Chegámos, finalmente, ao tempo de
Advento. As montras das lojas já exibiam o tempo natalício, mas só hoje começou
o tempo de preparação para a Grande Vinda.
Como no ano passado, podes ver aqui,
deixo-vos uma imagem, criada por mim, para este tempo.
Este ano, muito simples, a imagem
mostra-nos José e Maria em caminho para o nascimento de Jesus. Também nós
fazemos, durante os quatro domingos do Advento, um percurso de preparação, de
rever as nossas vidas e prepara-las para o nascimento de Jesus. O nosso coração
deve tornar-se pobre e humilde, para melhor receber Jesus. Ao cimo, a palavra Maranatha. Para quem não sabe, esta
palavra de origem aramaica (מרן אתא), que significa “O Senhor vem”. E é esta esperança que nos anima, a esperança e a
certeza de que ele vem até nós, e que vem, nesta época, de forma especial: em
forma de criança. Os ramos floridos são, simbolicamente, a lembrança da
promessa do rebento do tronco de Jessé. A cor branca, sinal de esperança, e o roxo
a cor litúrgica deste tempo.
Hoje, acendemos a primeira vela da coroa do Advento. É de origem
germânica. No Inverno, acendiam-se algumas velas que representavam o
“fogo do deus sol”, com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltasse. Os
primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar, relacionando-a
com Jesus Cristo.
No séc. XVI torna-se símbolo do Advento nas casas dos cristãos.
Este uso difunde-se rapidamente e implanta-se também na América.
No séc. XIX começou a colocar-se a coroa de Advento nas igrejas.
Existe uma tradição que sugere o nome
das quatro velas: vela da Profecia, vela de Belém, vela dos Pastores, vela dos
Anjos.
A sua forma circular indica a perfeição, a plenitude a
que devemos aspirar na nossa vida de cristãos. O círculo não tem princípio, nem
fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do
nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo
dá uma ideia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande
“Aliança”.
Como coroa, significa a dignidade, a realeza que Cristo
veio outorgar ao cristão, isto é, a honra, a grandeza, a alegria, a vitória.
(Em Ap 4,4-10 Cristo aparece como soberano e em Ap 14,14 tem uma coroa na
cabeça como o próprio Deus). É a “coroa dos eleitos”. Uma coroa é usada em
diversas ocasiões: a noiva no casamento, as crianças em certas festas, na
sepultura como sinal de uma vida plena. A coroa de Advento significa também a
plenitude dos tempos.
Os ramos verdes significam também o senhorio de
Cristo sobre a vida e a natureza, dons de Deus. Verde é a cor da vida e da
esperança. Deus oferece-nos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória
da vida eterna no final de nossa vida.
A luz que se acende indica o caminho, afasta o medo
e fomenta a comunhão. A luz das velas é símbolo de Cristo, luz do mundo.
As quatro velas da coroa simbolizam cada uma das
quatro semanas do Advento. Acende-se uma vela em cada semana; uma na primeira,
duas na segunda, três na terceira e quatro na quarta, simbolizando a nossa
ascensão gradual para a plenitude da luz do Natal. No início, vemos nossa coroa
sem luz e sem brilho. Recorda-nos a experiência da escuridão do pecado. À
medida que se vai aproximando o Natal, vamos acendendo uma a uma as quatro
velas, representando assim a chegada do Senhor Jesus, luz do mundo, que dissipa
toda a escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada.
Findo e desejo-vos, a todos, um bom Advento!
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa