terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A morte de Ivan Ilitch

A publicidade dos dias de hoje passa pela atracção. Ouvimos nas rádios anúncios que nos fazem rir de tanta estupidez. Na televisão coisas impossíveis. Nos livros, capas maravilhosas.
E, na verdade, é isso que nos atrai. Compramos muitas vezes um produto porque na televisão falam dele; um livro porque tem um título chamativo e uma capa fabulosa e que, muitas vezes, nada tem a ver com o seu conteúdo.
Para mim sempre foi fascínio as navalhas de barbear antigas. De um desenho simples a uma eficácia enorme.
Quando, aqui há uns anos, saiu um filme sobre um barbeiro (Sweeny Todd), logo me fascinou. Não só pelas navalhas, mas também por ser um musical.
Estes dias, depois de entrar numa livraria, e olhando os destaques e novidades, encontrei um livro que a sua capa era simplesmente uma navalha de barbear. Logo fui absorvido pela tão dita atracção publicitária. Quando peguei no livro para ler a pequena sinopse da parte de traz do livro, deparei-me com o nome do autor: Lev Tolstói.
Há muito que andava decidido em ler algumas das suas obras, mas não tinha encontrado nada até então.
Eis que a oportunidade tinha surgido. Tinha na minha frente o livro de um autor que procurava e a capa com a navalha.
Comecei a ler o livro, que não tem mais de 95 páginas (91 para ser mais preciso), e deparei-me com um tema que, para uns de nada importa, para muitos é um tema delicado: a morte.
Mas este livro é diferente. Nele não há suicídios, nele não há morte de actores secundários. A morte é a da personagem principal, e o livro fala do seu sofrimento às portas da morte.
Nunca tinha lido nada igual; algo de tão fascinante.
Hoje em dia virou moda os livros sobre vampiros e coisas do outro mundo.
Mas Tolstói é diferente: ele fala do sofrimento de um homem que toda a sua vida foi justo; um homem que não se deixou corromper pelo dinheiro, pela fama nem pelo poder de que ele era proprietário; de uma pessoa que gostava de sorrir.
Fala-nos da solidão de um homem ao morrer, das perguntas que ele põe a si mesmo. Um reviver a vida em alguns dias, horas e ver que tudo foi em vão e que agora, no leito da sua morte, se encontrava verdadeiramente sozinho.
A minha fascinação pelo livro levou-me a que, em menos de vinte-e-quatro horas, o conseguisse ler.
António Lobo Antunes diz-nos que:
«Este livro tão breve, uma das maiores obras-primas do espírito humano, tem sido, desde a sua publicação, um motivo de controvérsia para a crítica: trata-se de uma obra sobre a morte ou uma obra que nega a morte?»
Deixo-vos, assim, esta bela sugestão que se encontra a um preço bom.


Como podem ver, o tempo do Natal acabou, mas Deus-Menino permanece no nosso coração. Assim, a imagem de fundo do meu blog também mudou, bem como as suas cores.


Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

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