quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

«Um por todos, todos por um»


Ontem, dia 28 de Dezembro, a Igreja celebrou os Santos Inocentes. E sobre isso podem ler aqui. E falo-vos sobre isso porque na homilia da missa, o presidente da celebração disse algo que me deixou a pensar e que gostaria de partilhar com os meus leitores.
O lema que todos conhecemos dos desenhos animados Dartacão e de outros lados, o «um por todos e todos por um» tomou, para mim, um novo significado. Os Santos Inocentes, os Profetas e o Povo Hebreu, entre tantos, deram a sua vida, anunciaram e, no caso das crianças, morreram pela mão de Herodes, para preparar a vinda do Salvador. Eles são o «todos» e o Salvador é o «um». Mas este «um» também deu a vida por todos, para nos salvar, para nos livrar do pecado. E o «um» dá-se para o «todos».

Bem, regressei hoje a casa depois de ter estado com os jovens do Seminário em Família em Junqueira. Foi sem dúvida mais uma experiência marcante, mas sobre isso não vos vou chatear, pois poderão ler aqui.



Estamos nas últimas horas deste ano de 2011 e gostaria de fazer um pequeno balanço deste ano do blogue. Chegamos ao fim de um ano, com um total de 236 mensagens, sobre diversos temas, e com um total de 13829 visitas. E é a vós que eu agradeço por tudo isso, porque sem vós nada disso era possível. Um muito obrigado a todos.

Os meus votos para este novo ano que está aqui mesmo à porta é que continueis a sonhar todos os dias, porque os sonhos alimentam a nossa vida e fazem-nos conseguir ultrapassar muitas barreiras. Sejam felizes e nunca percam o vosso lado de loucura, porque a loucura faz-nos sonhar e sonhar faz-nos acreditar que é possível lutar pelo que queremos.
Um Bom Ano 2012 e acreditai nisto: o mundo não vai acabar (como vos falei aqui)!

Bem, findo esta pequena mensagem com uma alegria para vos contar: hoje fui, pela primeira vez a um restaurante chinês e com um grande amigo. Bem, comi algas, bambu, e vitela na chapa; arroz chao-chao, hóstias de camarão e um crepe com óleo de soja. Findei com gelado frito com rum e, em vez do café, bebi um Saké de Arroz. Gostei tanto que tenho de lá voltar :)!



Vá, um Bom 2012 :)! 



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Santo Estêvão

Nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos encontramos um longo relato sobre o martírio de Estêvão, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. Santo Estêvão é chamado de Protomártir, ou seja, ele foi o primeiro mártir de toda a história católica. O seu martírio ocorreu entre o ano 31 e 36 da era cristã. Eis a descrição, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos:

"Estêvão, porém, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga, chamados dos Libertos e dos Cirenenses e dos Alexandrinos, e dos da Cicília e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão, e não puderam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. Subornaram então alguns homens que disseram: 'Ouvimo-lo proferir palavras blasfematórias contra Moisés e contra Deus'. E amotinaram o povo e os Anciãos e Escribas e apoderaram-se dele e conduziram-no ao Sinédrio; e apresentaram falsas testemunhas que disseram: 'Este homem não cessa de proferir palavras contra o Lugar Santo e contra a Lei; pois, ouvimo-lo dizer que Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e mudará os usos que Moisés nos legou'. E todos os que estavam sentados no Sinédrio, tendo fixado os olhares sobre ele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo".

Num longo discurso, Estêvão evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe:

"'Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, resistis sempre ao Espírito Santo, vós sois como os vossos pais. Qual dos profetas não perseguiram os vossos pais, e mataram os que prediziam a vinda do Justo que vós agora traístes e assassinastes? Vós que recebestes a Lei promulgada pelo ministério dos anjos e não a guardastes'. Ao ouvirem estas palavras, exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus e disse: 'Vejo os céus abertos e o Filho do homem que está à direita de Deus'. E levantando um grande clamor, fecharam os olhos e, em conjunto, lançaram-se contra ele. E lançaram-no fora da cidade e apedrejaram-no. E as testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão que invocava Deus e dizia: 'Senhor Jesus, recebe o meu espírito'. Depois, tendo posto os joelhos em terra, gritou em voz alta: 'Senhor, não lhes contes este pecado'. E dizendo isto, adormeceu".

(Roubadinho daqui)


E neste dia de Santo Estêvão,uma vez mais, fui passear por São Pedro do Sul. Tem sido hábito, durante as férias, tirar um dia para redescobrir as maravilhas da minha terra natal.
Desta vez levei comigo o tripé da máquina e fiz algumas fotos engraçadas. Deixo-vos as fotos :)








Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 25 de dezembro de 2011

Passeio de Natal!


Dia de Natal! Jesus nasce de novo para toda a Humanidade. Não nasceu num palácio, não nasceu num berço de ouro, não nasceu no quente de um lar: num estábulo, entre palhas, envolto em panos, aquecido por animais.
Hoje é dia da família por excelência. Então, nada melhor que passar o dia em família.
Depois de celebrada a festa do nascimento de Cristo, de comer o bom borrego, foi altura de se ir passear um pouco. Bem, enquanto o sol brilhou nos céus, passeou-se por Lafões. O sol escondeu-se, e nós retomámos a casa.
Bem, na verdade, hoje não vos quero chatear com muito texto, por isso deixo-vos algumas fotos do dia de hoje.
Feliz Natal a todos vós e continuação de Boas Festas! E não se esqueçam que é o aniversário de Jesus!!!



 




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal


Chegou o Inverno! Não trouxe o frio com ele, porque esse já cá estava. Mas com ele vem, como sempre, o Natal!
Estamos nas vésperas da véspera de Natal e isso significa consoada. Na consoada reúne-se a família toda, em torno de uma mesa toda enfeitada, bem recheada. Não interessam as desavenças que ao longo do ano foram surgindo. O que interessa é estarem todos reunidos, brincando ao faz de conta que somos uma família unida e feliz.
Enche-se a barriga, ri-se um pouco, lembra-se, num breve instante, aqueles que faltam na mesa e chega a altura das sobremesas e dos digestivos. Entretanto é meia-noite e é hora de abrir os tão desejados presentes que nesta época consumista se compraram com tanto amor e carinho, ou a faltas deles, simplesmente para parecer bem. De um momento para o outro é só papéis brilhantes para aqui, fitinhas coloridas para ali, e um monte de presentes no colo. Adormece-se e na manhã seguinte alguns levantam-se cedo para ir à missa: uns por fé, outros para cumprirem a tradição. Acaba o dia 25 e todos voltam à sua vida normal. Durante essa semana reina a alegria e outras coisas, até à passagem de ano que será novamente assim: jantar, passar a meia-noite, beber, dormir e no início do ano voltar a casa. E é assim o Natal nos dias que correm.
Fala-se de um tempo diferente, num tempo natalício. Há até quem diga: ah, é Natal! Mas isto é tudo uma falsidade. Para quê brincar às famílias felizes se dentro de uma semana tudo volta ao normal? Para quê andar a comprar prendinhas muito bonitas e caras, se durante o resto do ano não damos um beijo à nossa mãe no dia da mãe, um abraço ao pai no dia do pai, etc, etc, etc?
O nascimento de Jesus, ou melhor, a celebração do seu nascimento tornou-se, e agora desculpem as minhas palavras, uma época onde reina a falsidade e o consumismo. É uma época onde olhamos mais para o eu do que para o outro. E é tão fácil mudar as coisas… Quantas vezes pensamos naqueles que celebram o Natal sozinhos, ou sem nada para pôr na mesa, ou na humilde troca de simples presentes?
E é só isto o Natal? Então o que é na verdade?
O Natal é a celebração do nascimento do Salvador, num estábulo, na pobreza, ao frio e colocado numa manjedoura. É um dos maiores acontecimentos da humanidade: Deus faz-se Homem e habita entre nós. É este o grande sentido do Natal: tudo o resto foi adicionado ao longo dos tempos. E, na verdade, se se trocam presentes nesta época, é porque os reis magos ofereceram presentes ao Deus-Menino. Então, pensando bem, a Espanha é que faz as coisas bem.
Possivelmente estais a pensar se eu faço tudo aquilo que digo: bem, é claro que gosto de receber um presente, estar com a família, de comer uns doces nessa noite, mas penso naqueles que pouco têm, nos que não têm nada. E é com eles no meu coração que celebro o Natal! E alegro-me, ainda mais, porque o Salvador nasceu para nos salvar no madeiro de uma cruz!
Bem, já chega de paleio.
Como já repararam o design do meu blogue já mudou: agora vive-se o Inverno no Partituras de um Sonho.
Ainda faltam dois dias para o Natal, mas nestes dois dias ninguém perde tempo a visitar blogues, etc. Por isso deixo-vos já a minha mensagem de Natal a todos os meus leitores:

Neste tempo de Natal, desejo que no vosso coração reine a paz e a alegria. Que, após quatro semanas de preparação, o vosso coração esteja disposto a acolher o Deus-Menino e que lá permaneça até ao fim dos nossos tempos! Que o Natal não seja só de Dezembro a Janeiro, mas de Janeiro a Dezembro! No seio da vossa família que tudo seja bom e que reine a unidade! Votos de uma feliz Natividade!





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 18 de dezembro de 2011

Senhora da Esperança & 13º Astroconvívio do NAV


Olá amigos!
Hoje escrevo-vos sobre dois assuntos.

Senhora da Esperança

Festejada no dia de hoje, 18 de Dezembro, a Senhora da Esperança, também celebrada no dia de hoje como Senhora do Ó, Senhora do Parto ou Senhora da Expectação, é a Padroeira do Seminário Maior de Viseu, como podem ler na mensagem do ano passado (aqui). Contudo, nós antecipámos a festa para a sexta-feira correndo como no ano passado, à excepção de que este ano não tivemos nenhuma instituição.
Das palavras do nosso Bispo saliento a parte em que ele afirmava que como a Senhora da Esperança, nós, seminaristas, somos a esperança dos nossos pais, amigos, formadores, padres e do próprio Bispo.
A noite terminou com o jantar e com a conversa no bar da casa.



13º AstroConvívio do NAV

A ansiedade já se fazia sentir quando chegou o dia do Encontro. Ontem, dia 17 de Dezembro, decorreu no campo de futebol da Cortiçada, Aguiar da Beira, o décimo terceiro encontro do Núcleo Astronómico de Viseu (NAV).
Não passaria muito das 17:30, quando nos concentrámos no campo e começámos a montar os telescópios. Se não me falha a memória, quando acabámos de os montar seriam, num total, cinco telescópios e uns binoviewers com sete apaixonados pelo firmamento, a saber: Cristóvão (anfitrião), Miguel (presidente vitalício), Paulo Sanches, Paulo Almeida,Carlos Oliveira e um familiar, e eu!





Depois de darmos uma espreitadela a Vénus e a Júpiter, de falarmos sobre diversos assuntos, decidimos começar a parte do GastroConvívio. Em volta da pedra íamos provando as delícias que cada um trouxe: um bolo-rei salgado (que o anfitrião trouxe para dar a conhecer), uma bola de Lamego (que o Paulo Sanches generosamente trouxe de Lamego), um queijo da Serra (que o vitalício trouxe como prometido), uma cevada, uns palmiers, um pão com sementes (trazidos pelo Paulo Almeida) e uma broa da zona de Lafões.
Infelizmente o Paulo Almeida cortou-se quando generosamente distribuía o queijo da serra. Mas como tínhamos um doutor entre nós, fez-lhe logo os primeiros curativos enviando-o logo para o hospital, tendo que nos deixar, infelizmente.
O gelo 
Ficámos assim quatro para observarmos o céu. Mas, a dado momento, o gelo começou a cair, embaciando os binoviewers, os telescópios e deixando uma camada de gelo por cima das malas!
Findámos o encontro com um cházinho e umas bolachinhas que a mãe, a irmã e o namorado da irmã do Cristóvão nos trouxeram para nos aquecermos.
Depois de tudo arrumado voltámos a casa, abandonando o campo de futebol pelas 23 horas.
O espaço é tão bom que ficaram prometidos mais AstroConvívios naquele local, esperando que apareçam mais amantes do céu.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Chuva


Estou deitado sobre a cama a ouvir a chuva que cai fortemente lá fora.
A minha mente leva-me para lá dos meus horizontes.
Surge-me a imagem de uma cabana, perdida nos montes, rodeada de árvores. Da chaminé surge um fumo intenso, cinzento. A chuva cai fortemente. Uma luz, no recanto da casa, salta pela janela. Do lado de dentro, um homem sentado na poltrona, junto à lareira acesa. Os seus cabelos são brancos como a neve, totalmente brancos. Veste um robe de cores escuras, fazendo um padrão todo ele entrelaçado entre si. Sob as pernas, uma manta. A seu lado uma pequena mesa com um candeeiro. Sustenta nas mãos, o velho homem, um livro de capa castanha, com aparência de já ter sido lido várias vezes. As letras douradas, já gastas e sem brilho.
Retira os óculos e fecha os olhos, poisando o livro sobre as pernas. Poder-se-ia dizer que estaria a dormitar, mas não. De olhos fechados o velho homem ouve o concerto do lado de fora da sua cabana. Um concerto da natureza: a chuva a cair, o vento a soprar por entre as árvores, as copas das altas árvores a tocarem-se umas às outras, o som dos passos dos animais que correm apressados, e o solo da velha coruja.
De novo abre os olhos e olha lentamente à sua volta. A madeira da cabana sustenta em si a história daquele homem, por entre quadros e diplomas.
De novo volta o meu pensamento à realidade. Lá fora a chuva já abrandou, o vento já não sopra com tanta intensidade. Mas no meu pensamento só reside a imagem do velho homem. Pego num livro para ler, mas sempre presente está a imagem do velho!
A chuva volta a cair apressadamente e eu adormeço ao som daquela bela melodia. O meu sonho começa escuro.
Vagueio agora por entre uma floresta, em direcção a uma luz que surge por entre as árvores. No topo o fumo dissolve-se no ar suavemente. De novo a cabana surge na minha mente. Mas já não chove. O céu vestiu-se de estrelas e a lua veio iluminar a noite fria. De novo o velho homem se encontra tal e qual. Mas agora, o livro jaz na mesa e nas suas mãos uma fotografia. Abeiro-me da janela para observar de mais perto. O meu coração decidiu acordar, palpitando fortemente. Na foto via o meu rosto, com traços jovens e cabelo ainda com cor…  


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 11 de dezembro de 2011

Domingo Gaudete II


Estamos já no III Domingo do Advento. Este é chamado o Domingo Gaudete, Domingo da Alegria.


Dentro de duas semanas estamos a celebrar o Natal.
No passado dia oito de Dezembro prometi escrever-vos. Mas quando chegou a hora, não sabia o que vos dizer. Sobre a “história” da Imaculada Conceição, já vos tinha falado (podeis reler aqui). Pensei, então, em falar-vos da passagem do livro do Apocalipse onde se fala da Imaculada Conceição, mas pensei que vos iria maçar. Então não vos cheguei a escrever. Mas deixo-vos o texto para quem quiser ler. Quem não quiser, salta-o.

«E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.
E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.
E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.
E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.
E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.
E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.
E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;
Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.
E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte.
Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.
E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem.
E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar.
E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.
E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.»
Apocalipse 12:1-17

Há dias partilharam uma imagem no Facebook e eu não pude deixar de a partilhar com os meus amigos. Hoje partilho-a convosco, meus leitores. A vós, a imagem:



E na verdade, eu hoje sinto-me assim.
Existem datas, acontecimentos, na nossa vida que nos marcam profundamente. E, na minha vida, aconteceu um há precisamente oito anos. Recordo-me daqueles dias como se fosse hoje.
Eram pelas nove da noite, estando eu nas escadas que desciam da capela para o refeitório do Seminário Menor em Fornos de Algodres, quando senti uma forte dor no peito. Estávamos no Jantar de Natal do Seminário, com os professores da escola, e iríamos começar a animação. Pensei para comigo: «são nervos» e segui. Tudo correu bem.
No dia seguinte, pela manhã, recebi a notícia que mais me marcou.
Agora, oito anos depois, estou sentado à secretária, a escrever-vos estas palavras, com um grande aperto no coração e com as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto.
Sinto muitas saudades e um vazio no meu coração.
Há pouco dizia-vos que me sentia como a imagem. Pois é verdade. Hoje, no meio de tanta gente, tive que dar um sorriso, estar alegre e brincar com as pessoas. Mas por dentro tudo era contrário ao exterior.
Mas eis que chega a noite. E no refúgio do meu quarto liberto tudo aquilo que senti durante este dia.
Há sete anos que trajo preto neste dia. E hoje não foi excepção.
11 de Dezembro de 2003, o dia em que um pouco de mim me deixou.
Ainda te trago no meu coração. Ainda te amo. Mas sei que estás melhor do que eu.
Lá fora a lua brilha, tapada, por vezes, pelas nuvens que não querem partir. E eu despeço-me. Boa noite!



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 4 de dezembro de 2011

Fadista!


A camisa negra repousa, por cima do fato preto, em cima da cama. São nove horas da noite e chega a altura de me vestir. Abotoo os botões da camisa deixando os últimos dois por abotoar. Calço os negros sapatos, de biqueira, e visto o casaco.
Saio de casa e o meu caminhar dirige-se até aos tascos de Alfama. Passo as vielas e recordo na minha mente as letras.
Chego acompanhado pela ansiedade e pelo nervosismo.
Os guitarristas já estão em palco e começam a dedilhar um fado. Dirijo-me para junto deles, colocando-me atrás deles com as mãos em seus ombros.
Estamos em Alfama e nada me levaria a não começar com as “Vielas de Alfama”. Preparo a voz e solto as palavras:

“Horas mortas, noite escura, uma guitarra a trinar, um homem a cantar o seu fado de amargura. E através da vidraça enegrecida e rachada, aquela voz magoada entristece quem lá passa. Vielas de Alfama, ruas da Lisboa antiga, não há fado que não diga, coisas do vosso passado. Vielas de Alfama, beijadas pelo luar, quem me dera lá morar para viver junto do fado…

O silêncio reside na sala até que eu acabe o canto. Inclino-me perante o público ao som das suas palmas.
As cordas ainda geme, mas agora num fado diferente. A Lisboa, sempre presente, têm em seu seio o fado. E não falar dela era impossível… Vem então “Maria Lisboa” até junto a mim.
As horas passam, mas o fado sempre presente.
Chega a hora de me despedir, mas não o podia fazer sem antes deixar sair da minha alma dois fados.

Faço sinal aos guitarristas e convido os presentes a cantarem comigo. E eis que na sala começa a surgir o canto acompanhado pelas palmas e ritmos nas mesas:

Oiça lá, ó senhor Vinho, vai responder-me mas com franqueza, porquê que tira toda a firmeza, a quem encontra no seu caminho? Lá por beber um copinho a mais, até pessoas pacatas, amigo Vinho, em desalinho, vossa mercê faz andar de gatas. É mau o procedimento e a intenção daquilo que faz, entra-se em desequilíbrio, não há equilíbrio que seja capaz. As leis da física falham e a vertical de qualquer lugar, oscila sem se deter e deixa de ser perpendicular.
Eu já fui, responde o Vinho, a folha solta a bailar ao vento, fui raio de sol no firmamento, que trouxe à uva doce carinho. Ainda guardo o calor do sol e, assim, eu até dou vida: aumento o valor seja de quem for, na boa conta, peso e medida. E só faço mal a quem me julga ninguém, faz pouco de mim. Quem me trata como água é ofensa, pago-a! Eu cá sou assim. Vossa mercê tem razão, é ingratidão falar mal do Vinho e, a provar o que digo, vamos, meu amigo, a mais um copinho!

Sem perder a energia de todos os presentes, despeço-me, com a música do meu coração:

Sem a cor das bandeiras domingueiras, nem o sol que tem as chitas, ó Lisboa, sem favor, como as tuas carvoeiras são bonitas. Olhai-as passando, gentis toutinegras, por dentro tão brancas, por fora tão negras. As asas são ancas, num ritmo brando, porque não pisam, deslizam voando.
Ai venham ver, venham ver as Carvoeiras, venham ver os olhos delas, que maneiras têm de olhar. Ai venham ver, dois carvões numa braseira, colocados à janela, para o ventos os atear.

Volto a casa, adormeço sob a minha almofada, com o fado no peito…

Post-Scriptum: Este texto, este sonho, este delírio, é uma forma, minha, de homenagear o Fado que é, agora, Património da Humanidade.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Sinto em mim...


Sinto em mim, a saudade de correr pelos campos…
Sinto em mim, o desejo de gritar infinitamente…
Busco no íntimo do meu ser uma resposta a toda a nostalgia que vive no meu coração. Saudades das pequenas coisas, das pequenas palavras, dos verdes campos, das velhas árvores, de tanta coisa.
E eu que não encontro uma razão para tudo isto.
Fecho os olhos e adormeço, enrolado entre lençóis e cobertores, enxugando as lágrimas na almofada.
E eis que adormeço e que os meus sonhos se obscurecem. As negras nuvens no céu, o ar quente a rodear-me, o cheiro da carqueja. E de repente, no céu, rebentam fortes luzes e, em rápidos instantes, um barulho entorpecedor ecoa pelos montes. A chuva começa a cair, e eu, caminhando, esboço um sorriso em meus lábios.
Entro, agora, nas profundezas das serras escarpadas, procurando as belas cataratas que surgem. O pequeno riacho de água pura e cristalina preenche agora o meu pensamento.
De novo o espaço muda. Agora encontro-me no meio da história, caminhando até ao velho mosteiro. As árvores abundantes fazem-se sentir uma paz e serenidade…
Mas num momento, num curto espaço de tempo, a noite cai e as estrelas brilham no céu. Estou deitado sob o firmamento, contemplando-as.
Mas de novo acordo.
Os meus sonhos levaram-me àquilo que eu tanto gosto: natureza, história, entre tantas outras coisas.
Levanto-me, olho pela janela, e as luzes da cidade entristecem-me. Todo o ruido, toda a poluição, toda a falsidade que aqui se vive leva-me a desejar voltar para a minha terra. Já não mais sinto o som dos riachos, nem o cheiro da carqueja. Já não mais me lembro do brilho das estrelas…
Mas uma certeza eu tenho: que as velhas memórias, as coisas que amo, voltarão a mim, sempre que eu feche os olhos e adormeça.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Luzes de Natal


Hoje começa o mês de Dezembro. Segundo o que dizem, hoje foi a última vez que gozámos este feriado. Para o ano já não haverá.
As luzes de Natal já surgem pela cidade, e hoje, à noite, peguei na máquina e fui tirar umas fotos aos enfeites. Para já, só o Rossio tem luzes.
Segundo o que se consta, ficará por aí, devido à crise.
Bem, mas deixo-me de paleios e, a vós, as fotos:







Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa