quarta-feira, 27 de abril de 2011

YouCat

Pois é, por incrível que pareça, ainda não vos tinha falado sobre este assunto. O pouco que fiz foi numa pequena referência.
Mas chegou a altura de vos falar do YouCat. Mas para vos falar dele, tenho de recorrer a algumas palavras do Santo Padre Bento XVI.
Este livro «invulgar», pela forma como surgiu e pelo conteúdo, nasceu de uma obra dos anos 80, num tempo difícil, tanto para a Igreja como para a sociedade mundial. O mundo já não sabia no que acreditava, andando um pouco à deriva.
É então que «o Papa João Paulo II tomou […] uma resolução audaz». Para ele, os bispos do mundo deviam escrever um livro com respostas e linhas de orientação para um mundo perdido. Sob a orientação do então cardeal Joseph Ratzinger, o livro surgiu com o título antiquado de Catecismo da Igreja Católica mas com um conteúdo totalmente novo.
Contudo, surgiu a grande questão: não se deveria traduzir o Catecismo da Igreja Católica na linguagem dos jovens e assim introduzir as suas grandes afirmações no seu mundo?
É então que surge o YouCat sob a orientação do arcebispo de Viena, Christoph Schönborn.
YouCat é uma abreviatura de Youth Catechism (Catecismo Jovem).
Este baseia-se no Catecismo da Igreja Católica – obra universal de referência em Igreja – e adopta a sua estrutura formal. A partir do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, o YouCat recolhe a mesma estrutura de pergunta e resposta.
Examinado pela Congregação para a Doutrina da Fé, goza do apoio da Congregação para o Clero e do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
O Papa Bento XVI contribuiu com o prefácio do YouCat, onde recomenda fortemente que os jovens «estudem o catecismo! Este é o meu maior desejo.»
O posfácio da edição portuguesa foi escrito pelo cardeal José Policarpo.

Deixo-vos um link, para que possam ler o prefácio, se quiserem adoçar um pouco mais o gosto por este livro: http://catolicosnarede.wordpress.com/2011/02/08/prefacio-de-bento-xvi-ao-catecismo-para-jovens-youcat/





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril!

Hoje é 25 de Abril.
Há trinta e seis anos que os Capitães de Abril percorreram as ruas da cidade de Lisboa, se revolucionaram. Nos canos das armas foram colocados cravos, ficando assim conhecida como a “Revolução dos Cravos”.
Muito poderia escrever sobre este tema. Muito poderia eu tentar dizer e opinar. Mas, na verdade, eu tenho somente vinte anos, e qualquer coisa que eu tente escrever, qualquer coisa que eu tente descrever será erróneo.
Se quiserem saber algo mais sobre este dia, podem sempre procurar nos livros de história, ou na internet.


Por isso, não falarei sobre o acontecimento do 25 de Abril, mas falarei sobre uma das maiores marcas desse tempo.
Infelizmente, este homem ficou mais conhecido por ser revolucionário, do que por ser cantor.
Há quem diga que foi revolucionário, outros simplesmente cantor: poder-se-ia dizer que terá sido um pouco dos dois.
Não podemos negar que as suas músicas tinham conteúdo revolucionário, mas eram tão diferentes...
Deixo-vos então uma das melhores músicas dele para mim!


Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada

Outra que eu souber será pra ti
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô (bis)
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 24 de abril de 2011

Festa da Páscoa - Alegria no Mundo

O que dizer sobre este dia?
Já muito foi dito, já muito foi escrito.
Jesus Ressuscitou e está entre nós. O sepulcro está vazio…
Hoje é a festa das festas, o dia por excelência de «Cristo Senhor», em que Ele, depois de ter passado pela morte, para conhecer tudo o que ela encerra de dor e humilhação, triunfou faz trevas da morte para nunca mais morrer!
Neste «dia que o Senhor fez», tem o seu termo, a sua coroação as grandes intervenções de Deus, as Suas diversas «páscoas», ao longo da História da Salvação.
Mas, ao mesmo tempo, tem início a nova criação. Com efeito, a palavra omnipotente de Deus, que chamou à vida imortal Jesus de Nazaré, Filho de Deus e Filho de Maria, fez surgir o «homem novo», redimido pelo Cordeiro Pascal.
Com a Páscoa, nasce, portanto, o novo Povo de Deus, a Igreja, pela qual Cristo, entrando agora num novo modo de existência continua presente no meio do mundo, especialmente pela acção pascal dos Sacramentos e pelo dom do Espírito Santo.
Com a Páscoa, os cristãos animados pela vida nova, surgida no seio da «noite mais clara do que o dia», vêem-se já transformados pela força mesma da Ressurreição. Apesar das misérias e sofrimentos da humanidade, sabem que o nosso mundo tem um destino maravilhoso, o de ser Reino de Deus.
A Páscoa é assim fonte de alegria, de optimismo e de esperança para o cristão.
Feliz Páscoa a todos vós. Que Cristo Ressuscitado seja o cerne da vossa vida!





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sábado, 23 de abril de 2011

Sábado Santo - Vigília Pascal

O Senhor Jesus «repousa» no Sepulcro.
A Sua Alma não deixou de vigiar e de continuar operante. Ela desce até onde a esperam todos aqueles que acreditaram em Deus e viveram na esperança da vinda do Redentor. Para todas as gerações da história humana, a Sua Morte é causa de salvação.
Mas repousam os Seus membros mortais e sofredores, como repousa a semente no seio da terra, na expectativa da vinda definitiva e gloriosa que, esta noite, irá surgir.
Pondo de parte toda a actividade, a Igreja está de vigia junto do sepulcro de Jesus.
Participando embora do mistério do Seu sofrimento e da Sua Morte, ela vive na esperança. Sabe, com efeito, que Jesus, tão fiel ao Pai até à morte, não pode ficar «abandonado à corrupção». A Sua Morte será o penhor da nova Criação, que se aproxima.
Sabe também que o «repouso» de Jesus é a imagem do «repouso» de todos aqueles que foram baptizados na Sua Morte e Ressurreição. Depois que Ele morreu e foi sepultado, santificando a morte, ela já não será uma realidade terrível, mas sim «um intervalo, espiritualmente vivo, para o início duma vida superior».

Vigília Pascal

A celebração anual da Morte e Ressurreição do Senhor tem o seu ponto culminante na Vigília Pascal, coração da liturgia cristã, centro do ano litúrgico, a mais antiga, a mais sagrada, a mais rica de todas as celebrações, «a mãe de todas as vigílias».
Neste «noite de vigília em honra do Senhor», os cristãos reúnem-se para celebrarem, na esperança e na alegria, o grande acontecimento da salvação, pelo qual Jesus, depois do Seu aniquilamento voluntário, foi constituído «filho de Deus em todo o Seu poder», «Senhor da Glória», «Chefe e Salvador».
O Mistério Pascal não é, porém, estático, mas dinâmico. Não é um estado de Cristo, mas uma «passagem», um movimento, em que é envolvido todo o Povo de Deus. Por conseguinte, a espera dos cristãos, nesta noite santa, não se reduz è expectativa da comemoração dum facto, histórico, objectivo e real. É a espera de Alguém. É a espera do Senhor, que volta, para nos levar a fazermos a Sua «passagem», a Sua Páscoa com Ele.
Misteriosamente presente no meio da assembleia cristã, o Senhor jesus renova, nesta grande acção sacramental, que é a Vigília, o Seu Mistério Pascal, inserindo-nos nele fazendo-nos assim passar com Ele das «trevas à Sua luz admirável».
Esta «passagem» da morte do pecado à vida da graça realiza-se, em primeiro lugar, pelo Baptismo. Ser baptizado é, na verdade, morrer com Cristo, para ressuscitar com Ele. «A água do Baptismo é o mar Vermelho, que traga as forças do mal e liberta o povo de Deus; é o sepulcro do Calvário, onde é deposto o homem corruptível e donde sai, vivo, o homem novo». Por isso, a Igreja, desde a mais alta antiguidade, pensou que o melhor meio de celebrar o Mistério Pascal era baptizar, nesta noite, os seus catecúmenos e levar os baptizados a reviver a própria ressurreição e a tomar consciência do seu nascimento como Povo de Deus.
Esta nova criação, surgida das águas do Baptismo, só no último dia, na Vinda do Senhor, «passará» da sua forma actual e perecível à forma definitiva e gloriosa. Por isso, nesta Vigília, os cristãos, conservando nas suas mãos as lâmpadas acesas, orientam também a sua espera para o momento do encontro com o Esposo, que vem.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-Feira Santa

Esta foi a noite: a noite em que o Senhor entrou em agonia; a noite em que o Senhor foi entregue; a noite em que foi apresentado ao Sinédrio; a noite em que Pedro O nega.
Hoje, Sexta-Feira Santa, celebramos a morte do Senhor.
Em cada Eucaristia, a Igreja celebra sempre a Morte e Ressurreição do Senhor, formando o Mistério Pascal. Contudo, nesta Sexta-Feira Santa é consagrado um Rito Comemorativo que, por norma, se realiza à hora em que o Senhor morreu.
Depois da Ceia, Jesus seguiu para o Monte das Oliveiras. Nesse local «Jesus experimentou a solidão extrema, toda a tribulação de ser homem. Ali, o abismo do pecado e de todo o mal penetrou até ao fundo da sua alma. Ali foi assaltado pela turvação da morte iminente. Ali O beijou o traidor. Ali todos os discípulos O abandonaram. Ali Ele lutou também por mim» (Joseph Ratzinger/Bento XVI – Jesus de Nazaré II, pag. 126).
Perante a visão do seu futuro, Jesus treme perante o medo da morte. É tentado pelo demónio, e um Anjo do Céu vem ter com Jesus para O confortar. Mas nesse mesmo momento Jesus assume a condição, que sempre foi sua, de sumo-sacerdote: «É precisamente no seu bradar, chorar e rezar que Jesus faz o que é próprio do sumo-sacerdote: Ele leva o tormento de ser homem para o alto, rumo a Deus. Leva o homem à presença de Deus» (Idem, pag. 137).
É então que Judas, por trinta moedas de prata, entrega Jesus. A ambição, a ganância daquele discípulo leva a este acto. Mas, depois, ele reconhece o seu erro: devolve as trinta moedas em troca da libertação de Jesus. Mas será Judas um extremo pecador? Será ele, na verdade, o criminoso? Ou tudo se passou para que Jesus pudesse cumprir totalmente a sua missão?
Mas Jesus é entregue às autoridades do Templo e levado à presença do Sinédrio. Ali, são ouvidas testemunhas, muita coisa é dita, mas somente o Homem-Deus permanece calado.
Perante a pergunta «Tu és, então, o Filho de Deus?», Jesus responde simplesmente com um «Vós o dizeis; Eu sou!». Perante esta afirmação, o sumo-sacerdote grita «Blasfémia» e rasga as suas vestes: rasga-as não por estar enervado, mas sim como sinal de indignação prescrito ao juiz em exercício perante as blasfémias.
Enquanto Jesus era julgado perante o Sinédrio, Pedro misturou-se com a multidão para conseguir saber o que se passava dentro do Sinédrio. Eis que uma mulher o reconheceu e questionou-o sobre a sua ligação com o Homem que estava a ser julgado: Pedro negou. Novamente, um dos homens que ali se encontrava o fez, e Pedro nega pela segunda vez. Depois de questionado novamente Pedro nega pela terceira vez: eis então que o galo canta, e Pedro recolhe-se chorando amarguradamente.
Jesus é levado, então, à presença do governador romano Pôncio Pilatos. Este não encontra em Jesus um motivo de condenação, mas apenas um “rebelião” da Tora, e isto a ele não lhe interessava. Mas Pilatos assombra-se perante a ideia do Filho de Deus. Assombra-se também perante a rebelião que dali pode vir a surgir: é o dia da parasceve (preparação) para a festa da Páscoa e, uma rebelião nessa altura, viria trazer graves problemas ao governador.
Mas Pilatos, segundo alguns evangelistas, depois de avisa pela sua mulher, tenta por três vezes libertar Jesus, mas todos os seus esforços são em vão: o povo grita «Crucifixão» e Pilatos cede.
Jesus é flagelado e levado para o Gólgota. É pregado numa cruz onde sofre em agonia. Mas até na cruz Ele é salvação: um dos condenados confia n’Ele pedindo-Lhe que o receba no seu reino.
Motivo de escárnio, Jesus chama por Deus numa evocação ao salmo 22 («Eli, Eli, lemá sabachtháni»).
E por volta da hora nona, Jesus lança um forte brado entregando a Sua alma nas mãos do Seu Pai que nunca o deixou: «Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito».
O véu do tempo rasgou-se, e Jesus morre.
Ele é, então, coroado da Sua glória: naquele momento a sua coroa é de espinhos, o Seu ceptro são os cravos, o Seu trono a Cruz. Esta que é a nossa salvação.
Desta forma, a celebração de hoje é de Adoração da Santa Cruz.
Pela noite, a procissão do Enterro do Senhor que nos recorda o acto de José de Arimateia que dá o túmulo que tinha criado para si, para lá se depositar o corpo do Senhor.
É este o dia dos grandes acontecimentos. Jesus é traído; Jesus é negado; Jesus é julgado; é flagelado e caminha com a cruz às costas; é ajudado por um desconhecido; é crucificado; entrega a Maria toda a humanidade na figura de João; morre na cruz; é descido e colocado nas mãos de sua mãe; é sepultado!




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quinta-Feira Santa

Começou, hoje, verdadeiramente o Tríduo Pascal.
A celebração dos mistérios da salvação (Paixão, Morte e Ressurreição) remonta aos primeiros séculos cristãos. Estes mistérios são celebrados ao longo de três dias que são o culminar do ano litúrgico.
Com a Missa Vespertina de Quinta-Feira Santa começa o Tríduo, sendo o seu ponto mais alto a Vigília Pascal que finda com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.
Assim sendo, não se pode identificar a Páscoa como unicamente o Domingo da Ressurreição, pois dessa forma seria um mutilar da realidade extremamente rica e reduzir-lhe as suas dimensões.
É compreensível, assim, a importância do Tríduo Pascal, quer na Liturgia, quer na vida da Igreja. Dele (do Tríduo) derivam todas as outras solenidades, que são, na verdade, ecos do Acontecimento salvífico, pois o culto cristão é um culto pascal. Deste ministério pascal irradia toda a vida da Igreja.
A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é celebrada com a recordação da instituição da Eucaristia. Na Oração Eucarística desta Missa diz assim: «Hoje, na véspera da sua paixão, por nós e por todos os homens…». Compreendemos então que esta celebração é um total recordar do que se passou acerca de dois mil anos.
Na mesma, enquanto se recita ou canta o Glória, tocam-se os sinos que só se voltarão a ouvir na Vigília Pascal.
Também nesta missa, o presidente da celebração, cinge a cintura com uma toalha e lava os pés a alguns homens. Desta forma, este acto recorda-nos o que Jesus fez aos seus discípulos e, de certo modo, obedecendo ao “mandato” de Jesus: «Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também» (Jo 13, 14-15).
Nesta celebração dá-se também a transladação do Santíssimo Sacramento, deixando assim a igreja sem o Santíssimo. Este é colocado numa capela convenientemente ornamentada, ou, à falta de capela, em outro lugar que não seja o espaço da celebração.
Seguidamente é desnudado o altar e retiradas ou tapadas (no caso de não ser possível retirar) as cruzes da igreja.
Pela noite os fiéis devem dedicar algum tempo à adoração do Santíssimo Sacramento.





Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Lava-pés

Partilho hoje convosco um trecho do livro "Jesus de Nazaré II" do Papa Bento XVI, do capítulo do lava-pés.

«Podemos dizer que neste gesto de humildade [do lava-pés], em que se torna visível a totalidade do serviço de Jesus na sua vida e na sua morte, o Senhor está diante de nós como o servo de Deus: como Aquele que por nós Se fez servo, que carrega o nosso peso dando-nos assim a verdadeira pureza, a capacidade de nos aproximarmos de Deus. No segundo “Cântico do Servo do Senhor”, do profeta Isaías, encontra-se uma frase que de certo modo antecipa a linha de fundo da teologia joanina da Paixão – o Senhor “disse-me: Israel, tu és o meu servo, em ti serei glorificado (LXX: doxasthesomai)” (cf. 49,3).Esta ligação entre o serviço humilde e a glória (dóxa) é o núcleo de toda a narrativa da Paixão em São João: é precisamente no abaixamento de Jesus, na sua humilhação até à cruz que transparece a glória de Deus, que é glorificado Deus-Pai e, n’Ele, Jesus. No “Domingo de Ramos”, uma pequena cena – poder-se-ia classificá-la como a versão joanina da narrativa do monte das Oliveiras – resume tudo isto: «“Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente para exacta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a tua glória!”. Veio, então, uma voz do Céu: “Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!”» (12, 27-28). A hora da cruz é a hora da verdadeira glória de Deus-Pai e de Jesus.»  

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Semana Maior

Começámos, ontem, a Semana Maior.
Com o Domingo de Ramos damos início à Semana Santa que culmina com a Festa da Páscoa!
A Liturgia do Domingo de Ramos demonstra-nos dois aspectos: triunfo e glória VS sofrimento e paixão.
Jesus caminhou em direcção a Jerusalém com os apóstolos, mas a pouco e pouco foi-se juntando gente àquela peregrinação.
Chegado ao monte das Oliveiras, vindo de Betfagé e Betânia (de onde se esperava que viesse o Messias), Jesus diz aos discípulos para irem à povoação seguinte buscar um jumento que ninguém tinha ainda montado, e se alguém os interpelasse diriam que o Senhor precisava dele. E assim foi. Encontraram o jumento que ainda não tinha sido montado, foram interpelados.
Cumprem-se assim as palavras de Zacarias (9,9) que fala do Rei que vai montado num jumentinho. Desta forma, Jesus ao entrar em Jerusalém montado num animal que ainda não tinha sido montado, demonstra o Seu poder régio. «Ele é um rei que quebra os arcos de guerra, um rei da paz e um rei da simplicidade, um rei dos pobres.»
O aglomerado de gente que se juntou aos apóstolos deixa-se contagiar com o entusiasmo dos discípulos. Às portas de Jerusalém, os peregrinos estendem as suas capas no chão no local onde Jesus passa. Cortam ramos e gritam palavras do Salmo 118, tornando-se assim uma proclamação messiânica.
Dá-se, então o início da semana de maior agonia de Jesus, mas ao mesmo tempo a de maior glória.
Mas sobre isso falarei nos dias certos.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 17 de abril de 2011

Fim-de-Semana!

O Sol raiara há pouco tempo, quando despertei do sono. Abri a persiana para deixar entrar o Sol. Começava aquele que ia ser um fim-de-semana precioso.
Seguiram-se as Jornadas Diocesanas da Juventude, da Diocese de Viseu. Estas foram, digamos, um pequeno descansar de todo o stress acumulado nos últimos tempos.
Na parte da manhã, foi-nos proposto ler, numa perspectiva cristã, a mensagem de um trecho do filme “Senhor dos Anéis”. É fabuloso como podemos ler ali uma grande mensagem, cheia do espírito cristão.
Depois, um grupo fez, no âmbito da amizade, uma narração do livro “O Principezinho”.
Seguidamente, três seminaristas e um jovem rapaz em discernimento vocacional, fizeram a narração do chamamento dos primeiros discípulos. Esta narração serviu para demonstrar que a vida daquele que é chamado é uma enorme alegria!
Num almoço convívio, estivemos todos a confraternizar, a relembrar velhas experiências.
Na parte de tarde o “YouCat” foi-nos apresentado. O “Young Catechism” é um livro que nos poderá ajudar a todos, principalmente nas grandes questões que temos sobre alguns assuntos relacionados com a Igreja de Cristo.
Depois de umas palavrinhas do bispo Ilídio Pinto Leandro, seguiu-se o espectáculo da banda “Tons de Deus”. Bem, digamos que este espectáculo/concerto foi cansativo. Foi do início ao fim a bater palmas, a cantar, a pular. Mas não era só eu…
Mas muitas das músicas, interpretadas por esta banda, têm para mim um significado especial. Em muitas delas eu revi acontecimentos passados, histórias passadas, alegrias e tristezas. Como bem sabeis, nos momentos mais difíceis para mim, ou nos momentos mais importantes, uma música fica associada a ele. Não é só comigo, mas também com muita gente. Muitas vezes ouvimos frases como: “Ah!, esta música foi quando te conheci!”, ou algo do género.
Mas, naquela tarde, foi muito “…mais belos juntos”!
A tarde terminou com uma oração onde a amizade ocupou um lugar de destaque.
Depois do jantar, foi hora de ir ver a actual diva do fado: Mariza!
Não posso esquecer o quão fabuloso foi estar, ali, a ouvir novamente aquela voz.
Mas ainda mais importante que a sua voz foi, sem dúvida a companhia. O “laço” foi algo inesquecível, e que me marcou bastante. Ali foi o resultado de muita luta, o resultado de muitas alegrias. Como diria a voz do povo, foi a cereja no topo do bolo.
Domingo de Ramos, foi dia de ir à missa.
Na parte da tarde, a Via Sacra pelo grupo de jovens de Povolide. Momento espectacular.
Agora, estou de novo na casa onde passo a maior parte do meu tempo.
Sinto-me cansado, mas muito feliz. Este foi um fim-de-semana como há muito não tinha. Momentos de grande alegria e júbilo!
Obrigado a todos os que fizeram parte deste tempo!


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Últimas!

Começaram hoje as férias, mas ainda não o descanso.
Depois de alguns dias de descanso no carnaval, estávamos mesmo a precisar destas férias para recarregar baterias.
Mas, para quem não sabe, quarta-feira retomamos o trabalho.
É que esta semana que se segue é a Semana Santa, e celebrações importantes estão aí à porta, que falarei a seu tempo.
Mas para já, um voto de boas férias para todos, e que tenham uma boa preparação para todos os momentos importantes da semana, e, mais importante, para a Festa da Ressurreição do Senhor!
Mas novidades virão todos os dias!

Ah, para o Charlie Chaplin muitos parabéns, pelos seus 122 anos!




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 13 de abril de 2011

REI


«Havia dois homens na mesma cidade, um rico e o outro pobre. O rico possuía ovelhas e vacas em grande número. O pobre nada tinha senão uma ovelha, só uma pequena ovelha que ele havia comprado.
Ele a criara e ela cresceu com ele e com os seus filhos, comendo do seu pão, bebendo na sua taça, dormindo no seu colo: era como sua filha.
Um hóspede veio à casa do homem rico, que não quis tirar uma das suas ovelhas ou de suas vacas para servir ao viajante que o visitava.
Ele tomou a ovelha do homem pobre e a preparou para a sua visita.»
Esta é uma passagem do segundo livro de Samuel, onde o profeta Natã conta esta história ao rei David.
David vira uma mulher e apaixonara-se por ela. Averiguou sobre a sua vida e, mesmo sabendo que ela era casada, deitou-se com ela. Depois mandara o marido dormir com ela, mas este sabendo do que se sucedera, não o fizera. Então David mandou-o para a linha da frente de batalha, para que este morresse.
Bem, se quiserem a história mais pormenorizada, podem sempre pegar naquele livro com dois mil anos, procurar o segundo livro de Samuel e ler a partir do capítulo onze.
Mas, na verdade, eu transcrevi este texto, não para vos dar a conhecer mais um pouco da Bíblia, mas sim para vos dizer algumas palavras.
O que se passou com o rei David, naquela altura, passa-se hoje: o homem quer adquirir para si aquilo que não lhe pertence, que tem outro dono. E depois de o ter adquirido para si, restitui-o e tenta emendar o erro. Quando não consegue, tenta de tudo para o conseguir.
O homem é capaz de retirar ao outro aquilo que o outro mais gosta. Esse, que podemos considerar o homem rico, não se importa com os sentimentos dos outros: quer e nada mais. E aquele “objecto” (simbolizado pela ovelha) pode representar muito para o pobre. Mas isso não interessa, pois o homem rico tem que se concretizar a si mesmo, nem que para isso tenha de rebaixar quem está a seu lado.
Se um trabalho corre bem, logo alguém vem dizer que o trabalho foi feito por si, quando esse seria, quem sabe, o momento de glória daquele que se matou a trabalhar.
David converteu-se com as palavras do profeta Natã, mas os homens de hoje não se querem converter, pois eles é que têm nome.
O homem por vezes torna-se invisível.
Ninguém o vê, ninguém o ouve.
Mas este mesmo homem continua com o seu trabalho, independentemente do reconhecimento. O homem serve: não para ser reconhecido, mas sim para estar à disposição de todo aquele que necessitar. E por vezes mais vale perdurar na sombra, do que surgir nas luzes da ribalta, ser reconhecido e ter fama.
A fama leva à morte. Leva à morte daquilo que o homem é verdadeiramente. Leva à morte da sua liberdade.
O homem torna-se um ser condicionado, em que tem de agir de certa forma, pensar de forma igual. Resumindo: o homem torna-se um autêntico robô.
Mas aqueles que perduram na sombra, são mais felizes. A sua liberdade não é contestada, a sua opinião não é criticada. O homem da sombra, sente; o homem da sombra ama; o homem da sombra sofre. Mas na sua sombra ele permanece, sem que ninguém se preocupe com ele.
Mas a pouco e pouco, ele aprende a viver nesta sombra, a conviver diariamente.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 10 de abril de 2011

Jesus é sepultado

XIV Estação – Jesus é sepultado

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 59-61
«José pegou no corpo de Jesus, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu túmulo novo, que tinha mandado escavar na rocha. Depois, rolou uma grande pedra para a porta do túmulo e retirou-se. Entretanto, estavam ali Maria de Magdala e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro.»

Jesus, desonrado e ultrajado, é deposto com todas as honras num túmulo novo. Nicodemos traz uma mistura de mirra e aloés de cem libras destinada a emanar um perfume precioso. Agora na oferta do Filho revela-se, como sucedera já na unção de Betânia, um excesso que nos recorda o amor generoso de Deus, a «superabundância» do seu amor. Deus faz generosamente oferta de Si próprio. Se a medida de Deus é superabundante, também para nós nada deveria ser demasiado para Deus. Foi o que o próprio Jesus nos ensinou no discurso da Montanha (Mt 5, 20). Mas é preciso lembrar também as palavras de S. Paulo a propósito de Deus, que «por nosso meio faz sentir em todos os lugares o odor do seu conhecimento. Somos, para Deus, o bom odor de Cristo» (2 Cor 2, 14-15). Na putrefacção das ideologias, a nossa fé deveria ser de novo o perfume que reconduz às pegadas da vida. No momento da deposição, começa a realizar-se a palavra de Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24). Jesus é o grão de trigo que morre. Do grão de trigo morto começa a grande multiplicação do pão que dura até ao fim do mundo: Ele é o pão de vida capaz de saciar em medida superabundante a humanidade inteira e dar-lhe o alimento vital: o Verbo eterno de Deus, que Se fez carne e também pão, para nós, através da cruz e da ressurreição. Sobre a sepultura de Jesus resplandece o mistério da Eucaristia.

Quando corpus morietur fac ut animae donetur paradisi gloria. Amem.








Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sábado, 9 de abril de 2011

Jesus é descido da Cruz

XIII Estação – Jesus é descido da cruz e entregue a sua Mãe

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 54-55
«O centurião e os que estavam com ele de guarda a Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a suceder, ficaram aterrados e disseram: “Ele era, na verdade, Filho de Deus”. Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres, que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem.»

Depois de ter suspirado, a terra estremece. Jesus, o Filho de Deus está morto. Com o medo, os soldados quebram as pernas aos dois homens que forram crucificados com Ele. Mas ao Filho de Deus não lhe é quebrado nenhum osso porque Ele é o verdadeiro cordeiro pascal.
Para confirmar a sua morte, o centurião trespassa o Seu coração com a lança. Do seu lado jorram sangue e água: misteriosa imagem do rio dos sacramentos, do Baptismo e da Eucaristia, dos quais, em virtude do coração trespassado do Senhor, renasce incessantemente a Igreja.
Mas, apesar de toda a confusão dos corações, do ódio e da cobardia, Ele que tudo suportou, não ficou sozinho. Junto da Sua cruz, estavam Maria, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, Maria de Magdala e o discípulo amado. Chega José de Arimateia, que ao oferecer o seu túmulo intacto, passa pelo buraco de uma agulha. Chega também um membro do Sinédrio, Nicodemos, a quem Jesus anunciara o mistério do renascimento pela água e pelo Espírito. Os fiéis afinal existem.
O cemitério onde fica sepultado Jesus transforma-se em jardim, no jardim donde fora expulso Adão quando se separara da plenitude da vida, do seu Criador. O túmulo no jardim faz-nos saber que o domínio da morte está para terminar.
Mas até no Sinédrio há alguém que acredita, que conhece e reconhece Jesus após a Sua morte.
Sobre a hora do grande luto, do desespero e da grande escuridão, aparece misteriosamente a luz da esperança. O Deus escondido permanece o Deus vivo e próximo. O Senhor morto permanece o Senhor e o nosso Salvador, mesmo na noite da morte.
E eis que a Igreja de Jesus Cristo começa a formar-se.
E Maria, que esteve sempre ao lado de Jesus, seu Filho, Recebe-O agora em seus braços.

Vidit suum dulcem Natum morientem, desolatum, cum emisit spiritum.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Jesus morre na Cruz

XII Estação – Jesus morre na cruz

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 45-50.54
«A partir do meio-dia, houve trevas em toda a região, até às três horas da tarde. E, pelas três horas da tarde, Jesus bradou com voz forte: “Eli, Eli, lemá sabachthani”, que quer dizer, “Meu Deus, Meus Deus, porque Me abandonaste?” Alguns dos presentes ouviram e disseram: “Está a chamar por Elias”. E logo um deles correu a pegar numa esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la numa cana e deu-Lhe a beber. Mas os outros disseram: “Deixa lá! Vejamos se Elias vem salvá-Lo”. E Jesus, dando novamente um forte brado, expirou.
Entretanto, o centurião e os que estavam com ele de guarda a Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a suceder, ficaram aterrados e disseram: “Ele era, na verdade, Filho de Deus”.»

As trevas cobrem toda aquela região. Numa cruz está suspenso um Homem. Por cima da Sua cabeça, um letreiro diz quem é Aquele Homem: é o Rei dos Judeus, o Filho prometido de David. É Jesus.
O juiz injusto, Pilatos, tornou-se profeta sem querer. Perante a opinião pública mundial é proclamada a realeza de Jesus. Este, durante a Sua vida, rejeitava o título de Messias, pois não queria que este título levasse a uma ideia errada. Mas agora o título está à vista de todos. E esta é a Sua plena manifestação como Messias. Na sua descida, Ele subiu, sendo verdadeiramente elevado.
Durante a sua vida pregou o amor. Um amor que parecia impossível. Mas com a Sua morte, Ele cumpre verdadeira e radicalmente o mandamento do amor, cumprindo-o com a oferta de Si próprio. E nesta entrega é manifestado Deus: Deus caritas est (Deus é amor).
Na cruz, Jesus, segundo os evangelistas, recorre às palavras iniciais do salmo 22: o sentimento de abandono de Deus (“Eli, Eli, lemá sabachthani”), assumindo, assim, em Si mesmo, todo o Israel, toda a humanidade, fazendo com que Deus Se manifeste onde parece estar definitivamente derrotado e ausente.
A cruz do Homem é um acontecimento cósmico. No momento da morte do Filho de Deus, o mundo fica coberto de escuridão. A terra treme.
Mas a morte de Jesus não é um acto de Vitória para todos, mas motivo de conversão. O centurião romano reconhece, compreende que Jesus é o Filho de Deus.
Da cruz, Ele triunfa sem cessar.

Fac me vere tecum flere, Crucifixo condolere, donec ego vixero.




Ad majorem Dei gloriam!
 Ismael Sousa

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Jesus é pregado na cruz

XI Estação – Jesus é pregado na cruz

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 37-42
«Puseram por cima da cabeça d’Ele um letreiro escrito com a causa da condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Foram então crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam dirigiam-Lhe insultos, abanavam a cabeça e diziam: “Tu que demolias o Templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!” De igual modo, também os sumos-sacerdotes troçavam, juntamente com os escribas e os anciãos, e diziam: “Salvou os outros e a Si mesmo não pode salvar-Se! É Rei de Israel! Desça agora da cruz, e acreditaremos n’ele”.»

Jesus rejeita-se a beber o vinho com fel. Assume em Si todo o sofrimento da crucifixão. Todo o seu corpo é marginalizado.
É deitado sobre a cruz, e os cravos furam Suas mãos e Seus pés.
Erguido, juntamente com a cruz, Jesus sofre todas as dores que o homem sofre.
O Sudário de Turim permite formar uma crueldade incrível deste processo.
Já pendurado na cruz, Jesus é motivo de escárnio, de gozo para aqueles que estão a Seus pés.
Por cima da sua cabeça, um letreiro exibe uma frase de gozo. Nem na dor, nos momentos de morte, o Homem é deixado em paz. A maldade no coração daqueles que berram, é demonstrada em todas as suas palavras.
Jesus une-se também àqueles dois que estão a seu lado. Jesus sofre com eles. Mas mesmo na dor, oferece-lhes a salvação.
Mas é para esta imagem de dor que Jesus quer que olhemos continuamente, para este Deus que sofre numa cruz. Que olhemos nos momentos de dor e alegria, de calamidade e angustia.
É este rosto que devemos reconhecer naqueles que desprezamos.

Sancta Mater, istud agas, Crucifixi fige plagas cordi meo valide.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Jesus é despojado das suas vestes

X Estação – Jesus é despojado das suas vestes

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 33-36
«Chegados a um lugar chamado Gólgota, quer dizer “Lugar do Crânio”, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, quando o provou, não quis beber. Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-Lo.»

Depois de flagelado, de carregar a cruz, encontrar Sua Mãe, de cair, de Lhe limparem o rosto, de ser ajudado, Jesus chega agora à “meta” que Lhe tinha sido colocada: o Gólgota.
Brutalmente, é despojado de suas vestes. A roupa confere-Lhe a Sua posição social. A Ele e a todos os outros. É a roupa que dá um lugar na sociedade, que faz com que o homem se sinta alguém. Era assim naquele tempo. É assim nos tempos actuais.
Este despojamento público significa, para aqueles homens, que Jesus já não é ninguém. Que é um marginalizado, desprezado por todos. É assim que Jesus é visto por todas aquelas pessoas.
Mas este despojamento recorda-nos a expulsão do paraíso: o homem ficou sem o esplendor de Deus. Uma vez mais, Jesus demonstra que é o Novo Adão. E neste despojamento volta a mostrar que Jesus assume novamente a situação de homem caído: pela vergonha, pela nudez. E isto recorda-nos que todos perdemos a “primeira veste”: o esplendor de Deus.
Numa evocação ao salmo 22, os evangelistas descrevem a situação: os soldados rasgaram as suas vestes, repartindo-as entre si; e depois lançaram sortes sobre a túnica sem costuras.
E Jesus irá dizer, no caminho de Emaús, que tudo se cumpriu «conforme as escrituras», pois tudo assentou no desígnio divino.
Jesus experimenta, assim, todos os estádios e degraus da perdição dos homens. Cada um destes degraus é um passo da redenção. E é neste processo que Ele traz para casa a ovelha perdida.
São João reforça a ideia de que o objecto de sorte era a túnica de jesus. Aquela que «toda tecida de alto a baixo, não tinha costuras» (Jo 19,23), pode ser uma alusão à veste do sumo-sacerdote que, segundo a tradição, era tecida como um todo, sem costura.
E Ele, o Homem despojado das suas vestes, é realmente o verdadeiro sumo-sacerdote.

Fac ut ardeat cor meum in amando Christum Deum, ut sibi complaceam.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

terça-feira, 5 de abril de 2011

Jesus cai pela terceira vez

IX Estação – Jesus é condenado à morte

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

Lamentações 3, 27-32
«É bom para o homem suportar o jugo desde a sua juventude. Que esteja solidário e silencioso, quando o Senhor o impuser sobre ele; que ponha sua boca no pó: talvez haja esperança! Que dê sua face a quem o fere e se sacie de opróbrios. Pois o Senhor não rejeita para sempre: se Ele aflige, Ele se compadece segundo a sua bondade.»

Jesus volta a cair. O seu cansaço não o deixa avançar. Mas Ele permanece com a Sua cruz de madeira, com a nossa cruz dos pecados e da vergonha.
Pelo homem, o Homem volta a cair. Jesus cumpre as três quedas de que fala S. João. Jesus cumpre o que tinha dito: quem te bater na face esquerda, vira-lhe a direita. E Ele fá-lo, reforçando a Sua queda pela terceira vez.
Mas esta queda pode também representar a constante queda do homem, no seu afastamento de Cristo, e que depois caminha à deriva num secularismo sem Deus.
Não podemos esquecer de tudo o que Cristo tem sofrido na Sua própria Igreja. O abuso diante do Santíssimo Sacramento, o vazio e a ruindade no coração onde Ele entra.
Jesus cai, também, diante o abuso da sua Palavra, do celebrarmos somente para nós próprios, esquecendo-nos d’Ele. Cai perante a sujeira que há na Sua Igreja, a soberba, a auto-suficiência.
Jesus pregou a reconciliação, mas o nosso respeito por ela é tão pouco. Mas Jesus está lá à nossa espera para nos levantar das nossas quedas.
E isto tudo está na Sua paixão: a traição dos discípulos, a recepção indigna do Seu Corpo e do Seu Sangue, são certamente, o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassava o coração. E só nos resta o grito de Kyrie, eleison.


Eia, mater, fons amoris, me sentire vim doloris fac, ut tecum lugeam.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

VIII Estação – Jesus encontra as mulheres de Jerusalém que choram por Ele

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Lucas 23, 28-31
«Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram’. Nessa altura, começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’, e às colinas: ‘Encobri-nos’. Porque se fazem assim no madeiro verde, que será do madeiro seco?”»

Uma vez mais, na sua caminhada, Jesus tem um encontro com as mulheres. Primeiro encontra Sua Mãe. Depois encontra Verónica. Agora terá o Seu último encontro com as mulheres.
Um aglomerado de mulheres chora por Ele. Choram por amor. Choram por um Homem que diz coisas bonitas, por um Homem que não cometeu pecado algum.
Mas Jesus, no esforço máximo da sua força, ainda lhes dirige algumas palavras. Jesus consola-as, mas adverte-as. Jesus faz uma advertência contra a piedade puramente sentimental, que não se torna conversão e fé vivida, como Ele desejava.
A vontade de Jesus era criar uma mudança nas vidas das pessoas, mesmo antes de chegar à cruz. Queria uma mudança nas suas vidas, e que não se lamentassem pelos sofrimentos deste mundo, mantendo a sua vida de forma igual.
E é com estas palavras que Ele nos adverte do perigo em que nos encontramos. Mostra-nos a seriedade do pecado e a seriedade do juízo.
E perante o mal, proferimos palavras de horror. Perante o sofrimento de inocentes, proferimos palavras de horror. Mas não mudamos em nada. Não seremos demasiado inclinados a banalizar o mistério do mal?
Quando falamos de Jesus, de Deus, falamos apenas no Seu aspecto terno e amável, enquanto suprimimos o aspecto do juízo. Temos medo de o fazer, com medo de falarmos de Deus que nos ama e, porque nos ama, nos julga pelas más acções.
É com um olhar fixo nos sofrimentos do Filho que vemos toda a seriedade do pecado. Vemos como o havemos de expiar até ao fim para poder ser superado.
É erróneo continuarmos a banalizar o mal, perante a imagem do Senhor que sofre. E Ele diz-nos para que não choremos por Ele que já está junto do Pai, mas para chorarmos antes por nós que ainda temos muito para chegarmos junto do Pai.

Tui Nati vulnerati, tam dignati pro me pati, poenas mecum divide.



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

Amor100fronteiras

Hoje, uma vez mais, dou as boas vindas a mais um bloguista meu conhecido.
De uma forma surpreendente, dei com o blogue do meu amigo André Silva, numa expansão de um Amor 100 Fronteiras.
Como ele refere: Porque as barreiras são para ser ultrapassadas e as fronteiras para serem ignoradas, vamos tentar amar sem preconceitos, sem medos ou receios. Vamos fazer da partilha uma fonte de sabedoria e todos aprender, uns com os outros, sem fronteiras a separar-nos.
A ele um bem-vindo ao mundos dos bloguer's e que a sua escrita se mantenha em tão grande impulso!


http://amor0fronteiras.blogspot.com/

Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

domingo, 3 de abril de 2011

Jesus cai pela segunda vez

VII Estação – Jesus cai pela segunda vez

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

Lamentações3, 1-2.9.16
«Eu sou o homem que conheceu a miséria sob a vara do seu furor. Ele me guiou e me fez andar nas trevas e não na luz. […] Embarrou meus caminhos com blocos de pedra, obstruiu minhas veredas. […] Ele quebrou meus dentes com cascalho, mergulhou-me na cinza.»

Jesus cai pela segunda vez; Aquele Homem, cansado de carregar a cruz, que após a flagelação lhe foi colocada nas costas, esgota novamente as suas forças, caindo no pó.
E esta queda, como a primeira e a terceira, recorda a queda de Adão (que nos representa) e ao mistério de Jesus em se deixar cair por nós, agora uma segunda vez, associando-se, acompanhando o homem pecador. Nem na queda Jesus é capaz de nos abandonar, caindo Ele por nossa vez.
E esta queda do homem assume sempre diferentes formas.
S. João fala, na sua primeira carta, de um tripla queda do homem: concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e a soberba da vida.
E Jesus volta a cair para chegar junto de nós.

Quis non posset contristari, Christi Matrem contemplari, dolentem cum Filio?







Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sábado, 2 de abril de 2011

A Verónica limpa o rosto de Jesus

VI Estação – A Verónica limpa o rosto de Jesus

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

Isaías 53, 2-3
«O meu Servo cresceu […] sem distinção nem beleza que atraia o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, afeito ao sofrimento, é como aquele a quem se volta a cara, pessoa desprezível, da qual se não faz caso.»

Salmos 27/26, 8-9
«Segredou-me o coração: “Procura a sua face!” É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto, nem rejeiteis com ira o vosso servo. Vós sois a minha ajuda, o Deus da minha salvação.»

Num acto puramente feminino, Verónica (ou Berenice, segundo a tradição grega) oferece um lenço àquele homem que leva o rosto ensanguentado.
Mas aquele rosto ficará marcado: não somente no lenço, mas também no seu coração. Sem o saber, Verónica está no cumprimento das bem-aventuranças que Jesus anunciara: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.
Aquele gesto, que demonstra que nem todos se deixaram contagiar pela brutalidade, demonstra que, na realidade, naquele momento em que parecia que tudo estava para terminar, ainda existe uma réstia de esperança.
Os discípulos que acompanharam Jesus durante todo o tempo que antecede à paixão, abandonaram-no. Mas aqueles que não (ou pelo menos não se tem conhecimento disso) acompanharam Jesus, estão agora a seu lado, caminhando com ele, sofrendo com ele, limpando-lhe o rosto.
E é este amor que é manifestado nos momentos de dor, de sofrimento. É o amor verdadeiro, o amor de Deus.
Mas hoje são raros aqueles que se dispõem a limparem o rosto do irmão ferido.

Pro peccatis suae gentis vidit Iesum in tormentis et flagellis subditum.






Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Jesus é ajudado a levar a cruz pelo Cireneu

V Estação – Jesus é ajudado a levar a cruz pelo Cireneu

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 32; 16,24
«Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no, para levar a cuz de Jesus. Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser seguir-Me, renegue-se a si mesmo, pegue na sua cruz e siga-Me”.»

Regressando do seu trabalho, a caminho de casa, Simão de Cirene cruza-se com aquele triste cortejo de condenados. Talvez aquilo seja um espectáculo habitual. Tentando passar ao cabo desta situação, os soldados, usando o seu direito de coacção, colocam a cruz às suas costas, às costas deste robusto homem do campo.
Para ele, deverá ter sido um aborrecimento envolver-se, inesperadamente, no destino daqueles condenados. Ele que nada fizera para ter que suportar a cruz d’Aquele homem, que ele talvez nem conhecesse. Mas fá-lo como dever, mas, talvez com alguma relutância.
Mas deste encontro inesperado, involuntário, brotou a sua fé, pois iria fazer parte do grupo de cristãos (Mc 15, 21).
Mas esta partilha do peso da cruz era para Simão uma graça, caminhar a Seu lado, assisti-l’O. O silêncio de Jesus é tocante, impedindo o que o Cireneu fique indiferente. E é este convite que Jesus nos faz diariamente: o compartilhar a sua cruz no cumprimento do que falta aos seus sofrimentos.
E, na verdade, Simão de Cirene renegou-se, pegou na cruz de Jesus e caminhou a Seu lado: o cumprimento do chamamento de Jesus.
E por cada vez que partimos, bondosamente, ao encontro dos que sofrem, estamos a ser como o Cireneu: a levar a cr4uz de Jesus.
Neste caminho, que pode ser doloroso, obtemos a salvação e contribuímos para a salvação do mundo.

Quis est homo qui non fleret, Matrem Christi si videret in tanto supplicio?




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa