Preto e branco. Claro e escuro. Homem e mulher. Criança e velho. Diferente, indiferente.
Vivemos num mundo onde a diferença é constante. Tudo é diferente, tudo tem a sua essência, as suas características.
Até os gémeos homozigóticos são diferentes. Não possuímos na sociedade duas pessoas exactamente iguais.
Mas isso é bom. Imaginem vivermos num mundo onde tudo fosse igual, ao jeito de todos, que todos fizéssemos e disséssemos as mesmas coisas? Seria um puro aborrecimento. Não precisaríamos de conhecer ninguém, pois saberíamos logo que ela era igual a mim, e dessa forma, seria uma pura monotonia.
Mas as diferenças existem, e são elas que nos alegram. Eu ser diferente de ti, ele do outro, faz com que nos conheçamos, que aprendamos a viver com as diferenças dos outros, a tornar cada pessoa diferente e única.
Sim, podemos dizer que alguns têm os mesmos gostos, que fazem as mesmas coisas, que vivam de forma semelhante. Mas perante um acontecimento, cada um reage à sua maneira. E nisso, notamos muito as diferenças que existem de uns para os outros.
Eu sou adepto da diferença, adepto que cada um seja como é. Simplesmente custa-me que, alguns não saibam respeitar as diferenças que existem. Jogam, brincam, gozam, rebaixam os outros com a sua diferença. E no resultado disto tudo temos o racismo e a xenofobia.
“Ah!, isso no nosso país não existe”; “Somos acusados de racismo, mas esses pretos são mais racistas que nós. Por isso não me peçam para não ser racista” – É este, o pensamento de muita gente neste país. Mas para quem quiser abrir os olhos e olhar à sua volta vê que as coisas não são bem assim. Desprezamos os chineses, os ucranianos, os pretos, e até os nossos irmãos.
Vivemos num tempo em que só o nosso EU importa. Os outros são indiferentes. “Que se virem que eu também me virei!” E isto acontece muitas vezes entre nós, cristãos. A nós, que nos foi ensinado a amar o próximo, somos os primeiros a por de lado esta gente, a atribuir-lhes o mal do mundo.
Refilamos e tentamos compreender para que vêm eles para o nosso país. Mas, quantos do nosso amado e querido país, também não se encontram nos países estrangeiros? Achamo-nos donos do mundo só porque, há quinhentos anos descobrimos meio mundo. Mas também é verdade que vendemos tudo, por ganância, ou não, perdendo tudo aquilo que era nosso. Se deixou de ser nosso, muito bem, então baixemos o nariz e reconheçamos que somos do pequeno país da ponta da Europa, a que muitos chamam de Espanha.
Mas enervam-me, e muito, os queridos patriotas que por fora deste país andam, e têm vergonha de dizer: EU SOU PORTUGUÊS! Até a língua nos tiram, dizendo que é bem melhor a língua daquele povo que muito aprendeu com os Lusitanos.
Dizia um amigo meu, e transcrevendo à letra, passo a citar:
«Tou farto de alguns patriotas. Nem sei o que me faz escrever estas palavras, mas faço-o com gosto, porque escrevo na minha língua, desse país longe e perto, para onde voa a minha mente quando me abstraio e de onde nunca saiu nem sairá o meu coração.
Em França é que é, dizem uns. Não não, na Suíça é que é.
Outros dizem: Dizeis isso porque não viveis na Inglaterra...
[…]
E vêm dizer-me a mim:
- Que devíamos juntar-nos a Espanha? Porquê? Porque têm o Nobel da literatura de 1998?
- Que na "France" é que é? Porque não há cunhas?
- Que a Suíça é democrática (tendo em conta as notícias que denunciam racismo e xenofobia)?
- Que a justiça funciona na Inglaterra e nos outros países da OCDE?»
Diferenças existem, existiram, e sempre existirão. É necessário é ter em conta essas diferenças, saber viver com elas.
Respeitá-las, se queremos que respeitem as nossas. Termos orgulho no que somos e não colocarmos as nossas origens no estrume, refilando infinitamente, sem tomarmos alguma atitude.
Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa
Muito bem... Palavras para quê? Abraço.
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