico órgão de fole do século de construção do edifício bem como vários quadros de Bento Coelho da Silveira;
-Actualmente o Seminário das Missões pertence à Sociedade Missionária.
Fachada principal do Seminário

Painel de azulejos sobre o Santo Condestável
Órgão

Bem, e lá me encontrava eu na magnífica igreja, a contemplar a sua arquitectura, os seus quadros, quando a «guarda» do seminário me interpelou, dizendo que não sabia se eu podia tirar tantas fotos à igreja. Bem, eu lá lhe disse que era seminarista da diocese de Viseu ao qual ela me respondeu que sendo assim já podia estar à vontade.
Depois explicou-me que na antiga capela do Santíssimo, agora actual capela de São Nuno de Santa Maria, estava sepultado o primeiro Prior do Crato e seu irmão desde 1808.
Interior da igreja
Sacrário


Imagem da Imaculada Conceição

Capela de São Nuno de Santa Maria

Depois mostrou-me o seminário, onde agora só se encontram os alunos do ano de formação.
Após uma pequena visita, fui visitar o monumento a São Nuno de Santa Maria, no local onde estaria o Paço do Bonjardim, local onde nasceu D. Nuno.
Ainda houve tempo de visitar a gruta de Nossa Senhora, local de paz e tranquilidade para aqueles que o visitam.
Enquanto aí orava, a trovoada rebentou nos céus e a chuva começou a cair fortemente.
Voltei ao seminário e despedi-me, acabando assim a minha visita a este belíssimo local.



Painel de azulejo relativo a D. Barroso

O jardim dos claustros fechados

Refeitório

Forno a lenha da época da construção do seminário


Monumento de referência ao Paço de Bonjardim, local do nascimento de D. Nuno

Gruta da Nossa Senhora
Espaço envolvente à gruta



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa