terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ensaio sobre a amizade II

Hoje sentia-me particularmente em baixo.
Principalmente quando a noite chegou!
Depois de sair do seminário e ir passear pela cidade sozinho, a Verdade entrou em mim e disse-me: "Nunca estás só! Por mais só que tu estejas, ou que te pareça que estejas, tens sempre alguém do teu lado. Podes permanecer sem nenhum amigo ao teu lado, e parecer-te que eles não querem saber de ti... Mas, e no passado? Ontem? Anteontem? Como foram esses dias?  Será que eles realmente não querem saber de ti? Para, escuta e olha! Ouve o teu coração, vê os sinais que os teus amigos te dão... Pára de pensar só em ti! Sê racional! Não queiras tudo para ti!"
Caí em mim...
Pensei não mais me levantar... A Verdade tinha-me confrontado e colocado questões na minha cabeça que nunca tinha pensado. Todas as minhas teorias foram por água abaixo...
Andei eu a pensar direito durante estes dias, meses, anos, décadas?
Será que a inveja, o sentimento de solidão, a vontade de morrer, desaparecer, de deixar tudo para traz não se invadiram de mim num momento maior de solidão?
Para quê tanta dor, tanto rancor, tanto ódio e tanta vontade de ser injusto?
Fui eu ou não invejoso? Quis eu ou não apoderar-me dos meus amigos, meter uma redoma de vidro sobre eles e impedir que o restou do Mundo os veja, se aproxime deles e que criem amizade também com eles?
Mas sou eu capaz de deixar de pensar em mim e pensar também um pouco neles? Como eu tenho direito de criar novas amizades, assim eles também têm esse direito!
Não posso ser para eles um estorvo, uma barreira entre eles e o resto do Mundo. Tenho de os deixar viver a sua vida, deixar que eles voem como os pássaros voam do ninho da mãe. Deixar que sejam, a cima de tudo, livres.
Vou contar-vos uma pequena história da minha vida.
Tenho, na minha vida, um pequeno príncipe! Esse pequeno príncipe dá-me muitas alegrias. Quando olho os céus na altura em que o sol se põe, vejo os seus olhos; quando surge a primeira estrela no céu, lembro-me da sua marca no olho; quando olho o mundo à minha volta, recordo-me dele, pois penso sempre que é uma fotografia.
Esse pequeno príncipe conseguiu cativar-me! E a ele muito lhe agradeço. Nunca antes alguém me tinha cativado assim. As coisas tornam-se muito mais fáceis na minha vida, com o meu pequeno príncipe ao meu lado.
Contudo, pensei muitas vezes em meter-lhe uma redoma de vidro, para que ninguém lhe tocasse. Mas o meu príncipe é bom de mais para estar numa redoma de vidro: ele precisa de conviver com os outros.
Contudo, quando esse meu pequeno príncipe começou a conviver com outras pessoas, a minha inveja subiu-me à cabeça. Mas, agora que parei, olhei e escutei, sei perfeitamente que não me importo que ele conviva com os outros: quero só que ele saiba que tem sempre ao seu dispor esta pequena raposa, que vive na terra, para ele!

A amizade é, realmente, uma coisa bela! Na vida nada existe sem amizade. Quando nos cativam, a amizade fica muito, mas muito muito rica.
Infelizmente, estou agora a deparar-me com um problema: os teus olhos, pequeno príncipe, dizem que não estás bem. O teu caminhar diz-me que a tua alma está perturbada, o teu sorriso manda todas estas minhas teorias por água abaixo.
Se fui eu que errei, perdoa-me meu piccolo principe ^^!

 Já pensei em mil e uma forma para poder acabar este meu testamento. Mas após uma longa reflexão, decide que vou acabar com uma mensagem bela e dedicada ao meu pequeno príncipe: Ti Voglio Molto Bene!


P.S. Este Post chama-se "Ensaio sobre a amizade II", porque o primeiro encontra-se aqui.
  Ismael Sousa

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