Na semana que antecedeu o Natal,
duas revistas portuguesas decidiram falar sobre Jesus e a Igreja. É um tema
sempre muito interessante e os jornalistas têm sempre muito a dizer sobre o
assunto. Comprei as duas revistas, li-as e decidi fazer uma pequena reflexão
sobre elas. Mas antes de começar a reflexão ou análise, como lhe queiram
chamar, quero que fique bem claro que é uma análise minha, só minha, e que
algumas pessoas podem discordar. Aqueles que discordarem, podem comentar e assim
fazemos um balanço das opiniões.
Bem, vou começar com a revista
Focus que foi a que saiu em primeiro.
Na capa da Revista Focus nº 636
da semana de 21 a 27 de Dezembro de 2011, pode ler-se na capa o seguinte
título: «Conheça os 7 pecados católicos
que fazem com que os portugueses se afastem da Igreja»
Bem, começando a ler o artigo
referente à capa, escrito por Sofia Filipe, começamos logo por constatar uma
verdade para todos nós: «Há falta de
sacerdotes, as igrejas estão mais vazias e parece que a crise de valores veio
para ficar.» Bem, é verdade, a crise de valores é algo contra a qual a
Igreja luta diariamente. A indiferença, o carpe
diem, e outras coisas mais têm levado a sociedade a romper com os antigos
valores. Se podemos chamar a isto evolução, eu acho que não, mas sim um
retrocesso.
Depois de uma introdução, começam
por ser inumerados os “pecados”. O primeiro é o «Valor conferido à tradição». Segundo Moisés Espírito Santo «o grande handicap do catolicismo é o valor
que a Igreja confere à tradição como fonte de verdade» e que esta tem o
mesmo valor que os Evangelhos. Bem, eu não sei como pode a sagrada Tradição ser
um pecado para a Igreja. Eu só a consigo ver como uma fonte de doutrina, uma
forma de ajudar as pessoas a compreenderem certas coisas e a serem fiéis aos
ensinamentos de Cristo. Se ignorássemos a sagrada Tradição, estaríamos a fugir
à forma como a Igreja era dirigida nos primeiros séculos, à forma de celebrar a
Eucaristia, etc. Se um padre retira uma procissão a uma paróquia, é logo um escândalo,
porque é tradição. Não guardar a sagrada Tradição, seria desviarmo-nos da raiz
do Cristianismo.
O segundo pecado é a «Falta de
Sacerdotes». Segundo este “pecado” não há muito a dizer porque são só
apresentadas estatísticas da diminuição de seminaristas e por consequência, a
diminuição de sacerdotes. Volto a repetir que não sei em que que isto é pecado,
mas a verdade é que a diminuição de sacerdotes tem sido prejudicial para toda a
Igreja. Há uma falta de vocações e penso que umas das razões é a tal crise de
valores e a opressão, o medo de arriscar, simplesmente porque a sociedade pode
olhar com maus olhos.
O terceiro refere-se à «Perda de
identidade social». Alfredo Teixeira afirma que «quem integra uma paróquia fá-lo porque acredita encontrar uma resposta adequada
às suas necessidades». Ora, ser Católico não é a perda de uma identidade,
mas a formação da mesma. É um aceitar os valores que a Igreja transmite e um
assumir da sua verdadeira crença.
Sobre o quarto pecado, não tenho
muito a dizer. Este refere-se aos «Escândalos
de pedofilia» e posso dizer que, na verdade, este é um grande pecado para a
Igreja. Bento XVI defendeu que os abusadores deveriam ser punidos pela Justiça.
O quinto pecado é a «Desarticulação entre crer e pertencer»,
pois, nos dias que correm, muitos são os que pertencem e não crêem, bem como os
que crêem e não pertencem. «Manuel
Morujão tece críticas `”falta de testemunho, de viver no concreto do quotidiano
as verdades da fé, o mandamento do amor com todas as implicações práticas. A fé
é para exercitar e praticar”».
O sexto pecado é aquele que me
parece mais absurdo, referente ao «Afastamento
de mulheres e de jovens». Neste ponto fala-se de uma descriminação da mulher
na hierarquia da Igreja, o que é um completo absurdo. As mulheres têm o seu
importante papel na Igreja e sempre foram auxiliadas por elas (podemos ler isso
nos escritos dos primeiros séculos). E antes de a sociedade começar a ver as
mulheres de maneira diferente, já a Igreja as incluía e lhes dava importantes
papeis. O Concílio Vaticano II afirmou a importância da mulher na vida da
Igreja (LG IV)
O sétimo e último pecado fala
sobre a «Comunicação». Nunca como hoje a Igreja esteve tanto em comunicação:
pela internet, televisão, rádio, livros, etc. Quem quiser tem tudo à sua disponibilidade.
Concluo esta análise com a
seguinte ideia: serão pecados da Igreja ou pecados que atribuímos à Igreja como
bode expiatório?
A revista Sábado nº 339 da semana
de 22 a 28 de Dezembro de 2011 exibe o seguinte título: «O que a Bíblia não
conta sobre Jesus: a vida misteriosa entre os 12 e os 30 anos».
O artigo referente ao título da
capa, por Pedro Jorge Castro, fala sobre inúmeras possibilidades das acções de
Cristo entre os 12 e os 30 anos. De todas as hipóteses apresentadas, quero só
realçar duas ou três.
Segundo a Bíblia, Jesus depois de
ter subido ao templo aos doze anos, de ter ficado entre os doutores e ser
encontrado por seus pais, voltou para Nazaré onde crescendo em sabedoria e em
graça. Seu pai adoptivo, São José era carpinteiro e terá ensinado a Jesus a sua
arte. Jesus poderá ter trabalhado como carpinteiro. Deus fez-Se homem e viveu
entre os homens e como os homens, por isso é possível que tenha trabalhado.
Contudo fala-se que Ele terá se casado aos vinte anos, como era costume entre
os judeus. Mas nada impossibilita que tenha optado pelo celibato como outros
judeus contemporâneos de Jesus. Quanto às mulheres de Jesus fala-se em três:
Maria de Betânia, Maria Madalena e Salomé.
Outra hipótese que surge é que
ele tenha fugido de casa de seus pais, vivendo como um vagabundo e que depois
tenha encontrado João Baptista com quem aprendera os ensinamentos. Bem, se bem
me lembro, João Baptista não teria mais de nove meses de diferença de Jesus. E
eram primos!
Uma outra tese é que Ele tenha
andado pela Índia. E porque não? Não se sabe, e fazer especulações não nos leva
a nada, pois caímos no risco de fazer de figura de parvo.
Achei piada a que dissessem que
Bento XVI no seu livro Jesus de Nazaré não faça referência à infância de Jesus,
começando logo pelo Baptismo. Ora, Bento XVI decidiu falar em primeiro lugar da
vida pública de Jesus, prometendo, no prefácio, a promessa de um livro sobre as
narrativas da Sua infância, reforçando essa promessa no segundo volume de Jesus
de Nazaré.
Findo com a análise a cinco mini textos
presentes na revista, na página 54:
Em primeiro lugar dizem que Jesus
terá nascido antes da era cristã e que não foi no dia 25 de Dezembro (note-se
que esta data está a negrito). Pois bem, toda a gente o sabe, como também sabe
que foi uma data fixada para comemorar o nascimento de Cristo. Depois diz que
Jesus teria quatro irmãos e ppelo menos duas irmãs. Se estudarem a cultura
judaica naquela época, saberão que os primos eram chamados de irmãos.
Seguidamente falam das línguas que Jesus falava: hebraico, aramaico, grego e
latim. A última acho pouco provável, porque entre os judeus falava-se o
hebraico e o aramaico e, em alguns casos, o grego. Ora o latim não estava
difundido.
Peço desculpa por esta mensagem
ser tão grande, mas era minha vontade falar-vos um pouco sobre as barbaridades
que se escrevem e circulam pela sociedade.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa