Pois é amigo, hoje é o terceiro Domingo do tempo do Advento, mais conhecido por Domingo Gaudete.
Gaudete é uma palavra latina que significa Alegria. Como o nome do Domingo indica é tempo de nos alegrarmos pois o Salvador está para nascer. O seu nascimento é, como já referi em post’s anteriores, um dos acontecimentos mais importantes para nós, cristãos. É tempo de alegria, de ver sorrisos nas caras, de perdoar a quem nos ofendeu, a quem nos fez mal… É tempo de pedirmos desculpa às pessoas a que fizemos mal, que magoámos sem queremos. É tempo de reconciliação e de amarmos o irmão. É tempo de começarmos a preparar os nossos corações. Entristece-me saber que muitos cristãos não sabem o que é o Domingo Gaudete.
Recordo, em mais uma daquelas minhas recordações, que neste Domingo a minha família saí-a toda de casa, em direcção a Viseu…. Não para fazer compras mas sim para vermos as luzes de Natal. Era assim todos os anos.
Este ano os enfeites de natal pela cidade diminuíram, as luzes são menos… Recorda-nos, assim, a tal dita crise. Contudo, neste Domingo, temos que nos alegrar e deixar de parte tudo isso.
Porque não fazer uma visita a um familiar que está só? Visitar um velhinho que está no lar e que a família não lhe liga nenhuma?
É tempo de pararmos, escutarmos o coração e fazer alguma acção de bondade para com os outros… Porque não hoje, quando andares a passear e vires um pedinte a pedir, pagares-lhe um lanche? Porque não?
Relembro agora uma história, verídica, que me contaram não há muito tempo.
Uma pessoa que se encontrava num estabelecimento a tomar o pequeno-almoço, viu entrar pela porta um pedinte. O homem tinha a roupa suja e tinha até um cheiro esquisito. Na sua suplica o homem pediu a alguém que lhe matasse a fome… Todos se encolheram no seu canto e continuaram as suas vidas. Mas o protagonista desta história disse ao homem que pedisse que ele pagava. O homem, na sua simplicidade, pediu apenas um pão. O protagonista disse que não. Perguntou-lhe se ele queria uma meia de leite e um pão com queijo. O pobre homem lá aceitou. Enquanto falavam o homem contou a sua história ao protagonista: vinha do Norte, tinha deixado a família lá e tinha vindo para Viseu para conseguir algum dinheiro para mandar para a família. Estava sem dinheiro, sem emprego, sem casa e não conseguia contactar com a família que estava no Norte. Passados uns anos, o protagonista entrou de novo no mesmo estabelecimento e enquanto tomava o seu café alguém lhe tocou nas costas dizendo: “Não me conhece pois não?” O protagonista muito admirado afirmou que não. O homem disse-lhe: “Pois, mas eu conheço-o. Aqui há uns anos entrei neste mesmo estabelecimento e pedi a alguém que me matasse a fome. Todos viraram costas e o senhor foi o único que foi capaz de me pagar o pequeno-almoço. Naquele dia estava mesmo para por um fim à vida, mas o senhor conseguiu meter uma vírgula onde eu queria por um ponto final. A partir daquele dia consegui arranjar trabalho, já trouxe a minha família para baixo, a minha mulher já arranjou emprego, já temos casa e os meus filhos já estão a estudar. Já cá vim algumas vezes a ver se o encontrava para lhe agradecer.”
Pois é, pequenos milagres existem, e este foi um deles.
Tomem esta história como exemplo e sejam generosos para alguém: tentem vender vírgulas onde se quer por pontos finais.
Amem o vosso irmão, amem o vosso próximo. Não andeis por aí como as canas nos desertos que dançam ao sabor do vento.
Alegrai-vos pois o Salvador está a chegar.
Ismael Sousa
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