segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Jesus e a Igreja na imprensa


Na semana que antecedeu o Natal, duas revistas portuguesas decidiram falar sobre Jesus e a Igreja. É um tema sempre muito interessante e os jornalistas têm sempre muito a dizer sobre o assunto. Comprei as duas revistas, li-as e decidi fazer uma pequena reflexão sobre elas. Mas antes de começar a reflexão ou análise, como lhe queiram chamar, quero que fique bem claro que é uma análise minha, só minha, e que algumas pessoas podem discordar. Aqueles que discordarem, podem comentar e assim fazemos um balanço das opiniões.

Bem, vou começar com a revista Focus que foi a que saiu em primeiro.
Na capa da Revista Focus nº 636 da semana de 21 a 27 de Dezembro de 2011, pode ler-se na capa o seguinte título: «Conheça os 7 pecados católicos que fazem com que os portugueses se afastem da Igreja»
Bem, começando a ler o artigo referente à capa, escrito por Sofia Filipe, começamos logo por constatar uma verdade para todos nós: «Há falta de sacerdotes, as igrejas estão mais vazias e parece que a crise de valores veio para ficar.» Bem, é verdade, a crise de valores é algo contra a qual a Igreja luta diariamente. A indiferença, o carpe diem, e outras coisas mais têm levado a sociedade a romper com os antigos valores. Se podemos chamar a isto evolução, eu acho que não, mas sim um retrocesso.
Depois de uma introdução, começam por ser inumerados os “pecados”. O primeiro é o «Valor conferido à tradição». Segundo Moisés Espírito Santo «o grande handicap do catolicismo é o valor que a Igreja confere à tradição como fonte de verdade» e que esta tem o mesmo valor que os Evangelhos. Bem, eu não sei como pode a sagrada Tradição ser um pecado para a Igreja. Eu só a consigo ver como uma fonte de doutrina, uma forma de ajudar as pessoas a compreenderem certas coisas e a serem fiéis aos ensinamentos de Cristo. Se ignorássemos a sagrada Tradição, estaríamos a fugir à forma como a Igreja era dirigida nos primeiros séculos, à forma de celebrar a Eucaristia, etc. Se um padre retira uma procissão a uma paróquia, é logo um escândalo, porque é tradição. Não guardar a sagrada Tradição, seria desviarmo-nos da raiz do Cristianismo.
O segundo pecado é a «Falta de Sacerdotes». Segundo este “pecado” não há muito a dizer porque são só apresentadas estatísticas da diminuição de seminaristas e por consequência, a diminuição de sacerdotes. Volto a repetir que não sei em que que isto é pecado, mas a verdade é que a diminuição de sacerdotes tem sido prejudicial para toda a Igreja. Há uma falta de vocações e penso que umas das razões é a tal crise de valores e a opressão, o medo de arriscar, simplesmente porque a sociedade pode olhar com maus olhos.
O terceiro refere-se à «Perda de identidade social». Alfredo Teixeira afirma que «quem integra uma paróquia fá-lo porque acredita encontrar uma resposta adequada às suas necessidades». Ora, ser Católico não é a perda de uma identidade, mas a formação da mesma. É um aceitar os valores que a Igreja transmite e um assumir da sua verdadeira crença.
Sobre o quarto pecado, não tenho muito a dizer. Este refere-se aos «Escândalos de pedofilia» e posso dizer que, na verdade, este é um grande pecado para a Igreja. Bento XVI defendeu que os abusadores deveriam ser punidos pela Justiça.
O quinto pecado é a «Desarticulação entre crer e pertencer», pois, nos dias que correm, muitos são os que pertencem e não crêem, bem como os que crêem e não pertencem. «Manuel Morujão tece críticas `”falta de testemunho, de viver no concreto do quotidiano as verdades da fé, o mandamento do amor com todas as implicações práticas. A fé é para exercitar e praticar”».
O sexto pecado é aquele que me parece mais absurdo, referente ao «Afastamento de mulheres e de jovens». Neste ponto fala-se de uma descriminação da mulher na hierarquia da Igreja, o que é um completo absurdo. As mulheres têm o seu importante papel na Igreja e sempre foram auxiliadas por elas (podemos ler isso nos escritos dos primeiros séculos). E antes de a sociedade começar a ver as mulheres de maneira diferente, já a Igreja as incluía e lhes dava importantes papeis. O Concílio Vaticano II afirmou a importância da mulher na vida da Igreja (LG IV)
O sétimo e último pecado fala sobre a «Comunicação». Nunca como hoje a Igreja esteve tanto em comunicação: pela internet, televisão, rádio, livros, etc. Quem quiser tem tudo à sua disponibilidade.
Concluo esta análise com a seguinte ideia: serão pecados da Igreja ou pecados que atribuímos à Igreja como bode expiatório?

A revista Sábado nº 339 da semana de 22 a 28 de Dezembro de 2011 exibe o seguinte título: «O que a Bíblia não conta sobre Jesus: a vida misteriosa entre os 12 e os 30 anos».
O artigo referente ao título da capa, por Pedro Jorge Castro, fala sobre inúmeras possibilidades das acções de Cristo entre os 12 e os 30 anos. De todas as hipóteses apresentadas, quero só realçar duas ou três.
Segundo a Bíblia, Jesus depois de ter subido ao templo aos doze anos, de ter ficado entre os doutores e ser encontrado por seus pais, voltou para Nazaré onde crescendo em sabedoria e em graça. Seu pai adoptivo, São José era carpinteiro e terá ensinado a Jesus a sua arte. Jesus poderá ter trabalhado como carpinteiro. Deus fez-Se homem e viveu entre os homens e como os homens, por isso é possível que tenha trabalhado. Contudo fala-se que Ele terá se casado aos vinte anos, como era costume entre os judeus. Mas nada impossibilita que tenha optado pelo celibato como outros judeus contemporâneos de Jesus. Quanto às mulheres de Jesus fala-se em três: Maria de Betânia, Maria Madalena e Salomé.
Outra hipótese que surge é que ele tenha fugido de casa de seus pais, vivendo como um vagabundo e que depois tenha encontrado João Baptista com quem aprendera os ensinamentos. Bem, se bem me lembro, João Baptista não teria mais de nove meses de diferença de Jesus. E eram primos!
Uma outra tese é que Ele tenha andado pela Índia. E porque não? Não se sabe, e fazer especulações não nos leva a nada, pois caímos no risco de fazer de figura de parvo.
Achei piada a que dissessem que Bento XVI no seu livro Jesus de Nazaré não faça referência à infância de Jesus, começando logo pelo Baptismo. Ora, Bento XVI decidiu falar em primeiro lugar da vida pública de Jesus, prometendo, no prefácio, a promessa de um livro sobre as narrativas da Sua infância, reforçando essa promessa no segundo volume de Jesus de Nazaré.
Findo com a análise a cinco mini textos presentes na revista, na página 54:
Em primeiro lugar dizem que Jesus terá nascido antes da era cristã e que não foi no dia 25 de Dezembro (note-se que esta data está a negrito). Pois bem, toda a gente o sabe, como também sabe que foi uma data fixada para comemorar o nascimento de Cristo. Depois diz que Jesus teria quatro irmãos e ppelo menos duas irmãs. Se estudarem a cultura judaica naquela época, saberão que os primos eram chamados de irmãos. Seguidamente falam das línguas que Jesus falava: hebraico, aramaico, grego e latim. A última acho pouco provável, porque entre os judeus falava-se o hebraico e o aramaico e, em alguns casos, o grego. Ora o latim não estava difundido.
Peço desculpa por esta mensagem ser tão grande, mas era minha vontade falar-vos um pouco sobre as barbaridades que se escrevem e circulam pela sociedade.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

2 comentários:

  1. sabes que tens de ler estas publicações à luz da mensagem que elas pretendem veicular... a sua preocupação não é a veracidade dos factos, mas o que se pretende induzir com eles... aqui, não há lugar para inocências...

    ResponderEliminar
  2. Ismael apesar de eu não ser católico, penso que se entrou numa de critica gratuita à religião católica. Penso que para um católico jesus ser ou não casado não muda o seu modo de ver e viver a sua religião, ter ou não ter irmãos também não. o que interessa é a mensagem religiosa que Cristo quis mostrar aos homens, e infelizmente essa mensagem foi sendo deturpada e esquecida ao longo dos anos.
    Paulo Almeida (NAV :) )

    Abraço

    ResponderEliminar

Obrigado pelo comentário!