quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Janela aberta!

Saio de casa, com a capa pelas costas, e passeio pela cidade. Acendo um cigarro e olho as torres da Sé!
Sigo caminho olhando as pessoas que passam apressadas e sem olharem à sua frente!
Sento-me no cruzeiro da Sé, e olho à minha volta: lá longe, junto à velha porta da catedral, um velho homem derrama lágrimas e suspira!
Tento olhar para os seus olhos e perceber que história está por de traz dele.
Reconheço-o pelos traços do seu rosto.
Aquele homem deixou lá longe todos os seus sonhos, todos os sentimentos que um dia sentiu! Só existe o vago, o vazio, o espaço e o silêncio!
Já nada na sua vida tem um sentido: a lua não mais surgiu para o iluminar; o sol não mais raiou... Todos aqueles que estavam a seu lado o deixaram... Deles esperou todos os dias uma palavra!
Enquanto passeava pelas ruas, passando por inúmeras pessoas, sentia a solidão no seu coração!
Alguns que passavam por ele reconheciam-no e viravam-lhe a cara... Não lhe dirigem nem uma pequena e curta saudação!
Recolheu-se no seu canto, onde as lágrimas correm sem ter fim.
Fartou-se do mundo! Do mundo onde estava sempre rodeado de pessoas à sua volta sem o conhecerem... Fartou-se de odiar a solidão e procurar sempre companhia à sua volta!
Rodeou-se de múltiplas pessoas que nada lhe dizem!
Procura agora a solidão, apesar da dor que ela lhe provoca!
Decide continuar a sua vida, deixando todos para trás!
Levanta-se e passa por mim, tentando esconder a sua cara. Baixo o meu rosto para que ele não me reconheça e não se sinta mal!
Levanto-me e olho o horizonte! Dói-me o coração de o ver assim!
Mas relembro que Deus por cada porta que fecha, abre sempre uma janela!
Rezo por ele, pedindo a Deus que lhe indique a janela que abriu para o meu velho professor.


Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

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