quarta-feira, 6 de abril de 2011

Jesus é despojado das suas vestes

X Estação – Jesus é despojado das suas vestes

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
Quia per sanctam crucem tuam redimisti mundum.

São Mateus 27, 33-36
«Chegados a um lugar chamado Gólgota, quer dizer “Lugar do Crânio”, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, quando o provou, não quis beber. Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-Lo.»

Depois de flagelado, de carregar a cruz, encontrar Sua Mãe, de cair, de Lhe limparem o rosto, de ser ajudado, Jesus chega agora à “meta” que Lhe tinha sido colocada: o Gólgota.
Brutalmente, é despojado de suas vestes. A roupa confere-Lhe a Sua posição social. A Ele e a todos os outros. É a roupa que dá um lugar na sociedade, que faz com que o homem se sinta alguém. Era assim naquele tempo. É assim nos tempos actuais.
Este despojamento público significa, para aqueles homens, que Jesus já não é ninguém. Que é um marginalizado, desprezado por todos. É assim que Jesus é visto por todas aquelas pessoas.
Mas este despojamento recorda-nos a expulsão do paraíso: o homem ficou sem o esplendor de Deus. Uma vez mais, Jesus demonstra que é o Novo Adão. E neste despojamento volta a mostrar que Jesus assume novamente a situação de homem caído: pela vergonha, pela nudez. E isto recorda-nos que todos perdemos a “primeira veste”: o esplendor de Deus.
Numa evocação ao salmo 22, os evangelistas descrevem a situação: os soldados rasgaram as suas vestes, repartindo-as entre si; e depois lançaram sortes sobre a túnica sem costuras.
E Jesus irá dizer, no caminho de Emaús, que tudo se cumpriu «conforme as escrituras», pois tudo assentou no desígnio divino.
Jesus experimenta, assim, todos os estádios e degraus da perdição dos homens. Cada um destes degraus é um passo da redenção. E é neste processo que Ele traz para casa a ovelha perdida.
São João reforça a ideia de que o objecto de sorte era a túnica de jesus. Aquela que «toda tecida de alto a baixo, não tinha costuras» (Jo 19,23), pode ser uma alusão à veste do sumo-sacerdote que, segundo a tradição, era tecida como um todo, sem costura.
E Ele, o Homem despojado das suas vestes, é realmente o verdadeiro sumo-sacerdote.

Fac ut ardeat cor meum in amando Christum Deum, ut sibi complaceam.




Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

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