terça-feira, 19 de outubro de 2010

Espaço para mais um...

Voa a gaivota livremente, ao ritmo que o vento vai decidindo.
Voa alto, sem nada temer. O céu é só seu, e o tempo não existe. Voa para além do horizonte, voa em volta do sol e da lua.
O mundo é infinito, o céu o seu cobertor.
Explora a gaivota o céu, procurando conhecê-lo e fazer um mapa..
No meio da sua alegria, uma outra gaivota surge. O céu não é só seu... A sua liberdade é condicionada.
Desce a gaivota à terra, parando para ver o céu. No céu voa a jovem gaivota, exibindo-se e adquirindo para si o céu. As nuvens afastam-se ao vê-la passar... Mas cobrem a velha gaivota que se encontra em terra.
Voa uma vez mais da terra ao céu a velha gaivota. As nuvens tapam-lhe o céu; o sol já não a ilumina, a lua já não aparece.
Volta às areias da praia, derramando lágrimas de dor, solidão, infelicidade.
Jura não mais voar; jura não mais voltar a sonhar.
Profetiza a sua vida vivendo entre as rochas da praia...
Todos os dias vai até junto à água para a olhar.
Olha o mar e relembra tudo o que viveu, tudo o que sonhou e nada do que concretizou.
Deseja entrar no mar e nele residir. "Deus ao mar o perigo e o abysmo deu, mas nele é que espelhou o céu."´
O sonho trai a velha gaivota, dando-lhe razões para voltar a voar.
O mar entra dentro de si, e ela de novo volta a voar... Descobre que há sempre espaço para mais uma gaivota.
Voa com mais intensidade. Voa como nunca voou.
O seu voo leva-a acima das nuvens e ela descobre que o céu sempre lá esteve, o sol nunca a abandonou e a lua esteve sempre do seu lado!



Ismael Sousa

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