Na introdução desta carta, Bento XVI exorta-nos, a nós seminaristas, que "os homens sempre terão necessidade de Deus".
Esta necessidade é justificada com a vida: "Sempre que o homem deixa de ter noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente.[...]Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros".
Apresenta, então, em traços muito breves, que "O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal", relembrando que "uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha".
No primeiro ponto o Papa diz-nos que o candidato ao sacerdócio "deve ser sobretudo um «homem de Deus»". Esse «homem de Deus» é a boca de Deus, pela qual Ele fala. Assim, "o elemento mais importante [...] é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo". Esse candidato ao sacerdócio nunca se pode esquecer que o sacerdote "é o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si".
Ainda no primeiro ponto, falando-nos como a amigos, relembra que a oração deve fazer parte de todo o dia, "que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura; que Lhe digamos os nossos desejos e as nossas esperanças, as nossas alegrias e sofrimentos,os nossos erros e o nosso agradecimento por cada coisa bela e boa, e que deste modo sempre o tenhamos diante dos nossos olhos como ponto de referência da nossa vida. Assim tornamo-nos sensíveis aos nossos erros e aprendemos a trabalhar para nos melhorarmos; mas tornamo-nos sensíveis também a tudo o que de belo e bom recebemos habitualmente cada dia."
Quanto aos sacramentos, Bento XVI no ponto dois alerta que "Deus [...] nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós" e que "o centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia". Numa análise à oração que o Filho de Deus nos ensinou, o papa relembra que "o pão «nosso» [...] é precisamente Jesus eucarístico" e que Ele "seja sempre o alimento da nossa vida, que Cristo ressuscitado [...] plasme verdadeiramente toda a nossa vida com o esplendor do seu amor divino".
Dentro destes sacramentos, refere o Papa, que "importante é também o sacramento da penitência" que "obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade [...] aprendendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo".
O quarto ponto é bastante interessante. Com poucas palavras, Bento XVI leva-nos a reflectir sobre a piedade popular, algo que os padres de hoje querem acabar. "Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular [...] porque [...] o coração do homem é o mesmo. Excluí-la (à piedade popular), é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens.[...] Por isso a piedade popular é um grande património da Igreja".
Sem deixar de referir o estudo , no ponto cinco, refere que "o tempo de Seminário é também e sobretudo tempo de estudo. A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. [...] Estudai com empenho! Fazei render os anos de estudo! Não vos arrependereis. É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. mas é completamente errado pôr-se imediatamente e sempre a pergunta pragmática: Poderá isto servir-me no futuro? [...] Não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais [...] mudam de geração em geração e todavia [...] permanecem os mesmos. [...] É importante conhecer [...] a Sagrada Escritura, na sua unidade de Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, a sua peculiaridade literária, a gradual composição dos mesmos até se formar o cânon dos livros sagrados, a unidade dinâmica interior que não se nota à superfície, mas é a única que dá a todos e cada um dos textos o seu pleno significado. É importante conhecer os Padres e os grandes Concílios. [...] Quão importante seja hoje a teologia ecuménica, conhecer as várias comunidades cristã".
Ainda neste ponto o Papa fala-nos sobre a sua experiência de estudante em que aprendeu "a amar o direito canónico na sua necessidade intrínseca e nas formas da sua aplicação prática: uma sociedade sem direito seria uma sociedade desprovida de direitos".
Como última recomendação neste ponto, Bento XVI exorta-nos a que amemos o estudo da teologia e a segui-lo com diligente sensibilidade nunca a deixarmos de parte na vida da Igreja. "Sem a igreja que crê, a teologia deixa de ser ela própria".
Nos últimos dois pontos o Papa fala da maturação humana que devemos adquirir no tempo de seminário, pois na vida de sacerdote temos, muitas vezes, que acompanhar os outro ao longo da vida e até às portas da morte. Fala também da sexualidade onde nos alerta para os problemas que recentemente surgiram na Igreja, sentindo pena e desgosto.
No último ponto refere as diversas formas de chamamento a esta vida de entrega total a Deus e a importância da vida em comunidade: "o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade".
Despede-se então com a finalidade desta carta que é mostrar-nos "quanto penso em vós [...] e quanto estou unido convosco na oração" pedindo que rezemos por ele!
Ismael Sousa
Uma carta que deve ser lida por todos! Um testemunho fantástico de quem já fez o caminho, e que sabe por onde ir nesta caminha! Obrigado pela partilha ^^
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