sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011, um Novo Ano!

Desta vez o post é pequeno.
Este é o último deste ano!
Desejo a todos os leitores que me visitam, um feliz Ano novo e o que de melhor foi este ano, seja o pior do ano que vem!
Felicidades e um Feliz 2011, com votos de muita saúde, felicidade e alegria!

Esquece as promessas que ficaram por cumprir! Esquece os sonhos que ficaram por viver! Começa de novo neste 2011! Deixa para trás o 2010! Num minuto renasce e revive! Feliz Ano Novo! 



Ad majorem Dei gloriam!


Ismael Sousa

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Janela aberta!

Saio de casa, com a capa pelas costas, e passeio pela cidade. Acendo um cigarro e olho as torres da Sé!
Sigo caminho olhando as pessoas que passam apressadas e sem olharem à sua frente!
Sento-me no cruzeiro da Sé, e olho à minha volta: lá longe, junto à velha porta da catedral, um velho homem derrama lágrimas e suspira!
Tento olhar para os seus olhos e perceber que história está por de traz dele.
Reconheço-o pelos traços do seu rosto.
Aquele homem deixou lá longe todos os seus sonhos, todos os sentimentos que um dia sentiu! Só existe o vago, o vazio, o espaço e o silêncio!
Já nada na sua vida tem um sentido: a lua não mais surgiu para o iluminar; o sol não mais raiou... Todos aqueles que estavam a seu lado o deixaram... Deles esperou todos os dias uma palavra!
Enquanto passeava pelas ruas, passando por inúmeras pessoas, sentia a solidão no seu coração!
Alguns que passavam por ele reconheciam-no e viravam-lhe a cara... Não lhe dirigem nem uma pequena e curta saudação!
Recolheu-se no seu canto, onde as lágrimas correm sem ter fim.
Fartou-se do mundo! Do mundo onde estava sempre rodeado de pessoas à sua volta sem o conhecerem... Fartou-se de odiar a solidão e procurar sempre companhia à sua volta!
Rodeou-se de múltiplas pessoas que nada lhe dizem!
Procura agora a solidão, apesar da dor que ela lhe provoca!
Decide continuar a sua vida, deixando todos para trás!
Levanta-se e passa por mim, tentando esconder a sua cara. Baixo o meu rosto para que ele não me reconheça e não se sinta mal!
Levanto-me e olho o horizonte! Dói-me o coração de o ver assim!
Mas relembro que Deus por cada porta que fecha, abre sempre uma janela!
Rezo por ele, pedindo a Deus que lhe indique a janela que abriu para o meu velho professor.


Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

Elogio da desgraça!

Deixei o mundo longe de mim...
Fechei a tampa do piano e a porta dos sonhos!
O mundo fechou-se para mim e eu vi-me obrigado a ver-me longe do mundo!
Todos aqueles que me rodeavam de dia e noite deixaram-me estendido na rua, onde a noite era sombria e o vento frio! Rasgaram as minhas vestes, bateram-me até cair! Inconsciente me deixaram e num lugar desconhecido lançaram o meu corpo para que não conseguisse voltar para casa!
Quando os meus olhos se abriram, no meio de algo que eu não conhecia, fui guiado pelas estrelas até à minha velha mansão!
Tudo permanecia como eu havia deixado! Os portões fechados, as janelas cerradas, as luzes apagadas.
Entro de rompante na casa, fechando a porta com força a traz de mim! Dirijo-me à arrecadação, onde procuro por correntes e cadeados!
Saio porta fora, fecho o grande portão com cadeados! Ali não mais entrará ninguém que não seja de minha vontade!
Vasculho o bolso, tentando encontrar a chave da porta! Fecho a porta à chave, com todos os trincos que ela possa ter! Coloco-lhe uma tranca para que não a consigam arrombar!
Acendo um castiçal que ali se encontra!
Subo ao primeiro andar, fechando todas as janelas e cortinados que encontrava pelo caminho! Neste andar, deixo somente abertas as portas das janelas da varanda! Subo ao andar superior e fecho novamente todas as janelas e varandas, todos os cortinados! Nesta casa não mais entrará luz!
Volto ao único local onde deixei as portas abertas!
Na casa reina a escuridão, o silêncio, a solidão!
Na grande sala, o único local da casa com luz, tudo me parece supérfluo! O piano onde passei horas deixou de tocar. Já não mais tenho vontade para lhe abrir a tampa, de tocar nas suas teclas brancas e pretas! Na sua cauda jazem as partituras que eu durante uma vida toquei! Partituras que me proporcionaram momentos de alegria e gozo, que me trouxeram amigos e riqueza...
A batuta também lá permanece. Muitos movimentos, muitas horas, muita música por ela passaram... Graças a ela consegui comprar esta casa, comprar amigos, amores, sentir-me o dono do mundo...
A parede sustem em si inúmeros prémios que agora de nada me valem!
Toda a minha fama, glória e riqueza só me trouxeram infelicidade! Não tenho ninguém a meu lado... Todos os que me amavam eu afastei com a minha soberba, com os meus títulos, com o monstro em que me tornei!
Corro para as portas da varanda e abro-as... Volto para junto da "parede da glória", que tantos assim a chamaram, e retiro dela todos os "títulos" e "glórias" que nela tenho...
Enquanto os tiro da "parede da minha infelicidade", lanço-os pela varanda, para que não mais os veja!
Fecho as portas da varanda, cerro as suas cortinas e sento-me no cadeirão onde passei horas a fumar charutos e a ser venerado por inúmeras pessoas que só se acercaram de mim pela fama, pelo prestígio...
Nunca nenhum deles me conheceu verdadeiramente. Nunca nenhum deles soube ler os meus olhos!
Acendo o cachimbo, a única luz em toda a minha casa...
Fecho os olhos e adormeço...
Longas foram as horas de sono, onde os fantasmas me assolaram e tornaram todos os meus sonhos em pesadelos!
Na fresta de uma das janelas um raio de sol entra pela sala...
Acordo das longas horas de sono e abro as portas da varanda! Saio para a varanda ficando temporariamente cego pelo sol!
A pouco e pouco vou recuperando a visão e à minha volta vejo que o sol voltou a raiar, as andorinhas voltaram a voar, as flores abriram novamente, que tudo voltou para um novo dia!
Olho à minha volta e reparo em como tudo é belo! Choro! Choro não por tristeza, mas de alegria. Choro por ter tomado consciência da vida que tenho levado!
Decido mudar; decido recomeçar... Não irei recolher os "títulos" e "glórias" do chão, mas irei partir à procura dos meus verdadeiros amigos e pedir-lhes perdão...

Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Santos Inocentes

"O perfeito louvor vos é dado pelos lábios dos mais pequeninos, de crianças que a mãe amamenta."
Era esta a antífona do terceiro salmo de Laudes da Liturgia das Horas.
Santos Inocentes é o dia que hoje a Igreja celebra.
Estes Santos Inocentes é uma memória às crianças de Belém que morreram nas mãos dos soldados romanos, a mando do rei Herodes, pela altura do nascimento do Menino.
Na noite anterior ao massacre que Herodes mandou fazer nas terras de Belém, um anjo apareceu em sonhos a José e disse-lhe que pegasse na sua esposa e no Menino e que partissem para o Egipto para fugirem ao massacre. Durante a noite, José, pegou na sua esposa e no Menino e fugiram para o Egipto como o anjo lhes ordenara a fim de se cumprir a profecia.
Na manhã seguinte Herodes, incomodado perante a notícia do nascimento do Rei dos judeus, aquele a quem os Magos ofereceram presentes e adoraram, decreta a morte de todos os meninos inferiores a dois anos.
Aquelas pobres crianças derramaram o seu sangue em nome de Jesus, O qual, posteriormente, derramou o Seu sangue por toda a Humanidade.
"Ouviu-se uma voz em Ramá, - voz de lamento, gemido e pranto - de Raquel chorando os seus filhos, recusando-se a ser consolada pois eles não existem mais." (Jr 31, 15)
É neste dia que os grupos pró-vida celebram a vida das crianças e protestam contra o aborto!



Ad majorem Dei gloriam!

P.S. - Hoje, de forma especial, quero deixar um grande beijo a uma amiga e a toda a sua família, e dando-lhes muita força.

Ismael Sousa

Ser Feliz!

"Andar, nesta estrada
por caminhos incertos
tão longe e tão perto
do que eu quero ser.
Cantar uma balada
de sonhos despertos
e braços abertos
para te conhecer.
[...]
Estou a aprender a ser feliz
aquilo que eu vou ser ninguém me diz.
A guitarra que só toca por amor
não acalma o desejo nem a dor"

Hoje decidi começar este pequeno post com um excerto de uma música dos "Polo Norte" que nos fala em aprender a ser-mos felizes.
Encontro-me, actualmente, num encontro de jovens do qual o tema é: "Ser Feliz".
Mas afinal o que é ser feliz? É andar sempre com um sorriso nos lábios? É andar constantemente a rir?
Procuro nestes dias encontrar um pouco a definição de felicidade para além da que consta no dicionário!


Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sagrada Família

Hoje a Igreja celebra a Sagrada Família.
Hoje a Igreja celebra a Família.
Mas o que é esta família? São só aqueles que me "colocaram" no mundo? São só os meus pais biológicos?
Bem, hoje, como ja referi, a Igreja celebra a Sagrada Família de Nazaré, são José, Virgem Maria e Menino Jesus. Mas nos tempos que correm a família já não são só os progenitores, mas sim aqueles que nos dão carinho e amor; felicidade e que nos corrigem; os que nos preparam para o mundo.
Refiro-me assim àqueles pais que, por não poderem ter filhos ou por outras razões, adoptam crianças e lhes dão o amor que nunca tiveram; proporcionam momentos de alegria e felicidade; que os preparam para uma sociedade sem valores e cada vez mais pobre (e não estou a falar em questões monetárias).
Muito bem nos indicava o papel da família hoje a segunda leitura da Eucaristia!
Na minha paróquia é costume cantar-se aquela famosa canção do Padre Zezinho: Oração da Família.
Acho que hoje, e não tenho dúvidas, é uma lição para todos nós!
Hoje, depois de ter estado com a minha família (que eu tanto amo), participei naquele que é o primeiro passo do homem a constituir família: o casamento.
Dois amigos/colegas meus decidiram dar o grande passo na sua vida, escolheram a sua vocação: constituírem família.
A eles deixo os meus mais sinceros votos de felicidade e que sigam o exemplo da Família de Nazaré.
Deixo-vos assim a música do Padre Zezinho e que todos dela retirem uma grande lição.



Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

sábado, 25 de dezembro de 2010

Natal

Gló-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ria in excelsis Deo!
Pois é: o Salvador já nasceu, numa gruta em Belém e encontra-se agora, quentinho, na manjedoura..
Depois de tantas portas fechadas, de tanto sofrimento, o Rei dos Reis nasceu no local mais pobre que se pode imaginar: um estábulo.
Será que eu seria capaz de abrir a porta a esta família para que uma Criança pudesse nascer nas condições que merece?
Cantam os Anjos hinos de louvor, alegram-se os céus e a terra: o Deus-Menino nasceu!
Espero que também tenha nascido  no coração de cada um de nós.
Cantai agora hinos de louvor, vesti as melhores vestes e ide adorar o Menino.
Cantam-se agora as canções mais belas, tudo para adorar o Menino.
Que este seja um tempo de alegria, amor e muita felicidade!
Desejos de um Santo Natal a todos vós e que o Menino permaneça bem quentinho nos vossos corações!
Deixo-vos uma das mais belas músicas de Natal do melhor que se faz nestas terra Lusitanas: Natal de Elvas!



Feliz e Santo Natal!
Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Novena do Natal!

Nas ruas já há muito que as luzes brilham. Nas igrejas o presépio já está praticamente pronto.
Estou sentado junto à árvore de Natal que a seus pés têm o presépio. Tudo está completo, mas falta o Menino na manjedoura.
Fazem-se novenas à Nossa Senhora, novenas aos Santos, mas não se faz nenhuma novena ao Menino.
Penso que por vezes nos esquecemos do que é realmente é importante.
Fazemos vénias perante a imagem de um Santo ou de Nossa Senhora, mas muitas vezes passamos indiferentes ao Sacrário. Choramos no adeus de Fátima, mas não choramos na missa...
Penso que por vezes misturamos as coisas e não damos valor ao que realmente importa. Não quero com isto criticar as pessoas que o fazem, mas sim tentar alertar para estas pequenas coisas.
Estamos na época natalícia e já muitas mensagens correm pelos telemóveis dizendo que o Pai Natal já anda a percorrer as casas e assim. Bem, para alguns isto pode até ser importante, mas e o Menino? Onde está Ele? Não é graças a Ele que temos esta festa? Não, não foi o Pai Natal que inventou o Natal: o Pai Natal (aquele homem vestido de vermelho e com barbas compridas e brancas) foi uma invenção da Coca-Cola.
Conta-se que foi São Nicolau (ou Santa Claus) que deu origem à figura do Pai Natal nos países de língua anglófona e que posteriormente foi transformado no Pai Natal da Coca-Cola.
Contudo, entre os mais velhos, dizia-se que era o Menino Jesus que trazia os presentes ou que, como fazem os "nuestros hermanos", eram os Reis que traziam os presentes.
Mas será que o sentido do Natal está só referente a receber e dar prendas?
Não, uma vez mais, não! O Natal é para celebrarmos o nascimento do Salvador. Esse sim é o Verdadeiro sentido.
Como já devem ter reparado, há já alguns dias que a imagem de fundo do blog mudou. Pois é, a imagem que agora está como fundo é esta:
A imagem apresenta, do seu lado direito, a Sagrada Família e o Nascimento do Salvador. Da Sagrada Família sai uma flor que representa o ramo do tronco de Jessé como havia predito Isaías.
No canto inferior esquerdo encontram-se três pastores que, após o anúncio do Anjo partiram para adorarem o Messias que havia nascido.
Também os Reis do Oriente, que viram uma estrela mais brilhante que as outras, foram adorar o Menino.
Por norma o presépio é feito com musgo, mas também o podemos fazer com as novas tecnologias. Eis então o meu presépio.
Espero, e estes são os meus votos mais sinceros, que Jesus Cristo renasça dentro dos vossos corações e que lá permaneça quente como na manjedoura.
Não me resta mais se não desejar-vos a todos um Santo Natal e que à volta da mesa todos se reúnam com amor e verdade. Que este tempo seja um tempo de reconciliação e de amor; vai bater à porta do teu vizinho e deseja-lhe um feliz Natal. Se estás zangado com ele, leva-lhe um doce ou algo do género.
Ama o próximo e deixa o ódio de fora.
Feliz e Santo Natal!
Postal de Natal que enviei aos meus amigos.


Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Acho que já chega!

Hoje, enquanto desejava um Feliz natal a todos os cibernautas, deparei-me com um grupo de comentários.
Um grupo do Facebook decidiu por uma foto do Papa com a seguinte frase: "O Papa deseja a todos um feliz e santo Natal."
Isto não tem nada de mal, mas o pior são os comentários.
Não consigo perceber como é que as pessoas podem ser tão ignóbeis, tão ignorantes e sem cultura. Aflige-me que as pessoas continuem a ouvir mais os mass média do que a informarem-se correctamente sobre as coisas. Se ouvem os mass média dizer que o Papa foi nazi, todas as pessoas ficam a dizer que o Papa é nazi.
Está na altura de as pessoas abrirem os olhos e tentarem perceber como as coisas são verdadeiramente. Não deixem que os mass média vos lavem a cabeça. Pensem por vós próprios e quando quiserem opinar sobre algum assunto, estudem sobre ele.
Não andem por aí a maltratar as pessoas...


Desfrutem dos belos comentários e depois digam se eu não tenho razão...

Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A minha vida nas páginas do vento...

O vento leva-nos os nossos melhores momentos. Ele traz-nos memórias que nos marcaram...
Gostaria de poder ver o vento, mas tudo o que sei dele é o que sinto. 
Sinto este vento e muitas vezes sinto que seja Deus. Como no princípio, também Deus nos manda o seu ruah.
Quando a noite cai e a solidão aperta, saio de casa. No banco do jardim me sento. Acendo o cigarro e o vento faz com que a minha capa esvoace. O vento não é frio. Quente como uma noite de verão, como o amor de uma mãe pelo filho.
O vento traz-me más recordações e boas ao mesmo tempo. 
Um sorriso esboça-se no meu rosto mas a lágrima cai. 
Abro o velho caderno, onde escrevi durante muito tempo. As suas páginas estão quase a acabar... 
Pouso a caneta sobre as folhas velhas e dobradas do caderno e começo a escrever. O meu pensamento vai para longe, percorrendo locais que eu desconheço, pessoas que conheço, horas que vivi, horas que estarei para viver.
Projecto o meu futuro, desejando que tudo seja bom. Mas nem sempre corre tudo como queremos, nem sempre os nossos sonhos se tornam realidade...
Muitas vezes desejamos viver, num futuro não muito longínquo, rodeado pelas pessoas que amamos, amigos e familiares. Mas quando vivemos esse futuro, que agora se torna presente, vemos que não é bem assim. 
Descobrimos que, muitas vezes, somos possessivos. Queremos tudo como nós queremos e nunca nos esforçamos por fazer as coisas como os outros querem. 
Esboçamos, muitas vezes, um futuro com os que amamos, não nos lembrando de que eles também têm os seus sonhos, a sua família, o seu esboço de futuro. Não podemos obrigar ninguém a fazer parte do nosso futuro. 
Escrevo estas coisas todas no meu caderno. 
Levanto os olhos para o céu... Admiro a lua que não tarda muito a desaparecer e as estrelas que dominam o céu. Uma vez mais a lua está a meu lado neste momento. 
Pego na caneta e continuo a escrever... De um momento para o outro perco-me num mundo que é só meu e que não pertence a mais ninguém.
Acabam-se as folhas e procuro a lua com os olhos. A lua já se pôs e as estrelas são as minhas únicas companheiras. 
Fecho o caderno e acendo um cigarro. 
O fumo sobe pelo ar e o vento dá-lhe formas estranhas. 
Abro o caderno e arranco-lhe as folhas. Olho-as uma última vez. Solto-as... Dou-as ao vento para que uma vez mais a minha vida seja escrita nas páginas do vento...



Ad majorem Dei gloriam...

Ismael Sousa

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Quarta vela...

A nossa coroa de Natal já tem as quatro velas acesas. Mas que significa isso?
Bem, significa que estamos a poucos dias do Natal e que o Salvador vai nascer da Virgem que concebeu pelo Espírito Santo.

Esta Virgem, que fora predita já no AT (Antigo Testamento), é uma das grandes personagens do Advento. Com ela conhecemos o verdadeiro exemplo de mãe. Com ela aprendemos a guardar "todas as coisas" no nosso coração. Com ela conhecemos a serva fiel e obediente, que aceitou a vontade de Deus, sabendo que poderia ser apedrejada por todos da sua terra, que o marido a podia rejeitar, que os seus pais a poderiam colocar fora de casa. Mas Maria, como serva de Deus, aceitou o seu pedido. E o Espírito Santo desceu sobre ela e fê-la conceber sem perder a sua virgindade.


Dentro de quatro dias estaremos a celebrar a consoada com as nossas famílias. O bacalhau estará sobre as mesas com as batatas cozidas e as couves. À volta desta mesa tão bem recheada haverá risos de alegria, recordações que voltaram, saudades dos que não estão.
Estaremos também a festejar o Natal: o nascimento de Jesus.
Mas sobre esse tema, escreverei mais perto do seu dia.
Ad majorem Dei gloriam!

Ismael Sousa

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nossa Senhora da Esperança

Os preparativos já tinham começado há algum tempo... Trabalho e mais trabalho, foram assim estes últimos dias para preparar a grande festa de hoje.
Hoje pela manhã, acabou de se preparar os últimos pormenores.
Vestiu-se o fato e começou a aquecer-se a voz.
Pelas 11.30 começou a festa da nossa Padroeira: Nossa Senhora da Esperança!
Com missa presidida pelo bispo da nossa diocese, D. Ilídio Pinto Leandro, estivemos todos em oração. Nesta mesma missa, alguns colegas foram instituídos Leitores e um Acólito. Com eles estiveram também os futuros diáconos permanentes que também foram instituídos.
Seguiu-se, após a missa, o almoço onde todos nos reunimos com os nossos familiares.
O almoço foi animado e deu para matar algumas saudades dos nossos pais.
Depois de comida a sobremesa, seguiu-se o café.
Finda assim a nossa festa da Padroeira, que é sempre uma grande alegria para nós.
Agora já todos regressámos às nossas casas, onde iremos passar as férias.
Seria bom poder-se descansar nas férias, mas este ano não será assim, pois muito trabalho se aproxima. O semestre ainda não acabou, mas já não falta muito. Há que preparar as últimas frequências e os trabalhos que estão pendentes.
Foi cansativo o dia, pelo menos para mim que tinha muita coisa a meu encargo. Felizmente correu tudo bem e estou feliz.
Deixo as mais sinceras felicidades e os meus parabéns a todos eles.
Desejo também umas boas férias a todos e que as aproveitem, mas que não se esqueçam de que os amigos não se põem de férias...
Ad majorem Dei gloriam!




Ismael Sousa

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Novidades

Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2010. Já lá vão alguns dias que não escrevo nada, mas tenho ocupado o meu tempo com estudos, trabalhos e preparações de frequências.
estamos na última semana de trabalhos deste ano (civil) e de aulas. Todos desejam ir de férias mas ainda falta um pouco.

Hoje, enquanto lia a entrevista do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, na Revista "Visão", algo me levou a um pensamento mais profundo.
Depois de o jornalista falar sobre a caridade e questionar o conceito de caridade e se ele voltaria a existir, o Patriarca respondeu que o conceito de caridade só tinha desaparecido no vocabulário jornalístico.
Bem, na verdade assim é. Raras são as vezes em que se lê a palavra caridade numa entrevista. Raras vezes se vê um jornalista falar de caridade.
Criou-se, a meu ver, uma frustração à palavra caridade. Hoje em dia substitui-se por solidariedade, por ajuda. Na realidade, estas palavras estão relacionadas.
Ser caridoso é ser solidário, é ajudar. Mas também é um compromisso, uma atitude que denuncia, que compromete.
Ser-se solidário é ajudar o outro, mas hoje em dia numa ajuda monetária.
Quantas vezes não nos interpelam na rua e nos questionam: "Quer contribuir para a Associação..."; "Quer ajudar a instituição..." e quando realmente queremos, dizem-nos logo que não precisamos de dar o nome... realmente o que interessa é o dinheiro.
Na sua última encíclica, "Caritas in Veritate", Bento XVI fala-nos da caridade nos tempos de hoje:
"O amor - «caritas» - é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se. [...] É uma força que tem a sua origem em Deus. [...] Paulo VI observava ... que as causas do subdesenvolvimento não são primariamente de ordem material, convidando-nos a procurá-las noutras dimensões do ser humano. [...] O subdesenvolvimento tem uma causa ainda mais importante do que a carência de pensamento: é «a falta de fraternidade entre os homens e entre os povos».
Numa análise magnifica deixa-nos alguns conselhos, abre-nos os olhos, demonstrando-nos como é possível fazer verdadeira caridade nos dias de hoje. "A cooperação no desenvolvimento não deve limitar-se apenas à dimensão económica, mas há-de tornar-se uma grande ocasião de encontro cultural e humano."
Deixo-vos essa sugestão de leitura. De certo não se irão arrepender...

Preparam-se agora os últimos pormenores para a festa da Padroeira da nossa casa, Nossa Senhora da Esperança.
É já no Sábado que, juntamente com os nossos familiares e colegas da Casa de Bragança, a iremos celebrar.
Mas, mais pormenores só depois da festa.
Ad majorem Dei gloriam!


Ismael Sousa

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Não entendo!

Não consigo entender toda esta filosofia e ontologia que me ensinam. Tudo o que sei são fórmulas vagas para mim.
Procuro ir ao fundo destas vagas fórmulas mas não as consigo entender.
a fórmula mais vaga para mim é, sem dúvida, aquela que diz: "o ser é e o não ser não é".
Ora, o verbo ser está logo a indicar que este ser é algo. Ok, o ser é: é algo. Mas o não ser também : o não ser não é algo. Se não é A pode ser B. Isto é: o ser é A e o não ser não é A. Mas o não ser pode ser B, C, D, etc.
Mas o que é, afinal, o ser? A que se refere este ser? Pode o "ser" ser Ser, isto é, Deus? Ok, se assim caracterizamos Deus como A, então o ser é absoluto, omnipotente. É Deus. Por sua vez, se o não ser não é A, mas sim B, C, D, etc, então o não ser não é Deus, mas pode ser o homem, pode ser muita outra coisa. contudo a este nível põe-se a grande questão: mas o homem não pertence a Deus? Se o homem pertence a Deus não pode ser o não ser. Então, o que é o não ser? É o vazio, o nada, o inexistente? O não ser não pode ser o contrário de Deus? e o que é o contrário de Deus se Deus é tudo?
Continuo sem conseguir identificar o não ser.
Para mim, que creio em Deus, A é Deus, mas para aqueles que não crêem em Deus, que negam a sua existência, o que é o A?
A razão? Ora se A é a razão o não ser o que é? Nada.
O não ser não é. Mas não é o que? Se não é, não existe. Se partirmos do ponto de vista que o não ser não existe, então porquê a formulação do "ser é e o não ser não é"? Não seria bem mais fácil dizer-se que o ser é e o não ser não existe?
Estarei enganado? Certamente que sim!
No meio de tantas questões outras surgem e invadem o meu pensamento. Sócrates afirma que: "Só sei que nada sei!" Ora, ao contrário de muitos que usaram esta frase, Sócrates despoja-se de tudo afirmando que é, como se usaria na linguagem de hoje, um "nabo"! Mas qual a importância deste pensamento para a filosofia? Sabermos que nada sabemos? Ok, EU NÃO SEI NADA!
Descartes afirmou também que: "Penso, logo existo!" Bem, foram precisos alguns séculos até o Homem conseguir compreender que se pensa existe. Naturalmente, pois se não existisse não pensaria. Mas porque tanta filosofia em torno desta perspectiva mais que óbvia?
Dizia o professor de ontologia que o mundo não existiria sem o homem. Não compreendi! É natural que se o homem não existisse, o termo "mundo" não existiria, mas o ser cósmico existiria, independentemente da existência, ou não, do homem. O homem criou o termo, mas antes de criar o termo o ser cósmico já existia.
Por mais que me esforce para tentar compreender estas coisas, não consigo. Se o mundo é criação do homem, então tudo o que vejo é criação minha e todos nos vemos de forma diferente e não como somos na realidade!
Não compreendo, e continuo sem compreender.
Ad majorem Dei gloriam!






Ismael Sousa

domingo, 12 de dezembro de 2010

Domingo Gaudete

Pois é amigo, hoje é o terceiro Domingo do tempo do Advento, mais conhecido por Domingo Gaudete.
Gaudete é uma palavra latina que significa Alegria. Como o nome do Domingo indica é tempo de nos alegrarmos pois o Salvador está para nascer. O seu nascimento é, como já referi em post’s anteriores, um dos acontecimentos mais importantes para nós, cristãos. É tempo de alegria, de ver sorrisos nas caras, de perdoar a quem nos ofendeu, a quem nos fez mal… É tempo de pedirmos desculpa às pessoas a que fizemos mal, que magoámos sem queremos. É tempo de reconciliação e de amarmos o irmão. É tempo de começarmos a preparar os nossos corações. Entristece-me saber que muitos cristãos não sabem o que é o Domingo Gaudete.
Recordo, em mais uma daquelas minhas recordações, que neste Domingo a minha família saí-a toda de casa, em direcção a Viseu…. Não para fazer compras mas sim para vermos as luzes de Natal. Era assim todos os anos.  
Este ano os enfeites de natal pela cidade diminuíram, as luzes são menos… Recorda-nos, assim, a tal dita crise. Contudo, neste Domingo, temos que nos alegrar e deixar de parte tudo isso.
Porque não fazer uma visita a um familiar que está só? Visitar um velhinho que está no lar e que a família não lhe liga nenhuma?
É tempo de pararmos, escutarmos o coração e fazer alguma acção de bondade para com os outros… Porque não hoje, quando andares a passear e vires um pedinte a pedir, pagares-lhe um lanche? Porque não?
Relembro agora uma história, verídica, que me contaram não há muito tempo.
Uma pessoa que se encontrava num estabelecimento a tomar o pequeno-almoço, viu entrar pela porta um pedinte. O homem tinha a roupa suja e tinha até um cheiro esquisito. Na sua suplica o homem pediu a alguém que lhe matasse a fome… Todos se encolheram no seu canto e continuaram as suas vidas. Mas o protagonista desta história disse ao homem que pedisse que ele pagava. O homem, na sua simplicidade, pediu apenas um pão. O protagonista disse que não. Perguntou-lhe se ele queria uma meia de leite e um pão com queijo. O pobre homem lá aceitou. Enquanto falavam o homem contou a sua história ao protagonista: vinha do Norte, tinha deixado a família lá e tinha vindo para Viseu para conseguir algum dinheiro para mandar para a família. Estava sem dinheiro, sem emprego, sem casa e não conseguia contactar com a família que estava no Norte. Passados uns anos, o protagonista entrou de novo no mesmo estabelecimento e enquanto tomava o seu café alguém lhe tocou nas costas dizendo: “Não me conhece pois não?” O protagonista muito admirado afirmou que não. O homem disse-lhe: “Pois, mas eu conheço-o. Aqui há uns anos entrei neste mesmo estabelecimento e pedi a alguém que me matasse a fome. Todos viraram costas e o senhor foi o único que foi capaz de me pagar o pequeno-almoço. Naquele dia estava mesmo para por um fim à vida, mas o senhor conseguiu meter uma vírgula onde eu queria por um ponto final. A partir daquele dia consegui arranjar trabalho, já trouxe a minha família para baixo, a minha mulher já arranjou emprego, já temos casa e os meus filhos já estão a estudar. Já cá vim algumas vezes a ver se o encontrava para lhe agradecer.”
Pois é, pequenos milagres existem, e este foi um deles.
Tomem esta história como exemplo e sejam generosos para alguém: tentem vender vírgulas onde se quer por pontos finais.
Amem o vosso irmão, amem o vosso próximo. Não andeis por aí como as canas nos desertos que dançam ao sabor do vento.
Alegrai-vos pois o Salvador está a chegar.


Ismael Sousa

sábado, 11 de dezembro de 2010

Crise, ou não...

Não há dia nenhum em que não se ouça falar da crise... O mundo vai mal, Portugal ainda pior...
Mas hoje comigo passou-se uma situação caricata. Depois do jantar sabe sempre bem um cafézinho... Cheguei a um estabelecimento e sentei-me na esplanada esperando, pois a noite estava agradável, sem frio e sem vento, que me viessem atender. Após algum tempo passado sem me virem atender, comecei a olhar e a ver se havia alguma indicação em que dissessem que não tinham serviço de esplanada... Não encontrei nada que dissesse que não havia serviço de esplanada. Continuei à espera. Entretanto olhei para dentro do estabelecimento e reparei que este estava vazio, e que duas pessoas se encontravam na parte de dentro do balcão a conversar... Passados dez minutos, um dos empregados ou donos do estabelecimento veio à porta dizer que estava sem empregados e que se quiséssemos tínhamos de ir ao balcão... E virou costas. Bem, qual não é o meu espanto em ouvir isto e a deparar-me com tal situação. Não fiz mais nada, levantei-me e vim-me embora com o famoso ditado do meu pai: "Se num lado pago, noutro deixo dinheiro."
Na verdade eu até podia ter tido a delicadeza de me levantar e ir pedir dois cafés e trazer-los para a mesa, mas se o estabelecimento tivesse com gente.
Quantos de nós não prefere que nos tragam o café à mesa? Sim pode ser comodismo, mas se eu pago é para ser bem servido...
Falam de crise e mais crise, mas não me parece que o dono daquele estabelecimento estivesse interessado em ganhar mais um euro e vinte... Assim, em vez de o deixar naquele estabelecimento fui a outro onde me serviram à mesa...

Ismael Sousa

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imaculada Conceição

Foi à 534 anos que o Papa Sisto IV postulou o dia 8 de Dezembro como festa da Imaculada Conceição.  Em 1854 Pio IX declarou a Imaculada Conceição como dogma. Este dogma é referente à pureza da Virgem Maria, à Virgem sem "mácula" (pecado) pois desde o primeiro instante da sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus pois ela estava cheia de graça divina. Este dogma fala ainda da vida sem qualquer pecado da Mãe do Salvador, aquela que foi prometida pelos profetas: "A virgem conceberá".
É assim festejada a Imaculada Conceição em todo o Mundo.
Foi em Vila Viçosa, em 1646, que D. João IV coroou a Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, retirando a sua coroa e colocando a coroa real na cabeça da imagem da Imaculada Conceição de Vila Viçosa.
Também em São Pedro do Sul se tem uma grande devoção pela Imaculada Conceição. Já canta a velha cantiga que diz: "Senhora da Conceição és a nossa Padroeira".
Assim, hoje, na minha terra natal, São Pedro do Sul se celebrou a Imaculada Conceição com grande alegria e devoção. ao som do órgão de tubos, cantámos os nossos louvores à Virgem Santa.
No fim, após a procissão que saiu sem chuva, tirei uma foto com a imagem de Nossa Senhora, pedindo-lhe que interceda por todos os Homens da terra junto de Deus.

Ismael Sousa

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Músicas de Natal!

Já se ouvem pelas ruas uma música harmoniosa. A quem passa apressadamente nem dá conta. Ma há sempre alguém que caminha pelas ruas sem pressa, conseguindo ouvir aquelas músicas harmoniosas que nos elevam para o espírito natalício.
De músicas tradicionais inglesas a músicas tradicionais portuguesas, lá vão passando todo o dia para alegrar um pouco quem por aquelas ruas passa. 
Também eu já tirei do "baú" as velhas músicas que todos os Natais fazem questão de me alegrar e relembrar o verdadeiro espírito natalício, o tempo de alegria em que estamos a viver como preparação para o Natal.
Recordo agora, com algumas partituras na mão, as músicas que cantei pelo Natal no Conservatório de Música de Viseu Dr. José de Azeredo Perdigão. No meio destas partituras estão também algumas que cantei no Coro de Santa Cecília da Academia do Seminário da Guarda. Como são belas estas músicas, estas letras que nos fazem viver realmente o mistério do Natal.
Contudo não posso de deixar passar a minha preferência pelo "Adeste Fideles"... Quando ouço esta bela música cantada pelo tenor José Carreras e Luciano Pavarotti todo o meu ser se alegra. É formidável... 
Tenho pena de actualmente não estar em nenhum grupo de canto para poder, com a minha voz, ainda que normalíssima, cantar ao Deus Menino.
Retirem as músicas de natal dos vossos "baús" e ouçam-nas... Ouçam-nas com beleza e com um espírito natalício verdadeiro...


Deixo-vos assim o belíssimmo Adeste Fideles pelas vozes dos tenores Luciano Pavarotti e José Carreras. Desfrutem...

Ismael Sousa

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Neve, o início

Hoje de manhã, quando me levantei da cama e abri a janela deparei-me com o melhor cenário possível... Neve.
Ainda que pouca e já em forma de gelo, os verdes campos encontram-se agora cobertos de neve... pouca, mas é neve.
Depois do pequeno-almoço não resisti e tive que lhe ir tocar e tirar algumas fotos.
Deixo-vos as fotos, na esperança de ver cair ainda mais neve...






Ismael Sousa

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Recordações do tempo que passou

As ruas já começam a estar enfeitadas. As lojas já brilham com luzes de Natal. Onde quer que se entre, o Natal está.
Começo, também eu, a pensar em fazer a minha árvore de Natal.
Todos os anos, se enche a árvore com bolas de várias cores, com fitas e luzes. No fundo da árvore monta-se o presépio com musgo, casinhas, personagens, areia e esferovite. É sempre um momento de família, um momento de preparação…
Em minha casa era sempre um momento para a família, um momento de nos juntarmos e de fazermos algo em grupo.
Todos os anos o ritual se cumpria: primeiro íamos ao pinheiro, pois não gostamos de pinheiros artificiais. Podem ser muito práticos e durar de uns anos para os outros, mas não é a mesma coisa. Lá em casa somos assim: pinheiro e musgo natural.
Depois do pinheiro no carro, era altura de se ir ao musgo, de “meter” as mãos na terra, para levantar o máximo de musgo possível.
À vinda para casa, pensava-mos no que pôr, no como enfeitar a casa, onde colocar o pinheiro.
Chegados a casa, descarregava-mos o pinheiro e o musgo.
Depois era tempo de se ir ao sótão buscar os enfeites e o presépio.
A lareira já estava acesa e todos à volta da árvore nos reuníamos.
Primeiro colocavam-se as fitas: era sempre uma animação porque um queria assim, outro assado, um queria uma fita, outro outra. Contudo, havia sempre algo em comum: as fitas eram colocadas sempre do cimo da árvore para baixo, envolvendo a árvore.
Fitas colocadas e passava-se ao próximo passo: bolas e estrelas, anjos e velas. As luzes eram das últimas a serem colocadas. Ainda antes de se acenderem as luzes, um de nós subia o escadote e colocava a estrela no topo da árvore.
Chegava a altura de ligar as luzes e ver o resultado final: apagavam-se as luzes da sala e ligam-se as do pinheiro: que sentimento de gozo enchia os nossos corações.
Pinheiro enfeitado e altura de preparar o presépio. Jornais enchiam o chão em volta do presépio. Algumas pedras eram colocadas juntamente com a cabana. O musgo começava a “aparecer”. Esgotava-se o musgo ou até sobrava e colocavam-se as imagens juntamente com as casinhas de marfinite. A areia fina começava a desenhar os caminhos e o esferovite fazia de neve. Algumas luzes eram colocadas sobre a cabana onde o Salvador nascerá.
Presépio pronto, altura de acabar de enfeitar a casa. Umas botas junto à lareira, umas coroas na porta, uns enfeites ali, outros acolá. A casa enchia-se de brilho.
Depois do jantar, reuníamo-nos na sala para rever a árvore!
Depois de completar uma dúzia de anos tudo mudou. Com a minha saída de casa a transformação da árvore tornou-se diferente, pelo menos para mim.
Agora já não era eu que, juntamente com a nova família, “construía” a árvore. Na realidade a minha participação para tal era encontrar musgo para o grande presépio. Depois, sentado nas escadas que davam para a capela vi-a a construção daquela grande árvore.
Depois, a construção do pinheiro, tornou-se num rito muito pouco familiar.
Sinto a falta da construção dessa árvore e do presépio…
Mas tudo muda…


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Gru, o Maldisposto

Acabei agora de ver um filme muito bom!
Ainda que tenha sido em desenhos animados, o filme transmite uma mensagem muito boa!
Por vezes fazem-se filmes sem mensagem alguma; outras filmes que estão na moda e que levam o mundo a ver tudo daquela maneira; outras vezes fazem-se filmes muito bons!
Gostaria de vos descrever o filme, mas isso levar-vos-ia a não verem o filme. Acreditem é mesmo bom!
Deixo-vos então uma passagem do filme que, a meu ver, resume todo o filme. 

“Um Grande «Unicórnio».
Um único «unicórnio», forte e livre era o mais feliz que podia. Depois apareceram três gatinhos que viraram a vida dele de pernas para o ar. Fizeram-no rir. Fizeram-no chorar. Ele nunca devia ter dito adeus, mas agora ele sabe que nunca se poderá separar daqueles três gatinhos que mudaram o seu coração. Fim”
Gru, o Maldisposto! 

Deixo-vos também a mais bela imagem de todo o filme!



Ismael Sousa

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nada temo

Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo, porque a Luz está comigo.

Se me colhe a tempestade
E Jesus vai a dormir na minha barca,
Nada temo, porque a Paz está comigo.

Se me perco no deserto
E de sede me consumo e desfaleço,
Nada temo, porque a Fonte está comigo.

Se os descrentes me insultarem
E se ímpios mortalmente me odiarem,
Nada temo, porque a Vida está comigo.

Se os amigos me deixarem
Em caminhos de miséria e orfandade,
Nada temo, porque o Pai está comigo.

Ismael Sousa

domingo, 28 de novembro de 2010

Natal, o que é?

Bem, como já escrevi no post anterior, chegou o Natal, ou pelo menos a preparação para ele.
Contudo, algo me levou hoje a pensar seriamente sobre o “Natal”…
Para nós, cristãos, o Natal é tempo de alegria, tempo de sentirmos o nosso Salvador nascer uma vez mais para nos salvar…
Mas, para aqueles que não são cristãos, o que é o Natal? Será só mais uma altura para dar e receber presentes?
Penso que para essas pessoas o Natal será um tempo de reunir as famílias e a seu lado rirem, conviverem, dos mais velhos ensinarem os mais novos, de estarem reunidos como família.
Também para nós, cristãos, esse é um tempo favorável para tal, mas com um sentimento maior: o nascimento d’Aquele que fora prometido.
Mas, como se sentirão aqueles que perderam um elemento da família, um amigo, alguém que amavam?…
Que sentirão essas pessoas quando se reunirem todos à volta da mesa para cear?… Sentirão a sua ausência? Certamente que sim. Certamente que na sua mesa um lugar estará vago, uma solidão/nostalgia se apoderará deles e uma vez mais uma lágrima correrá pelos seus rostos, caindo muito lentamente.
Gostaria de poder fazer algo mais por estas pessoas, por estas famílias, por eles todos…
Este ano, diferentemente de outros tantos, estarei unido a estas pessoas quando me sentar à mesa para comer. Estarei unido a estas pessoas quando me juntar com a minha família junto à árvore…
Desejos de um Santo Natal e nunca se esqueçam de que aqueles que perderam estão junto a vós…



Ismael Sousa

sábado, 27 de novembro de 2010

Advenire...

Ainda que para muitos o Natal já tenha chegado, para mim ainda não!
Na realidade começa hoje o Advento, que vem do latim, Adventus, e que significa "chegada". Desta forma o Advento é um tempo de preparação para a Vinda do Salvador que foi anunciado pelos profetas: "A virgem conceberá e dará à luz um Filho, o Seu nome será: Emanuel"!
Eis que, se estáveis atentos, a minha imagem de fundo mudou! Pois bem, neste tempo de prepararmos o nosso coração, as nossas casas, os espaços onde trabalhamos e assim para a chegada do Senhor, também eu preparei a minha "casa" virtual para a sua chegada tão prometida do Messias.


Esta imagem, que agora ocupa o fundo do meu blog, tem representada a coroa de Advento que agora começa a ocupar um lugar de relevo nas igrejas, com quatro velas que representam os quatro Domingo do Advento, sendo o terceiro Domingo denominado de "Domingo Gaudete", ou seja, Domingo da Alegria!
As linhas roxas significam, para além da cor predominante e caracterizadora do Advento, a "cauda" da Estrela que anunciou aos pastores e aos Reis do Oriente o caminho para visitarem o Menino. Na parte inferior encontramos então o presépio que todos gostamos de preparar como sinal do nascimento de Jesus: o Único e Verdadeiro Messias!
Concluo deixando os votos de um bom Advento e que se preparem verdadeiramente!

Ismael Sousa  

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

New Age...

“2012 O ANO DO FIM DO MUNDO”
Era assim que se apresentava a revista “Visão” do passado dia 18 de Novembro.
Quem quer que passasse os olhos por esta capa estaria tentado a comprá-la só para saber o porquê!
Já no interior da revista, o título mudava: “2012 A PROFECIA LUSITANA”. A pequena nota que se lhe seguia desvendava já um pouco desta notícia (ou não). “Há quem acredite que o mundo vai acabar, há quem espere ser salvo por naves extraterrestres […], depois do colapso da actual civilização, virá o renascimento. Milhares de portugueses mudam as suas vidas […] – e que o nosso país será um «farol» para o mundo…”
Quem está habituado a ler somente as letras gordas (o que diria da maioria das pessoas que enquanto espera por algo pega numa revista e lê as letras gordas, exceptuando quando se trata de fofoquices) ficaria logo alarmado com esta situação, o quem sabe, crescer-lhe-ia o peito pois, segundo este artigo, Portugal está na linha da frente da “Nova Era”.
Olhando para a imagem que ilustra este artigo, podemos ver algumas naves espaciais (que eu diria baseadas numa edição antiga de um filme, chamado, se não me falha a memória, de “Montanha Mágica”) vindas do céu na companhia de uns misteriosos astros que colidirão com a terra que se encontra sobre um mar de chamas e de lava. No cimo de um monte, lado a lado, encontramos Nossa Senhora de Fátima com uma ilustração Asteca.
Não fugindo à moda de ler as letras gordinhas, mudamos de página e deparamo-nos com um mundo maravilhoso, (tipo “Avatar”) com casa belas e homens com asas de água. Este mundo maravilhoso, segundo as letras gordas, é chamado de “O Império de Lis” que se situa, segundo André Louro de Almeida, junto às águas de Dornes, local onde, segundo André, notou que “existia uma certa doçura no ar, combinada com inteligência, como se a paisagem soubesse que estávamos ali… algo que era pura energia de união”.
Continuando assim a desfolhar a revista, encontramos agora uma secção dedicada ao “Ano de todos os perigos”. Nesta podemos ver as várias (e desculpem que o diga de uma maneira tão forte) falsas profecias sobre o ano 2012: desde a “Profecia Maia” até às “Tempestades Solares” (que a mim me parece a “tese” com mais credibilidade) passando por profecias de Índios, Zodíacos, profecias de Nostradamos, Hindus. Mas o cúmulo é, sem margem para dúvida, o “Código da Bíblia”. Bem, quem tenta tirar algum código/profecia da Bíblia é porque anda a ler Dan Brown a mais.
Na última página da entrevista conhece-mos Isaura França que diz que (e aí encontro mais um cúmulo dos cúmulos) “o segredo de Fátima aponta para uma noite de três dias” e que “o planeta vai inverter a rotação, mais ao menos como um iô-iô, que para e depois vem para cima”. Bem, toda a gente sabe que se o mundo parar de um momento para o outro era-mos todos projectados e ninguém sobreviveria. Agora não sei se Isaura o sabe… Ou será que os três dias que, segundo ela, o segredo de Fátima aponta serão os dias que passaremos mortos e depois ressuscitaremos para a vida eterna junto do Pai, do Filho e do Espírito? Bem, isso não sei, mas que a Isaura está enganada…
Ainda nesta última página é relatado alguns grupos que anunciaram o fim do mundo e que levaram os seus seguidores a acreditar que só se salvariam pela morte: Luc Joret matou cerca de 74 membros da sua seita (1994); em 1997, 39 seguidores de Heaven’s Gate suicidaram-se, colectivamente; Shoko Asahara justificou o ataque que os seguidores da sua seita fizeram, em 1995, no metro de Tóquio matando 12 pessoas e intoxicando 5 mil;…
Bem, de resto o que a notícia em si fala é em tentar desmistificar um pouco mais as seitas que para aí andam a surgir sem qualquer fundamento.
Por isso, o meu conselho é que se afastem desta gente antes que se apoderem de todos os vossos bens, antes que algo de mal vos aconteça…
Contudo, cada um é livre de acreditar no que quer, mas para mim só Deus é salvação e não acredito no fim do mundo no ano de 2012! Ah, e se pensam que Portugal será um pioneiro, desenganem-se!



Ismael Sousa

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Boas acções...

Boas acções o que são?
Que parâmetros é que dizem/regem as boas acções?
Quantos de nós fazemos boas acções? Será que as fazemos para parecer bem? Para os outros verem que eu sou solidário, que me consigo comover perante um pedinte?
Serão boas acções dar na frente de todos e nas costas "cuspir-lhe" em cima? Serão boas acções aquelas que são visíveis perante todos  e as que fazemos no silêncio não são consideradas boas acções?
Uma boa acção é dar uma esmola em vez de um prato de comida? As boas acções são-o porque os outros dizem ou porque nos achamos que o são?
Será que aqueles que se dizem solidários o são?
Será que aquele que na solidão sofre e não consegue passar indiferente a um pedinte é solidário?
Afinal porque parâmetros é que se rege o mundo solidário? o das boas acções? O mundo no qual vivemos? a sociedade?
Somos capazes de dizer não a um pedinte, mas incapazes de sentir um não!
Como serei eu? Como serás tu? Como será a sociedade?
Onde está o amor ao próximo?
Como é esse amor ao próximo?
Quererei eu sentir esse amor pelo próximo? Ser capaz de lhe dar a mão quando precisa?

Ismael Sousa



P.S. - peço desculpa pela linguagem, se a considerarem forte demais, mas a minha intenção é, sem dúvida alguma, perturbar os vossos corações, incutir insatisfação em alguns pontos.

Salvos na Esperança (Spe Salvi)

Acabei de ler há pouco tempo a segunda Encíclica do Papa Bento XVI.
Ainda que toda a encíclica seja maravilhosa, gostaria de postar a parte que mais me tocou na sua encíclica!
É maravilhoso como sua Santidade, o Papa Bento XVI, demonstra o amor de Maria.

50. Por isso, a Ela nos dirigimos: Santa Maria, Vós pertencíeis àquelas almas humildes e grandes de Israel que, como Simeão, esperavam « a consolação de Israel » (Lc 2,25) e, como Ana, aguardavam a « libertação de Jerusalém » (Lc 2,38). Vós vivíeis em íntimo contacto com as Sagradas Escrituras de Israel, que falavam da esperança, da promessa feita a Abraão e à sua descendência (cf. Lc 1,55). Assim, compreendemos o santo temor que Vos invadiu, quando o anjo do Senhor entrou nos vossos aposentos e Vos disse que daríeis à luz Àquele que era a esperança de Israel e o esperado do mundo. Por meio de Vós, através do vosso « sim », a esperança dos milénios havia de se tornar realidade, entrar neste mundo e na sua história. Vós Vos inclinastes diante da grandeza desta missão e dissestes « sim ». « Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra » (Lc 1,38). Quando, cheia de santa alegria, atravessastes apressadamente os montes da Judeia para encontrar a vossa parente Isabel, tornastes-Vos a imagem da futura Igreja, que no seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história. Mas, a par da alegria que difundistes pelos séculos, com as palavras e com o cântico do vosso Magnificat, conhecíeis também as obscuras afirmações dos profetas sobre o sofrimento do servo de Deus neste mundo. Sobre o nascimento no presépio de Belém brilhou o esplendor dos anjos que traziam a boa nova aos pastores, mas, ao mesmo tempo, a pobreza de Deus neste mundo era demasiado palpável. O velho Simeão falou-Vos da espada que atravessaria o vosso coração (cf. Lc 2,35), do sinal de contradição que vosso Filho haveria de ser neste mundo. Depois, quando iniciou a actividade pública de Jesus, tivestes de Vos pôr de lado, para que pudesse crescer a nova família, para cuja constituição Ele viera e que deveria desenvolver-se com a contribuição daqueles que tivessem ouvido e observado a sua palavra (cf. Lc 11,27s). Apesar de toda a grandeza e alegria do primeiro início da actividade de Jesus, Vós, já na Sinagoga de Nazaré, tivestes de experimentar a verdade da palavra sobre o « sinal de contradição » (cf. Lc 4,28s). Assim, vistes o crescente poder da hostilidade e da rejeição que se ia progressivamente afirmando à volta de Jesus até à hora da cruz, quando tivestes de ver o Salvador do mundo, o herdeiro de David, o Filho de Deus morrer como um falido, exposto ao escárnio, entre os malfeitores. Acolhestes então a palavra: « Mulher, eis aí o teu filho » (Jo 19,26). Da cruz, recebestes uma nova missão. A partir da cruz ficastes mãe de uma maneira nova: mãe de todos aqueles que querem acreditar no vosso Filho Jesus e segui-Lo. A espada da dor trespassou o vosso coração. Tinha morrido a esperança? Ficou o mundo definitivamente sem luz, a vida sem objectivo? Naquela hora, provavelmente, no vosso íntimo tereis ouvido novamente a palavra com que o anjo tinha respondido ao vosso temor no instante da anunciação: « Não temas, Maria! » (Lc 1,30). Quantas vezes o Senhor, o vosso Filho, dissera a mesma coisa aos seus discípulos: Não temais! Na noite do Gólgota, Vós ouvistes outra vez esta palavra. Aos seus discípulos, antes da hora da traição, Ele tinha dito: « Tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16,33). « Não se turve o vosso coração, nem se atemorize » (Jo 14,27). « Não temas, Maria! » Na hora de Nazaré, o anjo também Vos tinha dito: « O seu reinado não terá fim » (Lc 1,33). Teria talvez terminado antes de começar? Não; junto da cruz, na base da palavra mesma de Jesus, Vós tornastes-Vos mãe dos crentes. Nesta fé que, inclusive na escuridão do Sábado Santo, era certeza da esperança, caminhastes para a manhã de Páscoa. A alegria da ressurreição tocou o vosso coração e uniu-Vos de um novo modo aos discípulos, destinados a tornar-se família de Jesus mediante a fé. Assim Vós estivestes no meio da comunidade dos crentes, que, nos dias após a Ascensão, rezavam unanimemente pedindo o dom do Espírito Santo (cf. Act1,14) e o receberam no dia de Pentecostes. O « reino » de Jesus era diferente daquele que os homens tinham podido imaginar. Este « reino » iniciava naquela hora e nunca mais teria fim. Assim, Vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!

Penso que seja um optimo ponto para repensarmos o nosso amor por Maria!

Ismael Sousa 

domingo, 21 de novembro de 2010

Em ti há sete torres...

Olho pela janela e tudo o que vejo é a cidade. Tudo o que está para além da quarta torre parece não existir.
O tempo está chuvoso, transmitindo alguma tristeza.
Estou no meu quarto, deitado sobre a cama e a pensar no que se passa lá fora.
Decido então ir passear até lá fora.
Passo pela primeira torre. As ruas estão desertas e não se encontra ninguém corajoso o suficiente para sair.
Ao passar a terceira e quarta torre vejo uma mulher que pede. Penso que seja romena, ou algo assim... Pede uma pequena esmola, à porta da igreja, esperando algum auxilio. Ainda que ninguém lhe dê nem os pretos que tem no bolso, ela agradece. Eu fui mais um dos que, passando por ela, a desprezou, a achincalhou, a enganou.
Sigo o meu pequeno passeio pela rua da "Formosura". Enquanto caminho vou cantarolando alguns refrões... Assobio essa melodia bem alto. Subo até à quarta e quinta torre onde, apesar da chuva que cai, admiro o horizonte, lembrando o que ali já aconteceu. Ao longe, mesmo sem a ver, sei que está a minha terra natal! Aquele que eu muitas vezes recordo. Aquela onde cresci!
Viro-me e no sentido oposto sei que está aquela velha Vila que tanta saudade me faz ter. Nela me formei como Homem, cresci, aprofundei a minha vida.
Olho agora as últimas torres da cidade: sexta e sétima.
Entre aquelas torres, ainda que não o pareça, já muita história se fez. Nela falaram Santos, Reis assistiram a missas, catecumunos foram baptizados, entre outras coisas tantas...
Volto para a primeira torre...
No caminho retomo aos meus pensamentos.
Penso em como será possível? Viver numa comunidade e andar sozinho... É incrível...
Contudo, nem tudo é mau... Penso que por vezes a solidão é bem melhor que a presença. Viver vinte e quatro horas sobre vinte e quatro sempre com as mesmas pessoas pode ser cansativo, pode levar a que deixemos de conviver, passando simplesmente a viver. Pode levar a que eu não me importe com o outro, que o deixe de parte levando, assim, ao favoritismo.
Mas, e como há sempre um mas, eu não quero viver assim. Eu vivo com todos de forma igual!
Simplesmente não sou capaz de ir onde não sou convidado, a estar e ser gozado, a amar e ser odiado.
Muita coisa pode mudar em mim, mas isto é algo que não muda! Não deixarei de viver a minha vida. Só não estou para ser motivo de riso, ser substituto, ser o último!
Um sorriso se esboça na minha cara, levando-me a rir... A rir alto no meio da rua!
Recordo o fado da ilustríssima "Rainha" do Fado em que diz: "Sabe-se lá amanhã o que virá, um breve disfarce, uma vida honrada e boa, ninguém sabe quando nasce, para o que nasce a pessoa"
À memória vem-me aquela ilustre foto de quatro amigos... Penso... e concluo... Ainda que cada um ande por seu lado, a amizade é a mesma.




Ismael Sousa

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Em bicos de pé...

No silêncio  da noite alguém vem ao meu encontro.
Não reconheço aquela figura que ao meu encontro vem.
Estou sentado num banco de jardim. Esfrego os olhos para tentar reconhecer quem se aproxima.
O nevoeiro da noite não me deixa reconhecer.
Senta-se a meu lado. Quando vira a cara para me falar, trazendo à luz a sua face, sou capaz de a reconhecer.
Parecia que me estava a ver ao espelho. Só não vestia a mesma roupa!
Uma vez mais a minha consciência veio ter comigo pela calada da noite.
Pediu-me que a acompanhasse.
Seguimos os dois por caminhos desconhecidos por mim. A minha consciência parecia conhecer muito bem aquele caminho sabendo quando virar, quando voltar atrás...
Levou-me pelos caminhos da vida...
Enquanto caminhávamos, ela foi falando: falando de mim...
E eu era incapaz de pronunciar uma única palavra. Quando abria a boca não emitia som.
Falava das minhas acções: repreendia-me e aprovava-me!
Enquanto me falava algo despertou a minha atenção: o seu falar era frio; o seu falar era cheio de amor: frio com amor.
Falava dos meus defeitos, pedindo-me que me emendasse.
De uma forma muito suave disse-me que não podia passar a vida em bicos de pé.
Não compreendi e pela primeira vez interpelei-a. 
Pedi-lhe que me explicasse, que o trocasse por miúdos...
De repente subiu para uma pedra e disse: "Quantas vezes queres estar a cima dos outros? Quantas vezes lutas para te exibires? Quantas vezes o consegues? Em algum momento irás cair. De que te valeu? Nada!"
O meu coração deu uma volta de 180º graus...
Dei uma volta ao pensamento...
Encontrei-me de novo no jardim. Agora sozinho. Só eu e a noite!
Fui para casa. 
Cheguei, abri a bíblia e encontrei o salmo 88!
Li-o e deixei-me a pensar...


Senhor Deus, meu Salvador, *
dia e noite clamo na vossa presença.
Chegue até Vós a minha oração, *
inclinai o ouvido ao meu clamor.
A minha alma está saturada de sofrimento, *
a minha vida chegou às portas da morte.
Sou contado entre os que descem à sepultura, *
sou um homem já sem foças.
Estou abandonado entre os mortos, *
como os caídos que jazem no sepulcro,
de quem já não Vos lembrais *
e que foram sacudidos da vossa mão.
Lançastes-me na cova mais profunda, *
nas trevas do abismo.
Pesa sobre mim a vossa ira, *
todas as vossas ondas caíram sobre mim.
Afastastes de mim os meus conhecidos, *
fizestes-me para eles objecto de horror.
Estou preso e não posso libertar-me, *
meus olhos se apagaram de tanto sofrer.
Clamo a Vós, Senhor, todo o dia, *
estendo para Vós as minhas mãos.
Fareis Vós maravilhas pelos mortos? *
Irão levantar-se os defuntos para Vos louvar?
Haverá no sepulcro quem fale da vossa bondade, *
ou da vossa fidelidade no reino dos mortos?
Serão conhecidas nas trevas as vossas maravilhas, *
na terra do esquecimento a vossa justiça?
14
Eu, porém, clamo por Vós, Senhor, *
de manhã, a minha oração sobe à vossa presença.
Porque então me afastais de Vós, Senhor, *
porque escondeis de mim o vosso rosto?
Infeliz de mim que agonizo desde a infância, *
já não posso mais suportar os vossos castigos.
Sobre mim passou a vossa ira *
e os vossos terrores me aniquilaram;
Como vagas me cercaram o dia inteiro *
e todos juntos caíram sobre mim.
Afastastes meus amigos e companheiros, *
só as trevas me fazem companhia.







Ismael Sousa

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Aquela lareira...

Enquanto escrevo algumas palavras, acendo o meu cachimbo. O fumo sobe deixando para trás aquilo que já foi.
Uma vez mais o meu pensamento dispersa-se deixando-me sozinho. Gostaria de, juntamente com ele, viajar e deixar tudo para trás.
Viaja o meu pensamento pelo passado trazendo-me aos olhos lembranças de uma vida.
Recordo a infância, a juventude, a adolescência...
Os Verões passados, as lareiras e salamandras em que me aqueci no Inverno.
Recordo-me sobretudo da lareira da minha velha casa...
Uma simples lareira, de tijolo burro, com fotos, pequenos embelezamentos e dois bancos, um de cada lado.
Nesses bancos sentavam-se os meus pais. Entre eles, sentados no chão e de pernas cruzadas, estava eu e o meu irmão mais velho.
Ali, em frente àquela lareira aprendemos muita coisa.
Aprendemos as catequeses que nos formaram como cristãos; as palavras que não sabíamos pronunciar correctamente e as que viríamos a aprender.
Em frente àquela lareira o meu pai desenhava-nos um índio, fumando o seu cachimbo e largando dele bolas de fumo.
Ah, que perfeição... Para mim não havia melhor desenho que aquele. Às vezes pegava em duas ou três pequenas folhas e desenhava o índio nelas. Na primeira folha desenhava-o sem bolas de fumo. Na segunda já com algumas, e na terceira completava o desenho. Depois, num passe de magia, fazia as bolas de fumo "subirem". Que alegria se esboçava no nosso rosto.
Ali, em frente àquela lareira, desembrulhamos presentes, ouvimos canções e aprendemos a cantá-las.
Ali ouvimos histórias, fábulas, contos, e outras coisas tantas.
Em frente àquela lareira fomos educados, crescendo com valores e com um sentido para a vida!
Naquela lareira pendurávamos a "botinha" pelo Natal, esperando alguma coisa. Colocávamos as cartas ao "Pai-Natal", os Ovos da Páscoa, as fotos de família, os postais que recebíamos no Natal!
Dos meus olhos saem lágrimas de nostalgia. Nostalgia daquele tempo, daquelas lições, daquelas memórias que em mim ficaram.
Já lá vai o tempo em que a família se reunia diante da lareira para estarem algum tempo juntas; para rezarem; ensinarem; serem uma família.
Muitas vezes penetrava com os olhos no fogo daquela lareira esquecendo-me de tudo o que se passava à minha volta.
Poderia chover cá fora, chover "Que Deus a dava" que para mim era-me indiferente, estando eu diante daquela lareira que tantas vezes foi local de refúgio.
Nunca me esquece as alegrias que ali vivi. Os sorrisos que dali saíam, das grandes lições que lá aprendi.
Recordo alguns poemas, que mais tarde na presença dos "cinco", ali se recitavam. Recordo o gosto que os meus pais me incutiam, tanto pela música, pela escrita, leitura e pela arte.
Recordo ainda as vezes que ao colo de minha mãe ou de meu pai nós adormecíamos...



Ismael Sousa

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sabe Deus...

Sabe Deus que eu quis, um dia ser feliz, viver um sonho!
Poderá o homem viver sem Deus? Poderá o homem ser feliz sem cinhecer a Deus?
Todas estas questões estão na minha cabeça, todas estas questões ocupam a minha alma. Como poderá o homem, que não conhece a Deus, acordar todas as manhãs e sentir-se alegre, encontrar sentido para a vida?
Quero crer que todo o homem, na sua vida, já encontrou a Deus, mas tem medo de assumir isso perante esta sociedade que descrimina, que põe de parte todo o homem que ama a Deus! Todo aquele que se diz crente, todo aquele que é verdadeiramente cristão, todo aquele que faz da sua vida um louvor perene a Deus, que vive com rectidão, que não odeia o irmão e que é capaz de dar "a outra face".
Estou sentado à lareira, onde o lume brilha, me aquece e me faz pensar!
Toca profundamente o meu coração e me faz derramar algumas lágrimas!
Sinto-me impotente perante esta sociedade que comercializa tudo, que enche o pensamento de todos! Não dá hipótese para se pensar em Deus, para O acolher no coração, para O escutar, falar com Ele, senti-l'O.
Lá fora a chuva cai, o vento sopra, as árvores dançam de um lado para o outro, as folhas voam ao ritmo do vento! Em tudo isto vejo a Deus: a chuva que rega os montes, os campos, enche os rios; o vento faz cair as folhas para a árvore se renovar, testa as suas raízes, faz cair os ramos podres para não apodrecer mais a árvore.
Como pode o homem não ver Deus, dizer que ele está distante do Mundo, distante da actualidade. Não pode ser mais que uma mentira: todos os dias nos dá santos; todos os dia nos dá mais um dia para viver; mais uma vez nos enche a vida de alegria; mais uma vez, mais uma vez... Diariamente... Não só ontem, não só hoje, não só amanha, mas sim toda a nossa passagem pela terra!
Este Deus que a sociedade oprime é um Deus de amor, um Deus de bondade, que ama a todos por igual sem fazer excepções!
A chama da minha lareira já se apagou restando só as brasas. O relógio da torre bate a meia noite, dando sinal a todos os que o conseguem ouvir a informação que está na hora de repousar.
Pouso o cachimbo que à muito se apagou e deixou de botar fumo.
Subo as escadas para repousar, tendo a certesa de que Deus me acompanhará nesta noite, que enviará os seus anjos para velarem a minha noite!
Contudo no meu pensamento ainda resta uma pergunta: que poderei eu fazer? Que actitude tenho eu que tomar para que todos conheçam o Amor?
Mostra-me a tua fé sem obras que eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras!




Ismael Sousa