Pois é, mas não podia deixar passar este acontecimento como se nada fosse.
Hoje, dia sete do mês de Fevereiro do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2011, festeja-se a Festa da Cinco Chagas do Senhor.
Segundo a Liturgia das Horas, “o culto das Cinco Chagas do Senhor, isto é, as feridas que Cristo recebeu na cruz e manifestou aos Apóstolos depois da ressurreição, foi sempre uma devoção muito viva entre os portugueses, desde os começos da nacionalidade. São disso testemunho a literatura religiosa e a onomástica referente a pessoas e instituições. Os Lusíadas sintetizam (I,7) o simbolismo que tradicionalmente relaciona as armas da bandeira nacional com as Chagas de Cristo. Assim, os Romanos Pontífices, a partir de Bento XIV, concederam para Portugal uma festa particular, que ultimamente veio a ser fixada neste dia.”
Pois bem, como já se referiu, o povo português “era” muito devoto desta festa. E eu digo “era” porque, e vós todos o sabeis bem, vivemos um tempo em que a religião é posta à margem e motivo de chacota.
Mas antigamente, o povo festejava este dia com grande amor e piedade. As chagas foram o sofrimento de Cristo na cruz; elas foram a prova de que Ele ressuscitara.
O nosso grande e ilustre poeta (sem desfazendo outros poetas muito bons também) cantou assim na sua obra-prima estas “feridas” de Cristo.
Eis o que ele escreveu:
“Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,Na qual vos deu por armas, e deixouAs que Ele para si na Cruz tomou)
(Lusíadas, I-7)
Mas, para surpresa de muitos que se declaram ateus, mas bem patriotas, as Cinco Chagas estão presentes na bandeira: repetidas por 5 vezes (os 5 pontos brancos dentro de cada quina representam as 5 Chagas de Cristo).
Desta forma, bendito e louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, por nos dar este sinal da sua morte e ressurreição, enaltecido seja Camões por nos recordar que Deus está sempre connosco (mesmo que seja na bandeira) e Bento XIV, que nos deu esta festa, a nós, povo nobre e Lusitano!
«Todos os que me vêem, escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
"Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo".
Matilhas de cães me rodearam,
cercou‑me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai‑Vos a socorrer‑me.
Hei‑de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei‑de louvar‑Vos no meio da assembleia.
Vós que temeis o Senhor, louvai‑O,
glorificai‑O, Vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai‑O, vós todos os filhos de Israel.»
[Salmo 21(22)]
Ismael Sousa
Sim, uma festa única e exclusivamente nossa que como sal da terra e luz do mundo, ainda em rescaldo do V Domingo do Tempo Comum - Ano A, devemos irradiá-la na sociedade de hoje. Como referiu o nosso pastor Diocesano hoje, ao presidir para nós, a cruz, símbolo de dor e sofrimento é donde dimana a nova vida, a vida plena em Cristo Jesus, o Senhor da Vida e da morte.
ResponderEliminaras chagas, sinal não de sofrimento, mas do quanto Deus nos ama, do fazer-se doação em Amor, do vencer a morte pela oferta da Vida...
ResponderEliminarComo seria importante, não apenas pela festa, mas pelo entender da simbologia da eloquência, não humana ou da inteligência, como lembrava anteontem S. Paulo, mas do Sangue de onde brota a verdadeira Vida...
sim n.a., foi nesse sentido que ele apelou: o que outrora fora sofrimento, é agora fonte de vida pela Sua dádiva ...
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