«Podemos dizer que neste gesto de humildade [do lava-pés], em que se torna visível a totalidade do serviço de Jesus na sua vida e na sua morte, o Senhor está diante de nós como o servo de Deus: como Aquele que por nós Se fez servo, que carrega o nosso peso dando-nos assim a verdadeira pureza, a capacidade de nos aproximarmos de Deus. No segundo “Cântico do Servo do Senhor”, do profeta Isaías, encontra-se uma frase que de certo modo antecipa a linha de fundo da teologia joanina da Paixão – o Senhor “disse-me: Israel, tu és o meu servo, em ti serei glorificado (LXX: doxasthesomai)” (cf. 49,3).Esta ligação entre o serviço humilde e a glória (dóxa) é o núcleo de toda a narrativa da Paixão em São João: é precisamente no abaixamento de Jesus, na sua humilhação até à cruz que transparece a glória de Deus, que é glorificado Deus-Pai e, n’Ele, Jesus. No “Domingo de Ramos”, uma pequena cena – poder-se-ia classificá-la como a versão joanina da narrativa do monte das Oliveiras – resume tudo isto: «“Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente para exacta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a tua glória!”. Veio, então, uma voz do Céu: “Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!”» (12, 27-28). A hora da cruz é a hora da verdadeira glória de Deus-Pai e de Jesus.»
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
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