terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vida!

Estou sentado à secretária onde à minha volta, espalhadas em inúmeros montes, estão as folhas com os rascunhos da minha vida.
Ligaram-me, à cerca de meio ano, a pedirem que escrevesse um livro: um livro de memórias.
Comecei por escrever uns rascunhos, fazer uma linha do tempo da minha vida.
Marquei o ano de 1990 no início desta linha.
Revirei a minha mente para recordar a minha vida. Contudo as minhas primeiras memórias remontam a quatro anos depois do meu nascimento. E, o dia que me lembro, sem precisar nenhuma data, é o dia em que entrei para a pré-escola.
Mas na minha mente surge o dia do meu baptismo. Não o recordo e seria praticamente impossível se me lembrasse. Tinha pouco mais de um mês quando entrei na maior família de todas. Mas o que sei desse dia é unicamente o que me contaram.
Na pré-escola andei cerca de dois anos. Este foi o local do aprofundamento dos meus primeiros ensinamentos que vieram dos meus pais e do meu irmão.
Durante dois anos fui preparando o caminho para as verdadeiras amizades, sem saber o que o destino me destinava.
Entre aquelas quatro paredes conheci o meu mundo. Ali tive a primeira paixoneta: aquelas paixões de criança.
O tempo foi passando, talvez mais rápido do que eu desejava.
Chegou a altura de abandonar a pré-escola e seguir com o caminho que todos deviam seguir: a primária.
Ao toque do sino foi altura de começar aquela que viria a ser a altura que mais me marcou em toda a vida.
Três anos ali estudei, naquela casa que por fora era igual a tantas outras daquele tempo.
Mas para mim era diferente. Naquela casa estudava também o meu irmão. Para mim era uma segurança, uma completa paz e felicidade.
Naquela sala, onde ainda existia um crucifixo por cima do quadro, onde ainda existia um estrado onde se encontrava a secretária da professora, os alunos tinham as "carteiras" em formas de U, para que nenhum estivesse voltado de costas para o outro. No canto da sala existia uma cadeira, virada para a parede.
Naquele espaço aprendi o A, B, C. Aprendi os números. aprendi a ler, escrever, a matemática e o estudo do meio. Ali tive as primeiras lições de música e canto, que tanto me fascinam.
Como eu, tantos se formaram naquelas salas. Como eu muitos receberam as primeiras bases. Como eu muitos se formaram gente.
Desde cedo comecei a ler, pois para além do estudo que tinha nas aulas, em casa também o tinha.
Em conjunto com o meu irmão, li as primeiras histórias infantis. Diante dos meus pais, acolhendo as suas correcções, declarei os meus primeiros versos.
Ainda sem os perceber, sem conseguir tirar uma mensagem deles, lia-os.
Com a minha professora aprendi a escrever com o tipo de caneta com que agora escrevo estes rascunhos.
Devido à grande quantidade de alunos, o meu quarto ano foi passado no ciclo.
Nesse ano conheci o espaço onde estudaria, como eu pensava, mais dois ou cinco anos. Dois porque queria ir para o liceu quando findasse o sexto ano; cinco, caso não conseguisse entrar no liceu.
Contudo, algo interrompeu o percurso da minha vida.
Foi no mês de Outubro que tudo aconteceu. Nesse mesmo mês, o meu coração foi roubado. Naquele dia informei os meus pais da minha vontade. Não sei se era segunda ou terça, se era sábado ou domingo. Não sei.
Daquele mês em diante a minha vida seria diferente. Eu já não era o mesmo jovem. Era um jovem sonhador, com uma nova aventura prestes a começar.
Difícil foi a despedida dos velhos companheiros. a eles jurei nunca mais os esquecer. E não esqueci. Poderia agora ainda inúmera-los a quase todos. Anabela, Ângelo, Ricardo, Ana Maia, Gil, Catarina, Nicolau, Liliana, Simão, entre tantos outros...
Uma nova escola iria enfrentar. Novos companheiros iria fazer...
Quatro anos foi o tempo de viver nessa escola. Quatro anos magníficos.
Esse tempo também foi o tempo de viver na velha casa. Tempo de crescer, aprender e de me formar.
Novamente foi tempo de mudar, durante mais três anos. Tempo de renovação, de fazer crescer tudo do zero, novamente.
Agora aqui me encontro, a findar a linha do tempo, pensando em como ela findará!



Ad majorem Dei gloriam!
Ismael Sousa

3 comentários:

  1. A escola que nunca acaba começou em 1990. E vão 20 anos nas carteiras baças e nas salas por vezes sombrias que temos que frequentar. Esperam-te ainda tantas salas! Tantas cadeiras! Tantas pessoas da grande família de que falas!
    Bom estudo, porque na vida, nunca se é velho demais para aprender, nem novo demais para ensinar.
    Abraço

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  2. O maravilhoso da vida é poder aprender a cada novo dia que vêem :$

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  3. Padrinho...escreve um livro :) Eu compro logo hehehe
    Todos nós aprendemos todos dias....

    PS: sabado vou ai ate tua casa!!!!

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Obrigado pelo comentário!