quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A cidade...

A noite fria envolve todo o meu ser uma vez mais.
Estou sentado no solitário banco de jardim, onde jazem as árvores despidas das suas folhas, com os ramos a dançarem com o vento, deixando cair algumas gostas do frio orvalho que cai.
Olho o céu, negro por causa das nuvens que ameaçam deixar cair lágrimas pela cidade.
Todo o meu ser está frio e sem sentido.
Levanto-me e decido passear pela cidade fria e deserta. Todas as coisas se tornam novas a meus olhos.
As lágrimas que as nuvens prometiam começaram a cair, mas em flocos de neve branca e pura. Toda a cidade fica coberta por um manto branco e cristalino, dando uma nova imagem à cidade.
As árvores, antes despidas de folhas, vestem-se agora com um manto branco. Toda a cidade se renova com um ar mais puro.
Sobre os meus ombros começa a acumular-se aquelas lágrimas cristalinas deixadas cair dos céus.
Lá longe, um mocho anuncia a todos os que se predispõem a ouvir a chegada da neve.
Deito-me sobre a minha cama, com o olhar fixo no fantástico espectáculo que decorre do lado de fora. Pego no velho Tólstoi, que reside sobre a minha cabeceira e percorro aquelas palavras que muito me deliciam. Páginas e páginas se seguem e quando dou por mim, os primeiros raios de sol aparecem no horizonte. As nuvens já não choram mais, mas a cidade tem agora sobre si a manifestação do Inverno que não queria chegar.
De pressa me visto para não perder aquele belo espectáculo. Do alto da minha casa consigo contemplar toda a cidade vestida. Uma pintura poderia retratar esta minha visão tão bem: a torre da Igreja, os telhados das casas, as árvores dos jardins, as ruas, os candeeiros, tudo coberto de neve.
Caminho pelo bosque apreciando este espectáculo da natureza que, sozinha, consegue actos que o homem nunca conseguirá.
Os esquilos saem das suas tocas, saltando de árvore em árvore, procurando as últimas reservas de comida. As raposas caminham pela neve, mostrando aos seus filhotes a beleza do inverno. Os lobos correm, la em cima do monte, divertindo-se na beleza do inverno.
A altura da neve faz com que os meus pés entrem no meio dela, esforçando-me para conseguir dar cada passo. A velha capa, que sempre me acompanhou, desliza por cima daquela beleza, apagando o rasto da minha passagem.
Os raios de sol perfuram por entre as árvores, dando uma cor viva à pureza daquele branco.
Lá longe, na cidade, começam a ouvir-se os primeiros motores dando testemunho que uma vez mais o homem destrói aquilo que a natureza constrói com tanto amor e dedicação, para surpreender o homem.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo comentário!